Cinema

Chantagem e Confissão

Blackmail
Título original: Blackmail
Ano: 1929
País: Inglaterra
Duração: 85 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Alfred Hitchcock (O Pensionista, Marnie - Confissões de uma Ladra, Topázio)
Trilha Sonora: Hubert Bath, Harry Stafford
Elenco: Anny Ondra, Sara Allgood, Charles Paton, John Longden, Donald Calthrop, Cyril Ritchard, Hannah Jones, Harvey Braban
Distribuidora do DVD: Multi Media Group
Avaliação: 6

Originalmente concebido como um filme mudo mesmo, Chantagem e Confissão teve após seu término várias cenas refilmadas com som, sendo considerado por alguns como o primeiro filme britânico falado. Foi a primeira obra sonora de Alfred Hitchcock, que dava aqui adeus ao cinema mudo arriscando-se no gênero que o tornaria mundialmente famoso: o suspense.

Alice (Anny Ondra) e seu namorado, o dedicado detetive da Scotland Yard Frank (John Longden) vão a um encontro. A moça, no entanto, dá um jeito de dispensá-lo para se aventurar com o artista Crewe (Cyril Ritchard), até mesmo acompanhando-o até seu estúdio. Quando Crewe toma muitas liberdades e tenta estuprá-la, Alice se vê obrigada a usar uma faca para se defender. Quando o corpo é encontrado no dia seguinte, Frank é incumbido de desvendar o caso, percebendo logo que Alice está envolvida. Para piorar as coisas, um estranho (Donald Calthrop) aparece em suas vidas e, sabendo da verdade por trás dos fatos, começa a fazer exigências a Alice e Frank em troca de seu silêncio.

A seqüência inicial do filme, que mostra o detetive Frank em ação na captura de um criminoso, é puro cinema mudo, apesar de não haver legendas. Pessoas falam sem que vozes sejam ouvidas, e a escrita de um protocolo da polícia é usada como ajuda narrativa. É de forma tímida que o som de alguns diálogos começa a ser ouvido, já com a dublagem de uma outra atriz cobrindo a voz da protagonista Anny Ondra, devido ao seu forte sotaque alemão. É fácil notar que a qualidade do áudio visivelmente melhora à medida que o filme avança. Mesmo assim, já neste primeiro esforço de Hitchcock dentro de um novo modo de se fazer cinema, é possível perceber algumas características que reapareceriam com freqüência em muitos de seus filmes: o magistral emprego do contraste entre luz e sombra, os ângulos e os movimentos de câmera inusitados, o uso de cenários marcantes (a escadaria, a cortina, o instrumento do crime) e a presença de personagens imersos em intenso conflito.

Embora seja um filme de razoável fluidez, há uma certa obscuridade envolvendo o personagem do chantagista (Donald Calthrop), que é introduzido na história sem muita explicação, exigindo do espectador atenção de lince aos detalhes de cenas anteriormente mostradas. Falta à relação entre ele, a senhora que é entrevistada pela polícia e sua motivação para perseguir Frank e a amada Alice uma conexão mais estruturada, visualmente falando. Do jeito que está, tudo fica excessivamente solto e aparentemente inexplicado. E o final não me agradou, principalmente quando me lembro da motivação inicial de Alice, mais uma personagem feminina que causa antipatia inicial para depois demonstrar fragilidade falsamente encantadora.

A seção de extras do disco é quase a mesma de todos os outros DVDs da coleção que traz ainda O Pensionista e O Ringue: uma biografia de Alfred Hitchcock, uma galeria de fotos do diretor e outra galeria de pôsteres dos seus filmes.

Texto postado por Kollision em 11/Junho/2005