Cinema

O Poderoso Chefão

O Poderoso Chefão
Título original: The Godfather
Ano: 1972
País: Estados Unidos
Duração: 175 min.
Gênero: Policial
Diretor: Francis Ford Coppola (A Conversação, O Poderoso Chefão - Parte II, Apocalypse Now)
Trilha Sonora: Nino Rota (A Doce Vida, 8 ½)
Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, Robert Duvall, James Caan, John Cazale, Talia Shire, Sterling Hayden, Diane Keaton, Richard S. Castellano, John Marley, Richard Conte, Al Lettieri, Abe Vigoda, Gianni Russo, Al Martino, Morgana King, Lenny Montana, Alex Rocco, Tony Giorgio, Victor Rendina, Salvatore Corsitto, Sofia Coppola
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação: 10

É interessante notar a força que um filme pode adquirir ao longo dos anos, e a aura de obra-prima que transcende as fronteiras da arte conhecida como cinema. Afinal, mesmo quem nunca assistiu ao filme ou quem nem mesmo tem afinidade com a sétima arte, sabe ou já ouviu falar da "obra-prima" chamada O Poderoso Chefão. Sobre como, lá pelos idos da década de 70, um tal de Marlon Brando personificou um mafioso que seria modelo durante o resto da história do cinema, num filme longo e que aparece em todos os "Top 10" de melhores obras cinematográficas de todos os tempos.

O mafioso de Brando é Don Vito Corleone, patriarca de uma família de imigrantes italianos na Nova York pós-Segunda Guerra. Ele é também o "padrinho" de inúmeros "afilhados", sortudos incluídos em sua redoma de proteção numa cidade cada vez mais dominada pela corrupção e pelo crime, onde políticos, juízes e todo tipo de gente proeminente na sociedade "deve algum favor" ao Don. Quando algo novo desponta no horizonte do submundo e os negócios dos Corleone, que sempre estiveram associados ao jogo e à bebida, tornam-se ameaçados pela nova onda que começa a surgir entre aqueles que controlam as atividades ilícitas (o tráfico de drogas), o poderoso chefão se vê forçado a tomar certas decisões que conflitarão com os interesses de outras famílias, o que acabará levando o submundo do crime a uma guerra sem precedentes.

A rotina da família ítalo-americana é muito bem documentada na primeira meia hora do filme, que mostra o casamento da filha de Don Corleone e apresenta todos os personagens. No decorrer da história, os três filhos do Don serão postos à prova sobre quem será o sucessor do chefão. Inicialmente rejeitado pelos estúdios, foi só com a insistência de Coppola que Al Pacino foi contratado para viver Michael Corleone, o filho mais novo do Don. Pacino, James Caan (Sonny Corleone) e Robert Duvall, como o consiglieri Tom Hagen, foram inclusive indicados ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Brando levou o Oscar de melhor ator mas, na noite da festa, não compareceu para receber o prêmio. Enviou uma atriz que se fez passar por uma índia, em protesto à discriminação feita pelo governo e por Hollywood aos índios americanos.

Tudo no filme dá certo. O estilo do diretor casa perfeitamente com a história, cujo roteiro foi escrito pelo próprio autor do livro, Mario Puzo, e por Coppola. Uma adaptação fiel, poderosa e acertada como poucas adaptações em toda a história do cinema. Um trabalho fenomenal de fotografia e edição, com seqüências que nasceram antológicas e personagens imortalizados por interpretações magníficas. A trilha sonora de Nino Rota é um show, e "Love Theme from Godfather" permanece uma das canções inesquecíveis de todos os tempos.

O impacto do filme se mantém o mesmo ainda hoje, e sua excelência só cresceu com o passar do tempo. Porém, a saga dos Corleone não termina aqui, e as seqüências de O Poderoso Chefão, igualmente grandiosas, devem ser obrigatoriamente assistidas após uma sessão deste filme, o que seguramente completará uma das melhores experiências cinematográficas pela qual alguém pode passar.

Texto postado por Kollision em 18/Julho/2004