Uma mistura inusitada de filme de máfia, comédia e horror carregada de muito humor negro, Inocente Mordida só podia ser cria de John Landis, um dos diretores mais versáteis de sua geração e grande admirador do antigo cinema de horror. A filmografia do cara é quase irretocável tanto em comédias quanto em filmes sobre o sobrenatural, sendo esta a sua obra que mais tenta mesclar elementos de ambos os gêneros. De forma irregular, é verdade, mas sempre com referências super bacanas a clássicos antigos e pontuada por participações especialíssimas.
A história começa quando Marie (Anne Parillaud), uma vampira francesa perdida em plena Pittsburgh, se vê subitamente sem suas duas necessidades mais importantes: sangue e sexo. À procura da primeira delas, ela acaba se intrometendo na rotina de um bando de mafiosos liderados por Sal Macelli (Robert Loggia). Em meio ao grande problema que surge quando a moça se defronta com o chefão está o policial infiltrado Joe Gennaro (Anthony LaPaglia), que se torna também o principal interesse da vampira em sua mencionada segunda necessidade.
O filme poderia ser muito mais do que é, essa é a verdade. A fotografia noturna é soberba, e tanto a ambientação quanto o elenco escolhido para o lado mafioso do longa são desenvolvidos com maestria. O maior equívoco é o protagonista Anthony LaPaglia, uma figura completamente inexpressiva e perdida em cena. Anne Parillaud é uma graça, o que com certeza ocorre devido ao contraste entre sua doçura angelical e a ferocidade sangrenta de seu 'modus operandi'. A história começa e permanece meio morta até quase a metade, só engrenando de vez e apresentando risadas genuínas quando Robert Loggia agrega uma faceta rara de comediante à sua truculenta interpretação de chefe mafioso. Uma das seqüências mais hilárias é aquela em que ele contracena com o diretor Sam Raimi.
Detalhe interessante que posso entregar sem medo, e que o espectador atento com certeza notará ao longo do filme: a palavra "vampire" não é mencionada uma única vez por personagem algum! Grande sacada da história, que insere a idéia do vampiro apenas através das ações de Marie e suas vítimas e das inúmeras referências a clássicos como Drácula e O Vampiro da Noite, dois dos mais importantes filmes sobre chupadores de sangue já realizados. Nem mesmo Alfred Hitchcock escapa do caldeirão de referências e homenagens, que incluem participações especiais de vários diretores e gente famosa associada ao gênero do macabro. Além do já mencionado Raimi, Frank Oz, Tom Savini e Dario Argento, entre outros, aparecem para dar uma palhinha e completar a festa de Landis.
Infelizmente, a edição simples do DVD lançado pela Warner não contém um extra sequer.
Texto postado por Kollision em 12/Julho/2005