Cinema

Corra Lola Corra

Corra Lola Corra
Título original: Lola Rennt
Ano: 1998
País: Alemanha
Duração: 81 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Tom Tykwer (Paraíso, Perfume - A História de um Assassino)
Trilha Sonora: Reinhold Heil e Johnny Klimek (A Princesa e o Guerreiro, Terra dos Mortos), Tom Tykwer
Elenco: Franka Potente, Moritz Bleibtreu, Herbert Knaup, Nina Petri, Armin Rohde, Joachim Król, Ludger Pistor, Suzanne von Borsody, Sebastian Schipper, Julia Lindig, Lars Rudolph, Ute Lubosch, Monika Bleibtreu, Peter Pauli, Marc Bischoff, Hans Paetsch
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 8

O cinema alemão, que vinha de um período sem nenhuma obra de projeção já há algum tempo, encontrou-se em 1998 subitamente revigorado com o sucesso de Corra Lola Corra, principalmente após a recepção positiva que a obra obteve no festival de Sundance. A estrutura do filme, embora não sendo uma completa novidade, de certa forma encontrou na abordagem do diretor Tom Tykwer uma cara moderna que confere à história uma característica única.

Partindo de um argumento extremamente simples, o roteiro acompanha o desespero da ruivíssima Lola (Franka Potente), que precisa conseguir nada menos que 100.000 marcos em vinte minutos para salvar a pele do namorado (Moritz Bleibtreu), um aspirante a gângster que cometeu uma cagada inconcebível ao perder a bolada de um chefão para o qual trabalhava. Sem nenhum transporte, tudo o que a moça faz durante a maior parte do filme é correr, correr e correr. Em sua busca frenética pelo dinheiro, cada decisão que ela toma influencia o seu destino, do seu namorado e de todas as pessoas que ela encontra pelo caminho, como demonstram as três versões da história, cada uma com um desenlace absolutamente diferente do outro.

Quando a teoria do caos e o conceito de causalidade são utilizados da forma demonstrada por Corra Lola Corra, muitas questões similares vêm à tona: a sorte e o azar, a importância das pequenas coisas, a diferença que um momento a mais de silêncio ou paciência podem fazer, as conseqüências da falta de atenção ao que acontece ao nosso redor, as verdades e mentiras que surgem em instantes de extrema tensão, a reação de pessoas comuns em meio a situações extraordinárias... O leque de reflexão suscitado pelo filme é enorme, e os questionamentos parecem ser sempre distintos a cada vez que se assiste às diferentes versões da aventura de Lola e do namorado. É sob esse ponto de vista que a mensagem do diretor Tykwer atinge seu intento com louvor, sendo ela a principal causa do sucesso do filme.

Outros fatores que se destacam, além da competência da protagonista, são a edição ágil e a trilha sonora levemente techno, co-escrita pelo próprio diretor. O início bacana e as seqüências de animação são bastante eficientes, sendo ótimas adições que ajudam a estabelecer adequadamente a linguagem adotada pelo longa. No entanto, as tomadas recorrentes de Franka Potente correndo pelas ruas de Berlim e algumas outras que não acrescentam muita coisa ao ritmo soam um pouco redundantes, isso já na segunda versão da história dos namorados encrencados. Não dá para evitar a sensação de que elas talvez tenham sido mantidas para que o filme pudesse ter um tempo maior de projeção (o total não dá nem uma hora e meia). Independente disso, a sensação de urgência obtida na tela transborda autenticidade, transparecendo em cada quadro de um sessão rápida e rasteira, que faz pensar como poucos filmes do gênero são capazes de fazer.

Na seção de extras há um trailer do filme, o videoclipe da canção Believe, interpretada por Franka Potente, e biografias curtas do diretor e da dupla de protagonistas.

Texto postado por Kollision em 9/Junho/2005