Era apenas uma questão de tempo para que Sylvester Stallone voltasse para o seu segundo papel de maior fama na indústria cinematográfica (atrás apenas do boxeador Rocky Balboa). Eis que o homem recebe a companhia de ninguém menos que James Cameron na elaboração do roteiro, que é creditado à dupla somente. O resultado foi um dos filmes que marcaram o cinema de ação para sempre, com um direcionamento radicalmente diferente do primeiro exemplar da série.
Condenado a trabalhos forçados pelos atos cometidos no filme anterior, o veterano e herói de guerra John Rambo (Stallone) recebe uma segunda chance da sua amada América, através da visita e da proposta de seu único amigo, o coronel Trautman (Richard Crenna): levar a cabo uma missão de reconhecimento no Camboja, que consiste em simplesmente tirar fotos de quaisquer campos de prisioneiros escondidos na selva. Lá, as coisas acabam não saindo como planejado, e nem ele se contenta em simplesmente tirar fotografias. Deixado para trás pela própria equipe de resgate, Rambo conta apenas com a ajuda de uma bela agente vietnamita (Julia Nickson) para se safar, libertar os prisioneiros americanos e conseguir retornar à sua base.
Sai o clima gelado das florestas do primeiro filme e entra o calor escaldante dos trópicos asiáticos. E a mudança não fica só na fotografia, mas em praticamente tudo o que foi mostrado no original, com exceção de dois dos personagens da história. Os vilões não são mais a polícia e a instituição americana, que 'absorveram' o rebelde Rambo da forma mais civilizada que uma sociedade pode tratar alguém como ele. Os vilões agora são os amarelos e, coisa nem tão surpreendente assim para a época, os russos. Diz o roteirista Cameron que sua parte na concepção do roteiro consiste somente nas cenas de ação, e que as nuances políticas do filme ficaram a cargo de Stallone. Para o bem ou para o mal, o resultado é um rolo compressor de uma hora e meia de 'Rambo × bandidos malvados', ou seja, uma explosiva, bem filmada e unidimensional guerra de um homem só contra asiáticos desorientados e russos dominadores.
Verdade seja dita. Como filme de ação, Rambo II é um exemplar quase imbatível. O roteiro chafurda em clichês (as torturas dos bandidos no cativeiro, a figura paterna do coronel Trautman, a mocinha pela qual o herói se apaixona e catalisa definitivamente sua fúria contra os vilões), e não hesita em reviver a rivalidade entre Rambo e o xerife autoritário do primeiro filme, desta vez na figura do oficial feito por Charles Napier, que até mesmo se parece fisicamente com Brian Dennehy. O filme foi o auge da carreira de Sylvester Stallone, que encontrara então sua verdadeira vocação dentro da sétima arte. Os fãs da ação desenfreada (pode ser um pouco descerebrada às vezes, não tem problema) agradecem.
O próximo capítulo na saga de Rambo ocorre em Rambo III, de 1988.
Assim como no primeiro filme, o DVD de Rambo II também é completamente desprovido de extras.
Texto postado por Kollision em 5/Julho/2005