Cinema

Batman [1989]

Batman
Título original: Batman
Ano: 1989
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 126 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Tim Burton (Edward Mãos de Tesoura, Batman - O Retorno, Ed Wood)
Trilha Sonora: Danny Elfman (Nightbreed - Raça das Trevas, Dick Tracy), Prince
Elenco: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger, Robert Wuhl, Michael Gough, Billy Dee Williams, Jack Palance, Jerry Hall, Pat Hingle, Tracey Walter, Lee Wallace, William Hootkins, Richard Strange, Carl Chase, Mac McDonald, Philip Tan, Edwin Craig
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 7

Esta versão para o cinema do personagem da DC Comics Batman teve o mérito de estabelecer um novo padrão para o que vinha sendo feito na área de marketing e divulgação dentro da sétima arte. Ela foi notória também por proporcionar a Jack Nicholson uma das maiores rendas agraciadas a um único ator por filme, num lance de contrato absurdamente esperto por parte de Nicholson. É irônico que tais aspectos de Batman acabem se sobressaindo em relação ao filme em si, que não é nenhuma obra-prima mas detém um lugar de respeito na categoria de filmes baseados em HQ de maior retorno financeiro, até hoje.

Depois do sucesso inegável da comédia Os Fantasmas Se Divertem, o diretor Tim Burton recebeu sinal verde dos produtores e solidificou seu nome como uma das mentes mais bem-dotadas no quesito requinte visual em cinema. Isso porque, visualmente, Batman é um acerto que infelizmente não teve um roteiro à altura, que cometeu o erro grave de dar mais atenção ao vilão que ao herói, além de modificar deliberadamente algumas coisas que o material original possuía. A recriação do personagem e o desejo de distanciamento da imagem brega cravada a ferro e fogo pelo seriado da década de 60 nortearam o longa, que sem dúvida alguma deve seu apropriado aspecto gótico à direção de Burton e ao trabalho do designer de produção, um tal de Anton Furst.

Numa Gotham City prestes a celebrar seus 200 anos de vida e marcada pelo domínio do crime nas ruas, um cavaleiro de capa começa a fazer justiça com as próprias mãos nos guetos escuros da cidade. Ele é Batman, alter-ego do ricaço Bruce Wayne (Michael Keaton). Impressionados com os relatos dos meliantes, um repórter abelhudo (Robert Wuhl) e uma bela fotógrafa (Kim Basinger) decidem investigar o caso do homem-morcego, que se envolve na disputa entre o bandido mequetrefe Jack Napier (Jack Nicholson) e seu chefe perseguido pelas autoridades (Jack Palance). Napier sofre um horrível acidente, tem o rosto desfigurado e acaba cedendo à loucura que o domina, assumindo a alcunha de Coringa e espalhando o terror em Gotham. Torna-se apenas uma questão de tempo até que seu caminho se cruze com o do homem-morcego, que entrementes se envolve com a bela fotógrafa feita por Kim Basinger.

Michael Keaton é um intérprete bom para Batman, exceto pelo físico meio franzino que não casa muito bem com as cenas em que o herói aparece de uniforme. As lutas são breves, sem muitas firulas e nelas não há nenhum virtuosismo mirabolante. Boa parte da ação é absorvida ou trocada pelo universo fantástico concebido para Gotham City e para a bat-caverna, o que não é de todo ruim. Mas o que mais pode decepcionar, principalmente para os fãs hardcore do personagem, é a presença cênica superior (até mesmo nos créditos de abertura) do Coringa de Jack Nicholson. Podem até alegar que isso ocorre porque o filme retrata uma gênese completa para o vilão e pega Batman já no início de sua carreira heróica, mas é inegável que o vilão ofusca completamente o tal homem-morcego com uma performance pra lá de memorável, insano em sua loucura desvairada e risonha.

Relevando-se algumas bobagens da estirpe de um Batman pilotando a bat-asa (batwing, o avião cujo nome não tem tradução decente) acima das nuvens só para mostrar o símbolo do herói, o filme tem um conflitozinho com a mocinha e algumas passagens divertidas (notadamente quando o Coringa está em cena). O elenco tem ainda alguns coadjuvantes nobres, como Michael Gough na pele do mordomo Alfred, Billy Dee Williams como o promotor Harvey Dent e a modelo Jerry Hall na pele de uma assecla do Coringa. Um pouco triste é ver que o comissário Gordon (Pat Hingle) praticamente inexiste, enquanto o sem graça Robert Wuhl ganha participação considerável como um alívio cômico que só toma espaço na tela. As músicas que Prince compôs para a trilha sonora após a desistência de Michael Jackson carregam um tom de nostalgia que traz à mente o seriado camp dos anos 60, mas ainda bem que a trilha incidental de Danny Elfman garante a seriedade que o longa exige.

O único conteúdo da seção de extras são biografias curtas do diretor e do elenco e algumas notas de produção.

Texto postado por Kollision em 18/Julho/2005