Cinema

Psicose II

Psicose II
Título original: Psycho II
Ano: 1983
País: Estados Unidos
Duração: 108 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Richard Franklin
Trilha Sonora: Jerry Goldsmith (Sob Fogo Cerrado, Rapaz Solitário, Gremlins)
Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, Meg Tilly, Robert Loggia, Dennis Franz, Hugh Gillin, Claudia Bryar, Robert Alan Browne, Ben Hartigan, Lee Garlington, Tim Maier, Jill Carroll, Chris Hendrie
Distribuidora do DVD: Universal Pictures
Avaliação: 7

Na medida do possível, Psicose II consegue ser uma continuação decente para um grande clássico. Acredito que muito disso se deva ao tempo existente entre as duas produções, que ultrapassa duas décadas, o que com certeza enfiou na cabeça dos produtores um mínimo de respeito com que as idéias transmitidas por Alfred Hitchcock em Psicose deveriam ser revisitadas. O resultado não chega a ser perfeito, mas passa bem longe de qualquer nuance de ridicularização ou banalização.

Após quase 23 anos encarcerado, o psicótico Norman Bates (Anthony Perkins) é considerado reabilitado tanto pelo juiz quanto por seu psiquiatra (Robert Loggia). Apesar dos veementes protestos de Lila Loomis (Vera Miles), uma das únicas sobreviventes do longínquo rompante assassino de Norman, ele é libertado e retorna ao seu motel de beira de estrada. Trabalhando numa lanchonete local como parte de seu programa de reabilitação, Norman faz amizade com uma garçonete (Meg Tilly), convencendo-a a morar num dos quartos da casa onde sua mãe fôra assassinada. Seus impulsos homicidas começam a aflorar com as provocações do novo gerente de seu hotel (Dennis Franz), além de estranhas ligações telefônicas e vários bilhetes macabros supostamente escritos por sua falecida mãe.

A melhor coisa deste filme é a constatação de que Anthony Perkins parece ter envelhecido exatamente como Norman Bates envelheceria. O ator não mudou nada, com exceção das rugas e da pele esticada, mas o olhar trêmulo e psicótico que assustara platéias mais inocentes há mais de duas décadas foi até mesmo melhorado. Gosto da forma como a história evita deixar claro se ele está de fato recuperado ou não, principalmente nas primeiras cenas envolvendo o Bates Motel. Os dois grandes pontos de revelação do filme chocam mais pela surpresa do que pelo suspense em si, num roteiro algo mirabolante escrito por Tom Holland, o futuro diretor do hoje cultuado A Hora do Espanto (1985).

O instrumento preferido pela "mãe" da vez (a dúvida se é mesmo Norman quem mata não é esclarecida até muito perto do final) volta a ser uma faca bem afiada. Seguindo uma tendência que começava a se esboçar na década de 80, principalmente após o sucesso de filmes como Sexta-feira 13 (Sean Cunningham, 1980), o diretor Richard Franklin inseriu em sua trama uma dose bem maior de violência explícita nas mortes. Pelo menos o negócio é bem-feito, numa época em que tais cenas ainda não eram usadas como alívio cômico em pastiches adolescentes de verão. Talvez a personagem mais denegrida de um filme para outro seja a Lila Loomis de Vera Miles, uma mulher obcecada por um ódio cego cujo estilo de interpretação soa um pouco datado. Nada a ver com a sua evolução meio forçada para uma megera insuportável.

No final das contas, todo o conflito do filme se resume à questão crucial a respeito da índole de Norman Bates. Irá ele resistir a seus impulsos interiores e corresponder à fé depositada nele pela inocente garçonete feita por Meg Tilly? Ou Norman irá abraçar sua natureza primal e voltar a ser um assassino de sorriso nervoso, sempre à espera de mais uma vítima incauta em busca de um quarto para passar a noite?

Infelizmente, a edição em DVD de Psicose II é seca. Não vem nem mesmo com o trailer do filme...

Texto postado por Kollision em 30/Janeiro/2006