Cinema

Perfume de Mulher

Perfume de Mulher
Título original: Scent of a Woman
Ano: 1992
País: Estados Unidos
Duração: 157 min.
Gênero: Drama
Diretor: Martin Brest (Encontro Marcado, Contato de Risco)
Trilha Sonora: Thomas Newman (A Força de um Passado, Josh e Sam - Uma Aventura Sem Limites, Um Sonho de Liberdade)
Elenco: Al Pacino, Chris O'Donnell, James Rebhorn, Philip Seymour Hoffman, Gabrielle Anwar, Richard Venture, Bradley Whitford, Rochelle Oliver, Margaret Eginton, Tom Riis Farrell, Nicholas Sadler, Todd Louiso, Matt Smith, Gene Canfield, Frances Conroy, June Squibb, Ron Eldard, Baxter Harris
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 9

Veterano consagrado e tido por muitos como um dos maiores atores de todos os tempos, foi só neste filme que Al Pacino veio a angariar o merecido Oscar de melhor ator. Famoso por papéis como o Michael Corleone de O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola, 1972) e Tony Montana de Scarface (Brian de Palma, 1983), Pacino encarna em Perfume de Mulher uma mistura de seus personagens mais austeros com os requintes de sutileza necessários à velha história sobre um mestre e um aprendiz, contada aqui de forma incomum e original.

Pacino é o coronel aposentado Frank Slade, um homem ranzinza acometido de uma cegueira tardia, herança dos tempos em que passou a serviço das forças armadas. É procurando um emprego de fim-de-semana que o jovem estudante secundarista Charlie Simms (Chris O'Donnel) decide enfrentar a tarefa de cuidar de Frank para a sua família, que parte em viagem no dia de ação de graças. Mal sabe ele que Frank tem outros planos, que incluem viajar a Nova York e se esbaldar com tudo do bom e do melhor, numa espécie de amarga despedida de uma vida à qual ele não quer mais se apegar. Forçado a acompanhar o irascível e rude coronel, Charlie tem ainda que se preocupar com uma enrascada em que se meteu na escola com o amigo riquinho feito por Philip Seymour Hoffman. Charlie acaba descobrindo facetas interessantes da personalidade de Frank, o que pode ou não alterar o rumo de suas vidas durante seu período juntos.

A história é contada sob o ponto de vista do estudante, interpretado com agradável naturalidade por um Chris O'Donnell em seu primeiro papel de destaque num longa-metragem. Charlie começa o filme com uma atitude meio perdida e sem rumo, mas seu processo de amadurecimento dá uma acelerada assim que o ego do coronel mal-educado de Pacino cede espaço a uma personalidade menos intragável. Exímio conhecedor de mulheres e das fragrâncias por elas usadas, Frank começa a demonstrar muitas outras qualidades escondidas sob sua carapaça arrogante. Ele vai de momentos de genuína ternura paternal em relação ao rapaz a terríveis ataques de auto-preservação e agressividade, às vezes com a sutileza de um trombone.

A trama secundária envolvendo um conflito escolar do rapaz pode soar meio descartável, mas justifica-se pela necessidade de mostrar a inevitável troca de favores entre gerações. Embora ela seja a principal responsável pela duração um pouco excessiva do filme, é só assim que a platéia irá saber se o instável coronel aprendeu ou não algo de seu jovem companheiro, numa jornada marcada por momentos de constrangedora sinceridade e passagens de encanto inegável, como o tango com a bela moça do restaurante (Gabrielle Anwar). Não é à toa que a analogia entre a dança e a vida real torna-se peça fundamental na redenção de ambos os personagens. Perfume de Mulher é assim, imbuído de uma mensagem enaltecedora, lembrando que sempre há algo a aprender mesmo junto àquelas pessoas mais improváveis ou inacessíveis.

Os únicos extras do DVD são algumas notas sobre a produção e biografias curtas de Al Pacino, Chris O'Donnell e do diretor Martin Brest.

Texto postado por Kollision em 22/Junho/2005