Cinema

X-Men - O Confronto Final

X-Men - O Confronto Final
Título original: X-Men - The Last Stand
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 104 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Brett Ratner (A Hora do Rush 3,  Nova York, Eu Te Amo,  Roubo nas Alturas)
Trilha Sonora: John Powell (Happy Feet - O Pinguim, O Ultimato Bourne, P.S. Eu Te Amo)
Elenco: Hugh Jackman, Halle Berry, Famke Janssen, Ian McKellen, Patrick Stewart, James Marsden, Kelsey Grammer, Anna Paquin, Rebecca Romijn, Shawn Ashmore, Aaron Stanford, Ellen Page, Daniel Cudmore, Vinnie Jones, Ben Foster, Dania Ramirez, Michael Murphy, Josef Sommer, Bill Duke, Shohreh Aghdashloo, Olivia Williams, Eric Dane, Cameron Bright, Omahyra, Lance Gibson, Mei Melançon, Kea Wong, Makenzie Vega
Distribuidora do DVD: Fox
Avaliação: 10

Logo que foi anunciado pelos meios de comunicação que o diretor Bryan Singer não estava mais associado à produção deste filme, uma preocupação maciça tratou de dominar os fãs mais ardorosos da saga dos mutantes da Marvel no cinema. Muitos dos descontentes, inclusive, foram os mesmos que tão ferozmente acabaram com Singer pouco antes do lançamento de X-Men - O Filme (2000), a pedra filosofal da moderna era de adaptações cinematográficas de HQs. Obviamente, a preocupação não era para tanto. Brett Ratner, o novo capitão da saga, não só é um diretor competente como também esteve na corrida para comandar o primeiro filme. Conhecido por sua empolgação contagiante nos sets de filmagem, Ratner soube como ninguém dar continuidade a um trabalho de qualidade desenvolvido por outro cineasta, elevando ainda mais o padrão dentro do universo mutante dos X-Men e realizando o melhor dos três filmes desta trilogia inicial.

A evolução continua na mansão para jovens superdotados do professor Xavier (Patrick Stewart). Os estudantes aperfeiçoam seus dons nas simulações holográficas da Sala de Perigo, sob a supervisão de pesos-pesados como Tempestade (Halle Berry) e Wolverine (Hugh Jackman). Uma bomba cai sobre a comunidade mutante quando um laboratório divulga que existe uma cura para as mutações, que teoricamente tornaria normais todos os portadores do gene X que desejam se livrar de sua "doença". Revoltado com tal afronta, Magneto (Ian McKellen) reúne uma nova e bem mais numerosa Irmandade de Mutantes malignos para se opor à tal cura, que não passa da criação de um rico empresário que deseja o melhor para seu filho, um jovem alado cujo codinome só poderia ser Anjo (Ben Foster). Acompanhando de perto tais acontecimentos está o secretário do presidente para assuntos mutantes Hank McCoy, o ágil, culto e bestial Fera (Kelsey Grammer), ex-aluno de Xavier que volta a se reunir com os X-Men. Estes, ao lado de Xavier, precisam lidar com a partida do líder de equipe Ciclope (James Marsden) e o misterioso ressurgimento de Jean Grey (Famke Janssen), que retorna da aparente morte mais poderosa do que nenhum mutante jamais foi antes.

Algo de diferente já pode ser vislumbrado antes mesmo do filme ter início, como o fato dos nomes de Hugh Jackman e Halle Berry se sobreporem aos demais no pôster de divulgação do longa. Sim, finalmente Tempestade ganha um papel de destaque dentro da equipe, apesar de dividir o palco com o onipresente Wolverine de Jackman. Antes mesmo do filme chegar à sua metade fica bem claro o porquê disso, num roteiro que pega a platéia de jeito e coloca a equipe mutante diante de uma dificuldade antes inimaginável. A coesão da história, diga-se de passagem, não perde em nada em relação às duas primeiras aventuras, e tira muito bom proveito de todo o desenvolvimento de personagens feito nos filmes de Bryan Singer. O resultado é nada menos que a cereja no topo do bolo, num conflito que finalmente atinge massa crítica e força todos os mutantes a usarem seus poderes ao máximo para garantir o status quo daquilo em que acreditam. E quem ganha com o fato da ação ocupar um espaço tão significativo na história? Os fãs, claro. Principalmente quem esperou para ver os X-Men agindo como uma equipe de verdade, ou Tempestade mostrando porque é uma das mais poderosas mutantes da série. Geralmente, quem reclama da carga maior de seqüências de ação presentes nesse filme não faz a mínima idéia do apelo existente na HQ criada por Stan Lee em 1963 e alçada a best-seller do mercado de quadrinhos nos anos 80, uma posição ocupada com folga até os dias de hoje.

