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Clássicos do Coração

É interessante como a afirmação de que "uma coisa leva a outra", e de que tudo em nosso universo está relacionado, vez ou outra aflora em nossa percepção consciente. Fatos do cotidiano provocam em nós o desejo de ter, ver ou ouvir algo, alguma coisa que fazemos provoca uma reação diferente em alguém, uma palavra que usamos desperta a fúria de um completo desconhecido, ou algo que fazemos e do qual nem nos damos conta encanta uma pessoa de quem nunca ouvimos falar.

Há um ou dois dias atrás cheguei ao trabalho e notei que alguém estava a ouvir uma seleção especial dos anos 70, a maioria das músicas cantadas pelos Beatles. Durante a pausa para o cafezinho, eis que vem aquele refrão grudento:

Música Rock and roll music - any old way you choose it
It's got a back beat, you can't lose it - any old time you use it
It's gotta be rock and roll music
If you want to dance with me, if you want to dance with me...

Imediatamente veio-me à mente um filme do qual os cinéfilos que já tinham algum discernimento e cresceram na década de 80 provavelmente irão se lembrar com no mínimo uma pontinha de nostalgia. Refiro-me a O Jovem Einstein, comédia australiana escrita, produzida, estrelada e dirigida em 1988 por um maluco da terra lá de baixo chamado Yahoo Serious. O filme tem de tudo um pouco no que diz respeito a sátira científica, liberdades criativas e pastelão infantil, mas o que mais me recordo dele é da fenomenal trilha sonora, do excelente uso de seqüências de montage e, claro, da apoteótica cena final, onde Serious empunha uma guitarra e manda ver na canção cujo refrão coloquei aí em cima.

O Jovem Einstein

O filme de Serious em nenhum momento clama para si o status de revolucionário, consistindo tão-somente num delírio cujo maior atrativo está no acerto único do ator/diretor (não soa esquisito chamar um cara cujo nome é Yahoo Serious de cineasta? --- muito embora fique evidente que neste filme ele tenha sido um completo autor, já que levantou sua obra do nada e praticamente a concebeu sozinho --- ou uma comédia não pode ser chamada de filme de autor?). O fato é que para alguns o filme funciona, e muito bem, e para outros não. Mas não dá para ficar indiferente ao estilo único de O Jovem Einstein, um enorme sucesso de sua época que chegou a angariar vários prêmios no circuito mais restrito de premiações mundo afora.

E o que foi feito de Serious? Pelo que consegui apurar, ele só lançou mais dois filmes de lá para cá, todos também meio amalucados, com a diferença de não terem feito sucesso algum, seja de público, seja de crítica. Porém, se pelo menos O Jovem Einstein fosse relançado para o mercado de DVD eu já seria um cinéfilo mais feliz, pois poderia finalmente colocar em meu precioso acervo mais um clássico do coração. Um "clássico do coração" é qualquer filme que admiramos em algum momento de nossas vidas onde não tínhamos conhecimento algum, ou qualquer preocupação mais séria que fosse, do que era cinema e do que deveria ser feito um bom filme. Na maior parte das vezes, os clássicos do coração pertencem à nossa infância.

Outros clássicos do coração que ainda não viram a luz nesta nova era de lançamentos digitais? Não sei quanto a vocês, mas eu tenho aqui uma listinha básica:

Movies!

Últimos filmes vistos:

Star Wars Episódio III - A Vingança dos Sith (2005) - Revisto em DVD em 13-MAI, Sábado
Fantástico. Fica pau a pau com o Episódio VI como o melhor da saga.

A Trilha da Pantera Cor-de-rosa (1982) - Visto em DVD em 14-MAI, Domingo
Decepcionante reaproveitamento de cenas anteriores filmadas por Peter Sellers, falecido dois anos antes do lançamento do filme.

X-Men 2 (2003) - Revisto em DVD em 14-MAI, Domingo
Bryan Singer leva os mutantes a um patamar ainda mais extraordinário, numa das adaptações de HQs mais bem-acabadas da história do cinema.

Ultravioleta (2006) - Visto no cinema em 17-MAI, Quarta-feira, sala 8 do Multiplex Pantanal
Lixo digital em estado bruto. Uma tortura.

O Código Da Vinci (2006) - Visto no cinema em 19-MAI, Sexta-feira, sala 6 do Multiplex Pantanal
Razoavelmente interessante, mesmo com alguns problemas de ritmo que dão um pouco de sono em sua primeira hora.

A Bruma Assassina (1980) - Visto em DVD em 20-MAI, Sábado
Trabalho inusitado de John Carpenter, que envelheceu um pouco mas ainda mantém um agradável clima bizarro.

King Kong (1976) - Revisto em DVD em 21-MAI, Domingo
Esta refilmagem peca por diálogos bobos, mas vale pela mais bela das protagonistas dos filmes de Kong: Jessica Lange.

Texto postado por Kollision em 23/Maio/2006