Cinema

A Bruma Assassina

X-Men 2
Título original: The Fog
Ano: 1980
País: Estados Unidos
Duração: 86 min.
Gênero: Terror
Diretor: John Carpenter (Fuga de Nova York, O Príncipe das Sombras, Eles Vivem)
Trilha Sonora: John Carpenter (Fuga de Nova York)
Elenco: Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Tom Atkins, Janet Leigh, John Houseman, Hal Holbrook, James Canning, Charles Cyphers, Nancy Kyes, Ty Mitchell, John F. Goff, George Flower, Regina Waldon
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 7

O apreço e a admiração que o diretor John Carpenter tem pelo escritor Edgar Allan Poe estão diluídos ao longo de toda a sua filmografia, coalhada de incursões pelo terror e pelo fantástico em maior ou menor grau de sucesso. A Bruma Assassina entra nesta lista, mas é um filme bem mais explícito na homenagem a Poe, que ganha uma de suas estrofes abrilhantando a abertura do filme e também uma velada lembrança na caracterização de um dos personagens (o padre feito por Hal Holbrook), deliberadamente concebida para lembrar a silhueta do lendário escritor.

A pequena cidade costeira de Antonio Bay, na Califórnia, está prestes a completar 100 anos de vida. Os preparativos para uma grande festa têm início, e histórias de sua origem são contadas à beira da fogueira. A mais assustadora diz respeito a um grande navio que se chocou contra as rochas graças a um nevoeiro brilhante que surgira misteriosamente na região. Na noite anterior ao aniversário da cidade, misteriosos eventos acontecem em vários lugares, coincidindo com o aparecimento de uma espessa bruma na região costeira de Antonio Bay e com o estranho sumiço de uma pequena tripulação em alto-mar. O marujo Nick (Tom Atkins) parte para investigar o ocorrido ao lado da namorada (Jamie Lee Curtis), sempre seguindo os alertas da radialista Stevie Wayne (Adrienne Barbeau), cuja posição privilegiada num farol a permite enxergar a névoa antes de todos os outros habitantes da cidade.

De produção independente, A Bruma Assassina é um dos primeiros esforços de John Carpenter dentro do cinema de horror, gênero ao qual ele contribuíra dois anos antes com o hoje clássico Halloween - A Noite do Terror. Co-responsável pelo roteiro e assinando a trilha sonora, Carpenter conseguiu conceber uma história de fantasmas com um charme todo particular, que consegue se sobressair mesmo diante dos baixos valores de produção e da escolha equivocada de parte do elenco. A mitologia criada em torno dos fantasmas que aparecem dentro da tal bruma é eficiente, e até mesmo os efeitos especiais não decepcionam. Apesar do filme ter envelhecido um pouco, há pelo menos a criação de um mínimo de suspense à medida em que o clímax da história se aproxima.

A curiosidade maior em relação a este filme é que aqui duas gerações de atrizes que se consagraram em filmes macabros atuam na mesma produção. Elas estão representadas por Janet Leigh, que fez a famosa cena do chuveiro em Psicose (Alfred Hitchcock, 1960), e sua filha Jamie Lee Curtis, a heroína do já mencionado Halloween. O mais interessante na escalação do elenco é que as feições de Adrienne Barbeau lembram muito uma Janet Leigh um pouco mais jovem. As três praticamente nem contracenam juntas, e é fácil constatar que Jamie Lee Curtis foi incluída na história somente para fazer número e servir de muleta para uns sustos aqui e ali. O restante do elenco, infelizmente, é de dar medo de tanta inexpressividade. Tom Atkins parece um pedaço de pau de tão insípido, e sua performance como o principal herói masculino realmente tira muito do brilho que o filme poderia ter tido. Coisa de fã: atentem para o diretor John Carpenter logo no início do filme, num papel não-creditado como o ajudante do padre Malone.

O DVD do filme não tem nenhum extra, e sofre do mesmo mal de outras obras de John Carpenter lançadas pela Universal: a legendagem, que neste caso vem com vários erros grosseiros de tradução.

Texto postado por Kollision em 23/Maio/2006