Revisto em Blu-ray em 2-FEV-2012, Quinta-feira
Depois de alguns anos está mais fácil entender porque esse Quarteto Fantástico 2 falhou miseravelmente junto a todas as divisões de plateia possíveis, dos mais casuais aos fãs mais ardorosos da HQ original. Deslumbrado com o sucesso inesperado do primeiro filme, Tim Story achou que bastava repetir as mesmas brincadeiras e pronto. Como personagem, o único que sai ileso do desastre é o Surfista Prateado, já que todos os outros são achincalhados sem dó. Eis alguns dos equívocos mais aberrantes na minha opinião:
O Surfista Prateado não faz feio porque praticamente todo o foco da equipe de efeitos especiais estava sobre ele. Muito rasteiro para seu orçamento e extremamente aquém do que poderia ter sido graças a um diretor sem pulso, o filme praticamente cai na vala de diversões trash, o que é uma vergonha tanto para o razoável primeiro episódio quanto para a divisão de cinema da Marvel. Se pensarmos bem, talvez o título do filme devesse ter sido Surfista Prateado e o Quarteto "Não Tão" Fantástico. Soaria bem melhor aos ouvidos e aos olhos de quem assiste.
Os extras do Blu-ray consistem de duas faixas de comentários em áudio (uma com Tim Story e outra mais técnica com o produtor Avi Arad, o roteirista Don Payne e os dois editores), dez minutos de cenas excluídas/estendidas com comentários opcionais do diretor, um making-of de 15 minutos, especiais de 5 a 15 minutos que falam sobre a construção do fantasticarro, a concepção cinematográfica do Surfista Prateado, a trilha sonora e a transformação de Michael Chicklis no Coisa, um especial de 40 minutos sobre a origem quadrinística do Surfista, três galerias de fotos e de arte e dois trailers. O mais estranho é que somente alguns dos extras não têm legendas em português.
Visto no cinema em 1-JUL-2007, Domingo, sala 2 do Multiplex Pantanal
Pensei que, com um pouco mais de budget e um conhecimento mais aprofundado da natureza de cada um dos personagens, o diretor Tim Story seria capaz de evoluir a partir do primeiro e válido esforço que foi Quarteto Fantástico (2005). Evoluir, no sentido mais simples do termo, equivaleria a preencher o segundo filme com mais substância, tanto na ação quanto na caracterização de personagens. É triste a constatação de que minhas esperanças foram em vão.
O segundo filme começa bem, com uma tomada empolgante de um planeta moribundo após a passagem do Surfista Prateado (Doug Jones, com voz de Laurence Fishburne), um mistério cósmico que a seguir ruma em direção ao Sistema Solar, levando fenômenos climáticos extraordinários, caos e desespero ao planeta Terra. Logo depois vem a rotina não muito empolgante do Quarteto, que gira em torno do casamento do Sr. Fantástico e da Mulher Invisível e é ocasionalmente interrompida pelas rusgas baratas entre o Tocha Humana e o Coisa. Em meio à correria, a equipe é convocada pelos militares para auxiliar na investigação sobre o Surfista Prateado, enquanto um reanimado Dr. Destino trilha seu novo caminho particular de megalomania.
As mesmas falhas e vícios menores do longa anterior permanecem, destruindo o esboço de melhoria dos primeiros minutos. Os efeitos especiais voltam a derrapar quando o Sr. Fantástico usa seus poderes, mas pelo menos compensam quando são usados para dar vida ao Surfista. Com um nível de diversão médio capaz somente de dar alguma coceira de satisfação nos fãs da HQ, a impressão geral é de subaproveitamento: os poderes do Coisa e da Mulher Invisível não são usados para praticamente nada que preste, o Sr. Fantástico continua sendo um bosta (principalmente no desfecho) e o Dr. Destino volta com um rosto bonitinho sem qualquer explicação plausível, entre outras coisas que me desagradaram. Para piorar tudo, contrataram um retardado para destruir o rosto de Jessica Alba com uma maquiagem horrenda! E que diabos é aquela roupa barata de borracha que colocaram em Chris Evans quando ele troca de poderes com o Coisa?
O filme não se leva muito a sério, mas a superficialidade latente é demais – como na descartável e mal inserida cena da roda gigante em Londres. O desfecho não convence para um filme de ação. Não tem punch. Não consegue absorver a platéia. É o ápice negativo de uma promessa que acabou se tornando uma decepção.