Mais uma retrospectiva... Em ritmo meio preguiçoso, mas aí vai!
Do drama biográfico Kinsey - Vamos Falar de Sexo (Bill Condon, 2004) à ação sombria de Batman Begins (Christopher Nolan, 2005) foram 19 filmes vistos em junho, sendo estes dois e mais três vistos no cinema. O primeiro é um drama incrivelmente conservador em seu tema 'picante' (conservador no sentido cinematográfico), o segundo é uma promessa que não se sustenta e resulta num filme correto, mas morno. Na tela grande, as melhores escolhas do mês foram com certeza Sr. e Sra. Smith (Doug Liman, 2005) e A Casa de Cera (Jaume Collet-Serra, 2005). O primeiro é cinema pipoca muito divertido, o segundo é a primeira surpresa que a Dark Castle Entertainment de Robert Zemeckis e Joel Silver foi capaz de produzir. Só mesmo gente de cera e descontentes da vida podem ser capazes de enxergar 'uma porcaria completa' neste último, como tenho infelizmente lido por aí.
A maluquice intitulada O Guia do Mochileiro das Galáxias (Garth Jennings, 2005), apesar de irregular, tem ótimos momentos. Há um par de ratos no filme que rouba a cena de todo o elenco que contracena com eles. E ratos são legais. Há um bicho (um furão) que tenta também roubar a cena em Quero Ficar com Polly (John Hamburg, 2004), bobagem esquecível protagonizada por Ben Stiller e Jennifer Aniston. Mas nem muita graça o furão tem. Engraçados mesmo são O Monstro (Roberto Benigni, 1994), com Benigni destilando sua comédia de erros com momentos inspirados, e Máfia no Divã (Harold Ramis, 1999), em que Robert De Niro tira sarro dele mesmo, o que termina por render ótimas passagens, inclusive uma hilariante referência ao clássico O Poderoso Chefão.
Há filmes que possuem um pé na comédia e outro no drama. Um Homem de Família (Brett Ratner, 2000) é um deles. Bonitinho e com alguns bons momentos, mas nada muito mirabolante, ao retratar o ricaço Nicolas Cage repentinamente pobre e fora de seu mundo executivo. A temática de estranho em terra estranha aparece também no controverso Dogville (Lars von Trier, 2003). Este é mais um caso notório de 'ame ou odeie', mas acho que minha opinião consegue ficar num meio-termo. Há, com certeza, um inegável impacto dramático obtido com a cenografia inédita em cinema. Mas a película é muito longa, e por vezes enfadonha e enjoativa. A duração perfeita desse filme deveria ter sido os bons e velhos 90 minutos.
Como única maratona do mês aparece a coleção lançada pela Cinemagia de três filmes do início da carreira de Alfred Hitchcock. O melhor deles é O Pensionista (1927), o mais antigo e, definitivamente, o mais interessante. O Ringue (1927) é um drama na maior parte do tempo irritante, somente o final é que é digno de nota. E Chantagem e Confissão (1929), como primeiro trabalho falado do diretor, apresenta algumas técnicas que tornaram-se mais tarde marca registrada do gordo careca. Confesso aqui que estou começando meu aprendizado sobre Hitchcock praticamente do zero, pois em minha vida adulta eu ainda não assisti a nenhum de seus filmes (quando digo adulta, quero dizer consciente, e não que eu seja um adulto; pois a maioria dos adultos é chata e não gosta de muita coisa bacana como, por exemplo, Chaves). Nada melhor do que começar do início!
Revendo Corra Lola Corra (Tom Tykwer, 1998), percebi que o filme não é lá aquela obra-prima que eu achei que era na primeira vez em que assisti. Vem num bom formato, com desenvolvimento original e ousado, e só. Também tendo jovens como tema, mas em paragens completamente diferentes, o clássico Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955) não envelheceu nadinha, com exceção de alguns trechos que tentam passar uma idéia meio chocha de inocência dos personagens principais da história.
Finalmente vi um filme dos irmãos Coen que me agradou: Barton Fink - Delírios de Hollywood (Joel Coen, 1992). O filme é metade de marasmo meio esquizóide, e outra metade de um dos mais envolventes devaneios surreais já filmados. Não é possível encontrar nada de surreal no independente Olhos Famintos (Victor Salva, 2001), que começa bem mas vai perdendo o gás à medida que o monstro assassino ganha mais espaço em cena. Perfume de Mulher (Martin Brest, 1992) foi por muito tempo antecipado e por várias pessoas recomendado, e tudo o que tenho a dizer é que, dentro do gênero de contos sobre um mestre e um aprendiz, corresponde a um dos melhores filmes que já vi.
Isolado como melhor filme do mês aparece o denso 21 Gramas (Alejandro Iñárritu, 2003), um show de interpretações capitaneado por Benicio del Toro, que conta ainda com as presenças iluminadas de Naomi Watts e Sean Penn. Tenso, invasivo, entrecortado e, ainda assim, extremamente envolvente. Preciso assistir o outro filme famoso do Iñárritu (Amores Brutos) e, se o nível continuar o mesmo, que venham os outros que ele já tiver feito mundo afora.
E estas foram as películas que assisti em junho (19), mês em que este diário pessoal e cinematográfico completa 1 ano de vida. Estou com problemas para guardar todos os filmes da minha coleção, já que meu armário especial deu crepe e praticamente não há mais espaço suficiente no meu quarto. Além disso, acho que estou escrevendo demais... Estou fazendo várias coisas paralelas atualmente (inclusive reorganizando minha biblioteca) e, por isso, a quantidade de posts vai provavelmente apresentar uma sensível queda nas próximas semanas.
Aconteça o que acontecer, isso não significa que abandonei este recanto, de forma alguma.
Texto postado por Kollision em 6/Julho/2005