Revisto em Blu-Ray em 18-JAN-2014, Domingo
Vamos fazer um pequeno exercício de extrapolação: o que poderia ter sido feito de diferente para que X-Men - Primeira Classe funcionasse melhor como uma prequel para a trilogia original dos heróis mutantes? O filme é bem-feito e, revendo-o em tela pequena, observa-se como ele funciona bem e como os personagens representam de fato a força por trás do roteiro. Entendo que manter o compromisso de não influir negativamente na cronologia dos personagens anteriormente apresentados era importante, por isso é que cheguei à conclusão de que a Mística (Jennifer Lawrence) simplesmente não deveria ter aparecido, pelo menos não com a importância que lhe é dada na história. Motivo: no futuro simplesmente não existe qualquer indício de conexão emocional entre ela e Xavier. Levando em consideração que o roteiro exige de Xavier uma conexão mais forte com o ainda incipiente universo mutante, ou seja, um amigo com quem compartilhar seus segredos, a opção mais bacana teria sido, sem sombra de dúvida, o Fera (Nicholas Hoult), uma estratégia que é coincidentemente adotada pelos roteiristas na continuação Dias de um Futuro Esquecido. E na ausência de Mística os roteiristas poderiam ter usado outras personagens femininas fortes e com bom potencial cinematográfico, como Polaris, Feiticeira Escarlate, Flama, Jubileu, Psylocke ou Stacy X, todas intocadas na franquia (a Psylocke que aparece de relance em O Confronto Final não conta).
Como o capítulo sobre Apocalipse ainda não estreou, creio que ainda há tempo para os roteiristas darem um rumo mais satisfatório à relação entre Mística, Xavier e Magneto, o que poderia aliviar as decisões tomadas na segunda trilogia diante dos eventos hoje já clássicos de X-Men - O Filme. O que o futuro nos reserva, afinal?
O Blu-ray presente na edição dupla que traz também a sequência X-Men - Dias de um Futuro Esquecido vem com um making-of de mais de uma hora de duração, 14 minutos de cenas excluídas/estendidas, recurso interativo com informações sobre todos os personagens da franquia cinematográfica de X-Men e uma faixa de áudio contendo somente a trilha sonora de Henry Jackman. Tudo é devidamente legendado em português.
Visto no cinema em 4-JUN-2011, Sábado, sala 3 do Rondon Plaza Shopping
É verdade que a ambição dos estúdios não tem limites, e no caso de um franquia de sucesso como X-Men o ideal seria que a história continuasse depois do fantástico X-Men - O Confronto Final. A mudança de planos para a série me deixou perplexo desde que foi anunciada, e também assustado com a perspectiva de mais um reboot desnecessário. Por isso foi um grande alívio quando constatei que Primeira Classe respeita e mantém a cronologia da trilogia iniciada por Bryan Singer, administrando todos os antigos e novos personagens sem enfurecer (muito) os amantes hardcore da HQ original.
O objetivo de Primeira Classe é mostrar tanto a origem quanto a ruptura da amizade entre o pesquisador Charles Xavier (James McAvoy) e o amargurado Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), que serão futuramente conhecidos como Professor X, o líder dos X-Men, e Magneto, líder da Irmandade de Mutantes. Durante a década de 60, o fenômeno do surgimento dos chamados mutantes, seres humanos dotados de capacidades extraordinárias, une Charles e Erik num esforço conjunto com a CIA para investigar as atividades ilícitas de Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um magnata com propósitos mais que escusos em escala mundial. Em meio à turbulência global provocada pela Guerra Fria, encruzilhadas ideológicas serão vivenciadas por todos os personagens, em especial Magneto, que carrega uma ódio mortal em relação a Shaw.
Como fã de carteirinha das HQs, não consigo apoiar de forma alguma a entrada de certos personagens no filme, como a insuportável Angel Salvadore, o carrasco Maré Selvagem (assecla de Shaw que gera tufões) ou o recentemente introduzido (nas HQs) Darwin. Azazel (pai de Noturno) até que passa, ele tem certa função técnica essencial em sua respectiva equipe. Outros, no entanto, se encaixaram muito bem à história, como o bandido Shaw (ótimo trabalho de Kevin Bacon), o Fera de Nicholas Hoult e a Mística de Jennifer Lawrence. Banshee é a cara de Rony Weasley, e Destrutor a cara do novo capitão Kirk. Rose Byrne já passou do ponto para encarnar Moira MacTaggert, de longe a personagem mais desfigurada na adaptação cinematográfica. Entre mortos e feridos, no entanto, o resultado é positivo porque o filme faz todos estes personagens funcionarem em prol da história, que se intercala a eventos reais de forma bastante eficiente. O roteiro, aparentemente enxuto e bem azeitado, tem como única grande falha o fato de simplesmente deixar de lado os agentes governamentais após o primeiro ataque dos vilões.
X-Men - Primeira Classe não decepciona, e tal qual o primeiro X-Men dá um pontapé bastante competente a uma narrativa que tem tudo para atingir um novo patamar de boas adaptações cinematográficas. E numa jogada arriscadíssima porém acertada (até certo ponto) o filme que continua sua história é também o filme que a unifica à cronologia da trilogia original iniciada por Bryan Singer: X-Men - Dias de um Futuro Esquecido.