Visto em DVD em 8-ABR-2013, Segunda-feira
Drama fragmentado entre duas personagens que partilham vários pontos em comum, a começar pelo mesmo homem (Birger Malmsten), Sede de Paixões coloca o espectador diante do inescrutável mistério que cerca o comportamento feminino - algo sobre o qual Ingmar Bergman se debruçaria em muitos de seus futuros filmes. Ruth (Eva Henning) está casada com Bertil (Malmsten), e junto com ele retorna por trem à Suécia após uma viagem de férias. Ela está inquieta, e ele no limite da paciência com as frescuras da moça, que rememora a perda da inocência num passado não muito distante. Em outro lugar, a ex-amante de Bertil (Birgit Tengroth) prossegue sua vida, em meio a uma enfermidade latente e encontros de natureza explosiva com um médico e uma ex-bailarina. É interessante notar como, na alegoria concebida por Bergman neste filme, os homens são donos de si e são praticamente imunes a conflitos existenciais. No caso de Bertil, amor e ódio se confundem e chegam ao ápice na sequência que encerra o filme. A ambiguidade seria bem-vinda neste caso (o que não ocorre), ficando a parcela mais polêmica reservada à cena da sedução lésbica, que de acordo com o diretor teria sido parcialmente mutilada pela censura da época. Para os amantes do cinema bem-feito, Sede de Paixões acena para um Bergman definitivamente mais maduro na composição de cenas e no trabalho de câmera, com takes longos e uma majestosa mise-en-scène acompanhando as interações mais importantes da história.
Os extras são os mesmos dos discos anteriores da Versátil: biografia de Ingmar Bergman e uma extensa coleção de trailers de seus filmes: Vergonha, A Paixão de Ana, O Ovo da Serpente, A Hora do Lobo, Através de um Espelho, Luz de Inverno, O Silêncio, O Sétimo Selo, Persona e Sonata de Outono.