Cinema

Ultravioleta

Ultravioleta
Título original: Ultraviolet
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 88 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Kurt Wimmer (Estado de Choque, Equilibrium)
Trilha Sonora: Klaus Badelt (Poseidon, O Sobrevivente [2006], Premonições)
Elenco: Milla Jovovich, Nick Chinlund, William Fichtner, Cameron Bright, Sebastien Andrieu, Ida Martin, David Collier, Kieran O'Rorke, Digger Mesch, Ryan Martin, Ricardo Mamood
Avaliação: 0

Certos filmes jamais deveriam ter sido feitos. Ou, caso fossem completados, deveriam ser censurados e recolhidos antes mesmo de seu lançamento, dada a ruindade do material, digamos, vomitado e acidentalmente capturado por uma câmera. A porcaria chamada Ultravioleta entra nessa categoria com louvor, e um louvor digno dos piores longas de todos os tempos, com uma bela Milla Jovovich pagando talvez o maior mico dos últimos anos ao protagonizar essa imbecilidade em forma de filme.

Num futuro high tech qualquer, a sociedade vive numa espécie de guerra civil travada entre os humanos normais e uma casta de vampiros renegada, cuja origem é um vírus criado pela própria humanidade para gerar soldados mais fortes e mais rápidos. Assim que a humanidade percebe que cometeu um erro grave, ela decide exterminar os infectados pela doença vampírica e a guerra tem início. Violet (Milla Jovovich) é uma ex-humana pertencente ao último foco de resistência dos tais sanguessugas, uma guerreira que embarca numa missão de alto risco: interceptar uma valise que traz em seu interior uma arma desenvolvida pelo inimigo, cujo objetivo é eliminar os vampiros de uma vez por todas da face da terra. Encarando as forças de Daxus (Nick Chinlund), o traiçoeiro novo líder da humanidade, Violet chega a enfrentar seu próprio bando para conseguir o que deseja (seja lá o que isso for), só podendo contar com a ajuda de outro vampiro da resistência (William Fichtner).

Temos aqui um pastiche tão ruim que dá até medo só de lembrar da tortura que é a invasão aos sentidas de tanta merda junta. Candidato praticamente invencível a pior filme de 2006, este equívoco segue o caminho inverso das várias adaptações de histórias em quadrinhos surgidas nos últimos anos. Como visto pelos créditos de abertura e fechamento, Ultravioleta não passa de uma palhaçada concebida pelo diretor Kurt Wimmer, num conto original que pede desesperadamente por uma associação mágica com o universo das HQs. Infelizmente, as capas fictícias que aparecem na abertura do filme são a única coisa que presta em todo o longa, que implora pela alcunha de cool e afunda antes mesmo de entrar na casa dos dez minutos de duração.

Para incrementar a textura extremamente artificial do filme, que está mais para uma animação de computador mesclada a atores reais (reparem em como a pele do elenco é suavizada nas cenas em close, quase como se todo mundo fosse feito de veludo), Ultravioleta é completamente ausente de um mínimo de desenvolvimento para seus personagens, erra desavergonhadamente na dose de ação impossível, atesta o amadorismo do diretor ao editar as cenas de luta e vem com um roteiro que chafurda na estupidez, "brindando" a platéia com algumas das mais constrangedoras linhas de diálogo já proferidas diante de uma câmera. Pelo menos dá para tirar algum tipo de mórbido proveito cômico nisso, como na cena em que, trazida da morte pelo ajudante vampiro, a heroína pergunta indignada ao seu salvador: "Why? Why......?" (Por quê? Por quêêêêêê?). Não agüentei, tive que rir (de forma meio descontrolada) de toda a patacoada.

De que adianta ser linda se Milla Jovovich aceita fazer um lixo desse quilate? Um filme que, pretensamente, quer criar uma história de vampiros, mas com vampiros que não sugam sangue, são uns bostas e em comum com os demais vampiros do cinema só possuem os caninos salientes? Se é para optar por uma ficção científica com uma heroína renegada, muito melhor negócio é pegar uma sessão de Aeon Flux (Karyn Kusama, 2005), que tem uma proposta similar e não é nenhuma maravilha mas, perto desse aqui, pode ser considerado uma obra-prima.

Texto postado por Kollision em 22/Maio/2006