Arquivos de Posts

Sobre os Filmes que Assisti em Julho de 2005

A Fantástica Fábrica de Chocolate [2005] Mero Acaso Guerra dos Mundos [2005]

Antes que o leitor mais cinéfilo e fanático me coloque num poste, vou logo dizendo que Julho foi um mês inteiramente dedicado a filmes pipoca e obras de baixo orçamento, da mesma forma como será boa parte de Agosto. Nenhum clássico, nenhum filme produzido antes de 1978, sem muita coisa que chegue perto de uma nota máxima, com exceção do ótimo A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). Tim Burton acertou a mão em cheio ao refilmar uma obra pela qual sempre tive completa indiferença. Todos com quem eu converso dizem que assistiram ao original uma pá de vezes na Sessão da Tarde, e eu nem mesmo me lembro de ter visto uma propaganda sequer!

O fantástico filme de Burton foi um dos 20 aos quais tive o prazer (às vezes nem tanto assim) de assistir neste período. De Burton vi outros dois, em mais uma maratona temática que me fez não querer ver mais nada de Batman pelo menos por uns dois anos seguidos. Uma das vantagens da maratona foi confirmar a idéia de que o Batman de 1989, mesmo com todas suas limitações, é superior à nova versão de Christopher Nolan (Batman Begins). E o responsável por isso é ninguém menos que Jack Nicholson, em um dos melhores trabalhos de sua vida como o lunático Coringa. Batman - O Retorno (1992) também é razoável, ficando um pouquinho abaixo do primeiro. Daí foi só ladeira abaixo quando Joel Schumacher assumiu o comando da série em Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997). Triste, muito triste. Mas a maratona não acabou aí. Encarei também uma sessão de Batman - O Homem-Morcego (Leslie Martinson, 1966), uma abobrinha gigante que só não se torna tortura completa porque, dependendo do seu estado de ânimo, pode até ser possível ver alguma graça no monte de bobagens encenado por Adam West e Burt Ward.

Minhas sessões de adaptações de HQs não se limitaram ao cavaleiro das trevas. Finalmente pude conferir o trabalho de Thomas Jane na refilmagem (mais uma) de O Justiceiro (Jonathan Hensleigh, 2004), e foi com certo alívio que vi que foi mantida uma fidelidade mínima às violentas páginas da revista. E a ficção científica ganha reforço leve, descompromissado e divertido com o pontapé inicial da nova série do Quarteto Fantástico (Tim Story, 2005), que saiu de um budget reduzido para algo assistível e rentável.

Não sei se alguém notou mas, neste texto, até aqui só constaram refilmagens! Alguém já se perguntou o que anda acontecendo com as boas idéias hoje em Hollywood? Sim, porque tudo que mencionei até agora é cinema ianque, e é a ele que me refiro quando menciono a ausência de criatividade crônica que parece estar condenando todos os cinéfilos mainstream a uma enxurrada cada vez maior de produtos requentados para a nova era. E não acabei ainda! Eis mais um re-trabalho, capitaneado por ninguém menos que Steven Spielberg: Guerra dos Mundos (2005), que dá um salto qualitativo imensurável em relação ao fraco filme original e apresenta algumas das melhores cenas de destruição em massa vistas no cinema nos últimos anos. O estranho é que ficção científica e cinema catástrofe nunca me pareceu uma combinação muito boa, mas tenho que dar o braço a torcer neste caso.

Fiz mais duas maratonas além da do Batman, sendo a primeira delas estrelada por Sylvester Stallone. Rambo - Programado para Matar (Ted Kotcheff, 1982) é um dos bons filmes que costumam possuir má fama. Rambo II - A Missão (George Pan Cosmatos, 1985) é já um clássico do cinema de ação, ao contrário do inferior Rambo III (Peter MacDonald, 1988), que chega a ser até mesmo um pouco monótono. A outra maratona, esta bem trash, foi a da série das piranhas assassinas. O primeiro Piranha (Joe Dante, 1978) ainda tem um charme podrão que faz o filme valer alguma coisa. A continuação Piranha II - Assassinas Voadoras (1981) é ruim de dar medo, apesar de ter sido dirigida por ninguém menos que o mestre James Cameron.

Só assisti a um terror mais explícito/sobrenatural, a continuação Olhos Famintos 2 (Victor Salva, 2003), que não só é inferior ao primeiro filme como transforma o tal monstro devorador de gente numa criatura com tendências homossexuais. Mais aproveitável é a comédia de horror Inocente Mordida (John Landis, 1992), um conto urbano que cruza a máfia com uma sedutora vampira sedenta de sangue e sexo. E melhor ainda é o competente suspense Copycat - A Vida Imita a Morte (Jon Amiel, 1995), mais um ensaio sobre como funciona a mente deturpada dos serial killers.

Uma das maiores decepções foi a versão para o cinema do 'desenho das bolinhas', como um amigo meu costumava dizer. South Park - Maior, Melhor e Sem Cortes (Trey Parker, 1999) tem gags hilárias, mas passa do ponto do escracho saudável durante uma boa parte do tempo. Mais do mesmo também pude conferir (ao menos sem tanta coisa chula) em A Máfia Volta ao Divã (Harold Ramis, 2002), alongamento de uma boa idéia que, como era esperado, não conseguiu o mesmo desempenho do filme original.

Já perdi as contas de quantas vezes assisti à comédia romântica Mero Acaso (Nick Hamm, 1998), uma verdadeira pérola independente, barata e deliciosa, perdida em meio ao mar de lixo existente nesse sub-gênero em particular. Foi o segundo melhor filme do mês, atrás apenas de Willy Wonka e dos oompa-loompas de Tim Burton.

A média das notas de todos os filmes assistidos foi 6,25. Destes, as trilhas sonoras que eu compraria são as de Rambo II - A Missão e Batman (ou Batman - O Retorno). A trilha de Copycat eu já tenho, é simplesmente maravilhosa.

Texto postado por Kollision em 2/Agosto/2005