Eis o filme responsável pela imortalidade de James Dean como um dos ícones do cinema mundial. Após a morte prematura do ator, Juventude Transviada veio a adquirir com o tempo uma magnitude que hoje se enquadra facilmente na categoria de 'clássico'. Também uma espécie de precursor, em maior ou menor escala, de muitos filmes posteriores sobre rebeldes com e sem causa (Jovens Sem Rumo, Karate Kid, De Volta para o Futuro), a obra de Nicholas Ray retém ainda hoje uma vitalidade que faz jus à sua fama, auxiliada pelo evidente carisma do astro em ascensão que era Dean.
James Dean é Jim Stark, jovem deslocado que vive mudando de cidade em cidade por vontade dos pais. Cada vez mais indignado com a passividade do pai diante da mãe, Jim está sempre se envolvendo em bebedeira e brigas, e acaba indo parar na delegacia de polícia da nova cidade para onde se mudam. Ele logo se interessa por Judy (Natalie Wood). Porém, em seu primeiro dia na nova escola, descobre que ela é a namorada do 'rei' da garotada Buzz (Corey Allen). Tendo como único amigo o isolado e dependente Plato (Sal Mineo), Jim passa a ser hostilizado por todos os outros jovens e, para provar que não é um covarde, não demora a se envolver em brigas de faca e perigosos rachas de carros à beira de um penhasco.
Creditar o sucesso de Juventude Transviada solenemente a James Dean não é justo. A onda de venda e popularização das camisetas (t-shirts) que se seguiu após o lançamento do filme é apenas um dos indícios do quanto os jovens da época se identificaram com o novo ídolo e abraçaram o drama mostrado no filme como sendo sua própria realidade. Afinal, os anos 50 representaram um período de transformação pós-guerra em todos os níveis da sociedade. Numa época em que o rock'n'roll nascia para inflamar os jovens com a sua 'música do demônio', o sentimento de desajuste familiar, solidão e inclusão social tornava-se mais presente do que nunca, inevitavelmente aumentando o abismo entre a juventude e a geração anterior, representada em sua maioria por pais perdidos e desorientados.
Relevando-se o visível fato de James Dean estar velho demais para encarnar um adolescente, a história sobre os rebeldes sem causa é muito bem orquestrada até o seu primeiro clímax, uma das cenas mais famosas da história da sétima arte. Os conflitos familiares e a conseqüente motivação do personagem principal são transparentes, justificando com eficiência o comportamento daquele que, sob outras circunstâncias, seria um bom rapaz aos olhos de todo mundo. Isso porque a índole do jovem Jim Stark é boa, mas nenhum de seus pais parece enxergar isso. A ironia está presente na figura do policial Ray (Edward Platt), que parece ser o único que realmente entende o que o garoto rebelde está passando. O roteiro infelizmente derrapa e força a barra durante o seu trecho final, quando os holofotes da história enfocam o desespero do solitário Plato. Assim que o suspense construído cede espaço para um final conciliatório, a mensagem que fica é que a juventude pode não estar tão sem causa assim, bastando uma crise de graves conseqüências para iniciar um entendimento que poderia ser obtido dentro de casa. Tudo embrulhado num espetáculo na maior parte do tempo bastante empolgante.
A edição simples do DVD da Warner não traz um extra sequer acompanhando o filme.
Texto postado por Kollision em 20/Junho/2005