Cinema

Rambo - Programado para Matar

Rambo - Programado para Matar
Título original: First Blood
Ano: 1982
País: Estados Unidos
Duração: 90 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Ted Kotcheff
Trilha Sonora: Jerry Goldsmith (Psicose II, No Limite da Realidade, Sob Fogo Cerrado)
Elenco: Sylvester Stallone, Brian Dennehy, Richard Crenna, Bill McKinney, Jack Starrett, Michael Talbott, Chris Mulkey, John McLiam, Alf Humphreys, David Caruso, David L. Crowley, Don MacKay, Charles A. Tamburro, David Petersen, Craig Huston, Patrick Stack, Bruce Greenwood
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 8

Mesmo sem querer, Rambo - Programado para Matar foi um filme sério (sim, sério) que se tornou um dos responsáveis pelo nascimento do sub-gênero 'brucutus de armas em punho' no cinema de ação, do qual os principais expoentes são Sylvester Stallone, o astro deste, e o brutamontes Arnold Schwarzenegger. Uma grande ironia, que nasceu da liberdade tomada pelo diretor Ted Kotcheff: no livro no qual o filme se baseia (sim, Rambo não foi um personagem unidimensional criado exclusivamente para faturar milhões nas bilheterias), o herói morre no final. Sei que não serei penalizado por ninguém por revelar isso aqui, como atestam as continuações de sucesso deste filme produzido em 1982.

John Rambo (Stallone) é um veterano da guerra do Vietnã que vai à região montanhosa e fria do oeste dos Estados Unidos à procura do último de seus colegas de batalhão, só para descobrir que o cara falecera no ano anterior. Visivelmente abalado, ele é tomado por andarilho e vagabundo por um xerife caipira (Brian Dennehy), que torna sua vida simplesmente um inferno. O xerife, porém, não faz a mínima idéia do vespeiro com o qual está mexendo, já que a violência e o abuso de autoridade de sua delegacia provinciana acabam por trazer de volta as piores memórias dos tempos de guerra do soldado. Quando a perseguição por Rambo tem início e as coisas saem do controle, seu antigo comandante Samuel Trautman (Richard Crenna) é chamado para tentar acalmar os ânimos e salvar os pobres policiais do ex-combatente fora de controle.

O que faz deste primeiro Rambo um bom filme é a mistura bem acabada de ação, explosões e conteúdo dramático. Com aquela sensação bacana de bola de neve e um ótimo desenvolvimento de personagens, a história retrata a colisão entre dois mundos criados um a partir do outro, com um personagem que sintetiza a revolta de toda uma nação contra uma das guerras mais absurdas do século XX. Pode soar clichê hoje, mas algum dia após o fim do conflito isso precisaria ser mostrado. O famoso olhar de peixe morto de Sylvester Stallone caiu como uma luva à personalidade contemplativa de Rambo, um homem perigoso, mas absolutamente perplexo, perdido e assustado com o que a América se tornou após seu retorno para casa. Gente ignorada pela sociedade, vista com descaso por seus pares e sem qualquer perspectiva na vida não é exclusividade dos EUA, e com toda a certeza há muitos John Rambos em cada canto do mundo.

Para se ter uma idéia da seriedade do projeto que se tornou o primeiro Rambo, basta saber que gente como Mike Nichols, Kirk Douglas e Dustin Hoffman estiveram em algum ponto do processo associados à produção do longa. A impressionante trilha sonora de ação e suspense de Jerry Goldsmith é um marco em sua carreira. Tudo isso ajuda a ter uma idéia do quanto esta é uma das obras mais injustamente subestimadas da década de 80, que também carrega a infeliz e irreal imagem de ser muito violenta. É claro que há violência, mas a violência que mais fere neste caso com certeza não é a física.

A saga de John Rambo continua em Rambo II - A Missão.

A ausência total de extras no DVD simples lançado pela Universal é uma verdadeira lástima.

Texto postado por Kollision em 5/Julho/2005