Que o filme é um dos mais empolgantes de todos os tempos em matéria de super-heróis não resta dúvida alguma. Apesar disso, não há como entrar no mérito do peso dado a cada personagem sem ferir os sentimentos de seus fãs mais acalorados, mas a falta que com certeza mais será sentida é a do acrobata Noturno, feito por Alan Cumming em X-Men 2 e completamente ignorado na história do terceiro longa. O roteiro não dá sequer uma desculpa para a sua ausência, o que chega a ser quase imperdoável... Outras decisões tomadas ao longo da história são capazes de enfurecer até quem não é fã, mas há de se convir que, dentro da trama concebida em O Confronto Final, tudo se justifica. Alguns personagens têm mais exposição, outros menos, mas ninguém é negligenciado a ponto de prejudicar a narrativa.

A Fênix de Famke Janssen, por exemplo, faz jus ao nome e à aura de destruição esperada por quem já conhece a sua trágica trajetória nas HQs. Promovidos a membros da equipe principal, Colossus (Daniel Cudmore) e Lince Negra (Ellen Page) estão perfeitamente caracterizados, muito embora o x-man de metal quase não abra a boca durante todo o filme. O Homem de Gelo (Shawn Ashmore) passa por um teste de fogo, literalmente, contra o bandidinho de marca maior em que se transformou seu ex-colega Pyro (Aaron Stanford). Mística (Rebecca Romijn) e Vampira (Anna Paquin) de certa forma se convertem em demonstrações interessantes do impacto que as idéias conflitantes de Magneto e Charles Xavier têm em seus seguidores.

Enfim, esta seqüência é tão boa que, mesmo com a salada de novos personagens despejados na tela, jamais se perde o foco do tema principal. A maior desfiguração na adaptação fica por conta da nova arqui-inimiga de Tempestade, que nos créditos é referida como Callisto mas em nada lembra a sua contraparte em papel. Para os fãs da HQ, a presença adicional de personagens como o Fanático (Vinnie Jones), Homem-Múltiplo, Arco Voltaico, Spike, Psylocke e de coadjuvantes como as geneticistas Moira McTaggert (Olivia Williams) e Kavita Rao (Shohreh Aghdashloo) é só mais um aperitivo para um encerramento em grande estilo, cujo mérito máximo foi casar com felicidade o bom senso herdado dos dois primeiros filmes à pirotecnia que todos os fãs sempre sonharam um dia ver nas telas.

Desconsiderando os filmes solo lançados sobre Wolverine (X-Men Origens - Wolverine e Wolverine Imortal), a saga dos mutantes é retomada a seguir em forma de prequel com X-Men - Primeira Classe.

Além do filme em si, o primeiro DVD da edição dupla vem com duas faixas de comentários (uma dos produtores Avi Arad, Lauren Shuler Donner e Ralph Winter, e outra do diretor Brett Ratner e dos escritores Zak Penn e Simon Kinberg), uma boa quantidade de cenas excluídas/alternativas (que devem ser vistas nos dois perfis de menu - o do Bem e do Mal) e o trailer de Os Simpsons - O Filme. O segundo disco traz três documentários distintos de 20 a 45 minutos que formam uma espécie de making-of, um especial de 12 minutos sobre os efeitos especiais da seqüência da ponte Golden Gate, 25 minutos de cenas de pré-produção em animatics, sete featurettes sobre aspectos da trilogia, quatro apresentações curtas feitas para a web, galerias de fotos dos personagens e do design de produção, uma seção de curiosidades sobre os principais mutantes do filme e três trailers.

Texto postado por Kollision em 31-MAI-2006
Revisto em DVD em 19-NOV-2006, Domingo - Texto revisado por Kollision em 25-NOV-2006