Cinema

King Kong [1976]

King Kong (1976)
Título original: King Kong
Ano: 1976
País: Estados Unidos
Duração: 129 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: John Guillermin (A Ponte de Remagen, Sheena - A Rainha das Selvas, King Kong 2)
Trilha Sonora: John Barry (Amor em Chamas, 007 Contra o Foguete da Morte, O Buraco Negro [1979])
Elenco: Jessica Lange, Jeff Bridges, Charles Grodin, John Randolph, Rene Auberjonois, Julius Harris, Jack O'Halloran, Dennis Fimple, Ed Lauter, Jorge Moreno, Mario Gallo, John Lone, Garry Walberg, John Agar
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 4

Aproveitando a idéia original de Merian C. Cooper e Edgar Wallace, o produtor Dino de Laurentiis, conhecido pela grandiloqüência de seus filmes, empreendeu a primeira refilmagem da célebre história do gorila gigante que vai parar em plena Nova York devido à paixão por uma donzela. Com roteiro creditado a um tal de Lorenzo Semple Jr., a nova versão da história era algo que realmente tinha a intenção de atualizar para os novos tempos a temática da expedição que encontra Kong, meio que acompanhando a evolução dos efeitos visuais no cinema. No entanto, nem sempre atualização é sinônimo de melhoria.

Graças à ganância do obstinado explorador de petróleo Fred Wilson (Charles Grodin), uma embarcação ruma em direção às águas menos navegadas do Oceano Índico à procura de uma ilha que se acredita desabitada, está envolta em névoa e é berço das maiores jazidas de ouro negro do planeta. Na tripulação está o professor de antropologia Jack Prescott (Jeff Bridges), que possui apenas interesses científicos na terra inexplorada, isso até que ele avista à deriva, em pleno oceano, a formosa figura da atriz Dwan (Jessica Lange), única sobrevivente do naufrágio de um iate. Assim que chegam à ilha, todos são surpreendidos por uma tribo local de aborígenes, que rapta a bela Dwan para dá-la como oferenda a seu deus, um símio gigante que se embrenha na floresta carregando a moça. Prescott parte no encalço do macacão, que não demora a se transformar no objeto de cobiça do explorador Wilson, tão logo ele descobre que seu precioso petróleo não passa de um sonho impossível.

O que este filme perde em escapismo em relação ao original, ganha proporcionalmente em pieguice romântica. Na esteira das inúmeras produções de monstro surgidas a partir da década de 50, há um quê de filme B que não existia no trabalho original de Merian C. Cooper, não obstante os esforços hercúleos da equipe de efeitos especiais em dar a maior autenticidade possível à criatura. E o principal culpado por tudo isso é o roteiro, que joga fora a absurda sensualidade da estonteante Jessica Lange por meio de uma protagonista boba, que recita o horóscopo do dia a cada cinco minutos e nem mesmo pôde contar com um simples sobrenome para sua personagem. Não fossem os vários momentos inadvertidamente cômicos da história, a tosquice de algumas passagens constrangedoras teria feito o filme ir pelo ralo completamente.

Com o passar dos anos, ficou mais do que evidente que este trabalho de John Guillermin adquiriu nuances nostálgicas, provavelmente o único motivo para que ele tenha uma parcela cativa de fãs dentro do grupo de apreciadores do cinema fantástico. A obra não tem o diferencial mágico dos efeitos em stop-motion do filme de 1933, nem a excelência digital da recriação mais recente de Peter Jackson, mas vale ao menos uma espiada por algumas decisões diferentes tomadas pelo roteiro (como o fato do clímax de passar à noite, no topo do World Trade Center, ao invés do icônico Empire State), e pela já mencionada presença radiante da srta. Lange, decididamente a mais apetitosa consorte do monstro em todos os filmes de Kong. O longa sai completamente dos trilhos quando o gorilão chega à civilização, passando por uma série de absurdos que o levam a um desfecho deveras sangrento, pelo menos para a época em que foi realizado.

Se depois dessa o espectador ainda tiver estômago para mais do mesmo, basta ficar sabendo que o diretor John Guillermin teve a audácia de aparecer com uma continuação, produzida em 1986 e estrelada por Linda Hamilton. Só vendo mesmo para acreditar...

Quanto a este King Kong, infelizmente não há um único extra acompanhando o filme em sua edição em DVD.

Texto postado por Kollision em 23/Maio/2006