Visto em DVD em 2-MAR-2022, Quarta-feira
Enfim, eis o trabalho que muitos clamam ser a mancha na irretocável filmografia do sueco Ingmar Bergman. Comédia que teria sido inspirada nos longas de Federico Fellini, Para Não Falar de Todas Essas Mulheres apresenta uma narrativa entrecortada que parte do funeral de um violoncelista virtuoso testemunhado por seu biógrafo (Jarl Kulle) e por todas aquelas que teriam sido as mulheres de sua vida. O filme então volta no tempo alguns dias e mostra a chegada do tal biógrafo à mansão do músico com a missão de retratar para a posteridade sua genialidade. O que ele descobre, no entanto, é que tanto a esposa do maestro (Eva Dahlbeck) quanto suas várias amantes que dividem o mesmo teto podem ter muito mais a dizer sobre o objeto de sua obra que o próprio. Carregado de atuações teatrais e tentativas de imprimir um humor físico, infelizmente o filme não foge a uma estrutura por demais burocrática, marcada por situações enfadonhas e um trabalho de edição que tenta soar ousado mas não acrescenta nada de positivo à história. Não por coincidência, os únicos lampejos de algo memorável ocorrem quando a espevitada Bibi Andersson está em cena. Considerando que este foi o primeiro trabalho fotografado em cores da carreira de Bergman, há que se perdoar também a bizarra escolha da paleta de cores em alguns momentos. Uma pena, infelizmente. Para uma comédia realmente interessante feita pelo mestre sueco, o melhor a se fazer é conferir o excelente Sorrisos de uma Noite de Amor, lançado em 1955.
Os extras são os mesmos de outros discos da Versátil: biografia de Ingmar Bergman e uma extensa coleção de trailers de seus filmes: Vergonha, A Paixão de Ana, O Ovo da Serpente, A Hora do Lobo, Através de um Espelho, Luz de Inverno, O Silêncio, O Sétimo Selo, Persona e Sonata de Outono.