A moral de Joel Schumacher junto à Warner devia estar bem alta lá pelos idos de 1996. Porque só isso pode justificar o rumo que a série do homem-morcego tomou com este filme, que afundou a franquia e estigmatizou para sempre a carreira do cineasta. É óbvio que o bom desempenho de Batman Eternamente nas bilheterias ajudou, mas parece que faltou alguém com um pouco de visão e bom senso ao seu lado (Tim Burton tão teve ligação alguma com o projeto, tendo sido o produtor da seqüência anterior). As rusgas constantes com Val Kilmer durante as filmagens de Batman Eternamente forçaram Schumacher a trocar novamente seu protagonista, o que por si só já era um risco a mais a ser tomado.
Nesta nova aventura, Batman (George Clooney) e Robin (Chris O'Donnell) se vêm diante da mais nova ameaça criminosa de Gotham City, o cientista obcecado Dr. Freeze (Arnold Schwarzenegger, com certeza se divertindo muito com a brincadeira). Vítima de um acidente fatal que o deixou para sempre dependente de baixas temperaturas, Freeze carrega uma arma congelante e empreende uma campanha de roubo de grandes diamantes para se sustentar, ao mesmo tempo em que tenta salvar a vida de sua esposa moribunda. É de dentro das empresas de Bruce Wayne que surge também a vilã Hera Venenosa (Uma Thurman), uma maluca dotada de veneno nos lábios que anseia pelo domínio mundial das plantas e vê em Mr. Freeze a chance perfeita para iniciar seu plano. Para piorar a vida da dupla dinâmica, o mordomo Alfred (Michael Gough) é acometido de uma rara doença. Mas a visita de sua sobrinha Barbara (Alicia Silverstone) pode sinalizar algo a mais na vida secreta que os habitantes da mansão de Bruce Wayne levam.
Ah, se a Warner soubesse... Batman & Robin deve ser com certeza um dos exemplos mais usados por executivos quando estes são confrontados com a ladainha criativo-autoral sobre dar liberdade ao diretor, deixá-lo filmar sua visão sem interferências do estúdio, e blá-blá-blá... A aposta, no caso deste filme, acabou se mostrando equivocada e custou muito caro, tanto é que toda a cronologia iniciada por Tim Burton em 1989 foi esquecida e a saga do cavaleiro das trevas foi reiniciada do zero no recente Batman Begins. Como é que tudo pôde dar tão errado afinal?
Não há como negar, há muito pouca coisa aqui à qual não se poderia atribuir a alcunha de 'equívoco'. Da escolha do elenco (George Clooney é muito risonho para ser Batman) à fotografia colorida demais (uma extensão exagerada do que já havia sido concebido na terceira parte), passando por seqüências de ação tão absurdas que nada devem à série camp dos anos 60, Batman & Robin simplesmente joga a seriedade no lixo enquanto coloca mamilos nos uniformes dos heróis e insere um vilão adicional na história de forma completamente imbecil. Não bastasse a presença de Mr. Freeze e Hera Venenosa, o fortão Bane (Jeep Swenson) aparece para ser feito de capacho dos dois, sendo retratado como um brutamontes retardado. Péssimo destino para aquele que, na HQ, foi responsável por deixar o homem-morcego paralítico durante algum tempo! A inclusão da modelo Elle McPherson no elenco é inexplicável, já que de mulheres belas o filme já se encontrava bem servido. Alicia Silverstone, coitada, paga mico como Batgirl e chega para afundar no barco junto com o resto do elenco.
Com alguma boa vontade, até que dá para encarar o filme. Basta ter em mente que, consciente ou inconscientemente, Joel Schumacher quis restaurar a franquia ao nível do seriado do Batman dos anos 60. Boa parte da graça do filme está em ver Arnold Schwarzenegger que, por incrível que pareça, justifica seu nome em primeiro lugar nos créditos de abertura, com tiradas que de tão infames chegam até a ser engraçadas uma vez ou outra.
Não há nada além das manjadas biografias do elenco e dos realizadores e algumas notas de produção na seção de extras do DVD.
Texto postado por Kollision em 25/Julho/2005