Revisto em DVD em 8-JUN-2007, Sexta-feira
De todas as adaptações de HQs surgidas nos últimos anos, esta é com certeza uma das mais simpáticas em sua despretensão. O nível de diversão proporcionado pelo roteiro – que acerta grandemente ao retratar as personalidades dos heróis, vide a rixa entre o Coisa e o Tocha Humana – praticamente abona as pequenas falhas em alguns efeitos especiais e diálogos bregas. Foi somente nessa revisão, no entanto, que me dei conta de que, fora os cinco atores principais, quase ninguém mais tem papel relevante na história. A exceção é Kerry Washington como Alicia Masters.
O DVD duplo conta com uma faixa de comentários em áudio conjunta de Ioan Gruffud, Michael Chiklis e Jessica Alba. No primeiro disco há também 24 minutos de cenas de bastidores da campanha de divulgação do filme, os videoclipes de Everything Burns (Ben Moody e Anastacia) e Come On, Come In (Velvet Revolver), a propaganda de TV da trilha sonora e uma palhinha do produtor Avi Arad divulgando X-Men - O Confronto Final. O DVD extra tem um extenso making-of de mais de uma hora e meia, um especial de 6 minutos sobre a estrutura do edifício Baxter, 9 cenas de comparações com storyboards computadorizados, 4 cenas excluídas, material de divulgação do making-of, preparação da cena da ponte do Brooklyn, escalação do elenco, teaser, trailer e 3 propagandas de TV.
Texto postado por Kollision em 17/Julho/2005 –
Num projeto muitas e muitas vezes desejado, antecipado e adiado, finalmente a família mais famosa do universo Marvel encontra seu destino nas telas do cinema. Já houve um, algum dia no passado, que rapidamente converteu-se em lenda tanto para cinéfilos quanto para os fãs da HQ. Afinal, quem já teve a oportunidade de assistir à produção maldita dirigida por Oley Sassone (quem?) em 1994? Todos dizem que ela é simplesmente horrível, mas eu seria capaz de fazer um belo sacrifício por uma cópia em DVD da malfadada película.
A nova (e provavelmente definitiva, pelo menos por algum tempo) encarnação do Quarteto Fantástico acabou tomando forma sob o comando de um diretor não muito prestigiado, o que com certeza ajudou a manter as expectativas para o longa num nível bem mais modesto que as de arrasa-quarteirões como X-Men 2 ou Homem-Aranha 2. Querendo ou não, isso é sempre algo positivo, tanto para os fãs em geral quanto para a equipe de produção, que teve que se virar para fazer algumas modificações menores na origem dos heróis e adequar a história ao orçamento modesto, sempre com a obrigação primordial de se manter fiel às características básicas dos personagens.
Os quatro fantásticos são formados e eventualmente liderados pelo cientista Reed Richards (Ioan Gruffudd), cuja alcunha é Sr. Fantástico, devido à sua capacidade de esticar seu corpo como um elástico. A ele se unem a também cientista Susan Storm, a Mulher Invisível (Jessica Alba) e seu irmão piloto boa-vida Johnny Storm (Chris Evans), o Tocha Humana, além do piloto e melhor amigo de Reed, Ben Grimm, o Coisa (Michael Chiklis), um homem de pedra de força e peso descomunais. Seus poderes são 'herdados' de um acidente durante uma experiência no espaço sideral, em que eles e o financiador do projeto, Victor von Doom (Julian McMahon), são atingidos por raios cósmicos. Enquanto os quatro começam aos poucos a sofrer as mudanças decorrentes da experiência e a descobrir a verdadeira dimensão de seus poderes, von Doom também passa a sofrer alterações genéticas que deformam seu rosto e lentamente transformam sua pele num metal indestrutível. Acometido pela loucura, Doom passa a culpar Reed Richards tanto pelo acidente quanto pela falência de sua companhia, assumindo o codinome de Dr. Destino e estabelecendo como seu primeiro objetivo eliminar o Quarteto Fantástico.
Dou um crédito aqui ao diretor Tim Story, que soube aproveitar o máximo do orçamento reduzido e entregou um filme divertido. Como gênese e primeira aventura, é preciso admitir que Quarteto Fantástico funciona, apesar de alguns furinhos aqui e ali. Os efeitos não são sempre 100% convincentes e, com certa atenção, é possível identificar passagens filmadas em miniatura. Ainda bem que a insistência (e paciência) de Michael Chiklis em entrar dentro de uma roupa do Coisa mostrou-se mais acertada que fazer um monstro de pedra em CGI. Apesar dos pequenos pesares da parte técnica, o elenco bem escolhido soube transpor as personalidades marcantes de cada personagem, ainda que certas liberdades tenham sido tomadas, como o provável affair entre a Mulher Invisível e Victor Von Doom, a personalidade um pouco banana do Sr. Fantástico ou a origem alterada do Dr. Destino, sem dúvida alguma um dos maiores vilões do universo Marvel. Apesar disso, há uma deixa esperta para que o Destino de celulóide venha a se tornar, em possíveis continuações, bem mais próximo à sua contraparte da HQ.
O final também solidifica o conceito de uma 'família' com superpoderes, que não existe no início mas é desenvolvido junto com os conflitos que surgem durante a projeção. Por ser uma família de verdade e também por outros motivos, o Quarteto acaba sendo diferente de outras equipes de super-heróis como, por exemplo, os X-Men, já que são aceitos pela comunidade e são na maior parte do tempo adorados por todos. O maior diferencial da equipe é seu imenso berço de histórias centradas na mais pura ficção científica, que representam fonte inesgotável de material para eventuais continuações. Imaginar a saga de Galactus (um ser descomunal que devora planetas) sendo transposta para as telas de cinema já é coisa suficiente para deixar o mais fanático fã de HQs contanto os dias à espera de Quarteto Fantástico 2.