Cinema

Anjos da Noite - A Evolução

Anjos da Noite - A Evolução
Título original: Underworld Evolution
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 106 min.
Gênero: Terror
Diretor: Len Wiseman (Duro de Matar 4.0, O Vingador do Futuro [2012])
Trilha Sonora: Marco Beltrami (A Profecia [2006], Cativeiro, A Substituta)
Elenco: Kate Beckinsale, Scott Speedman, Tony Curran, Derek Jacobi, Bill Nighy, Steven Mackintosh, Shane Brolly, Brian Steele, Zita Görög, Scott McElroy, John Mann, Michael Sheen, Sophia Myles, Richard Cetrone, Monica Hamburg, Lily Mo Sheen
Distribuidora do DVD: Sony Pictures
Avaliação: 6/10

Revisto em DVD em 29-ABR-2009, Quarta-feira

Apesar de ter perdido muito da força nesta revisão caseira, Anjos da Noite - A Evolução ainda consegue se elevar acima do primeiro filme em todos os aspectos possíveis. O roteiro é simples e não oferece muitas arapucas ou deixa as coisas tão sem explicação, permitindo que a narrativa se concentre quase que exclusivamente na ação, que é bastante ambiciosa e praticamente elimina conotações com o gênero ao qual vampiros e lobisomens originalmente pertencem. Os efeitos especiais são ótimos e o tom gótico continua bastante expressivo. A "romantização" dos personagens, por assim dizer, é algo que pode não agradar aos fãs mais radicais, mas com o tempo acabou ganhando força e até mesmo personificações para o público adolescente (ahn... Crepúsculo?). Admito que o que me atrai mais a atenção neste caso é Kate Beckinsale, com toda a certeza uma das vampiras mais belas já colocadas em celulóide. Para ficar perfeito mesmo só faltou aquele adorável sotaque inglês original que a moça tem!

A série continua em Anjos da Noite - A Rebelião.

A seção de extras do DVD é ajeitada. Há uma faixa de comentários com um monte de gente liderada pelo diretor Len Wiseman, mais de uma hora de especiais de making-of, o videoclipe de Her Portrait in Black do Atreyu e os trailers de A Casa-Monstro, Ultravioleta, Quando um Estranho Chama, O Detonador, O Exorcismo de Emily Rose e Stealth - Ameaça Invisível.

Texto postado por Kollision em 23-MAR-2006

Contrariando as expectativas e mesmo as críticas mais mordazes desferidas sobre o primeiro Anjos da Noite, o fato é que o trabalho idealizado e dirigido pelo estreante Len Wiseman angariou uma legião admirável de fãs. O que é mais ou menos compreensível, em tempos onde a safra de obras genuinamente decentes de horror são um produto em extinção, e o grosso da massa que freqüenta os cinemas ainda se impressiona com explosões em profusão e material pré-digerido para consumo direto. Se bem que "horror" não é exatamente o gênero em que é possível classificar o primeiro filme, indubitavelmente muito mais centrado na ação desenfreada que no aspecto tenebroso associado aos mitos do vampiro e do lobisomem.

Mas peraí... O que terá acontecido entre o filme original e a continuação? Seria a eterna guerra entre os vampiros e os lobisomens (ou lycans, para os iniciados neste universo) suficiente para a produção de mais um longa de fotografia úmida e desejo absurdo de expansão do seu visual gótico? Seria Len Wiseman capaz de corresponder às expectativas criadas com o razoável sucesso de seu filme de estréia, ainda que mantendo o mesmo ritmo cambaleante e as visíveis inconsistências de sua incursão no cinema fantástico? Ainda que seja difícil de acreditar, a resposta para estas duas perguntas é "sim", o que merecidamente corrobora o subtítulo da continuação e faz empalidecer o fraco primeiro exemplar da série, que já está desde já fadada a ser uma trilogia.

A saga da vampira guerreira Selene (Kate Beckinsale) e seu amante híbrido meio vampiro e meio lobisomem Michael (Scott Speedman) continua do ponto onde parou, com a adição providencial de relances do passado remoto das criaturas da noite: a desavença entre o primeiro vampiro Marcus (Tony Curran) e seu cavaleiro Viktor (Bill Nighy) acerca do destino de seu incontrolável irmão lobisomem William (Brian Steele). No presente, o trapaceiro Kraven (Shane Brolly) tenta em desespero acordar e eliminar Marcus, libertando um mal que pode trazer o fim tanto à raça dos vampiros quanto dos lobisomens. À espreita dos acontecimentos está o pai de Marcus e William, o enigmático Alexander Corvinus (Derek Jacobi), um ancião que pode ser a chave para que Selene e Michael derrotem a invencível e crescente ameaça despertada por Kraven.

Suntuoso e bastante valorizado por um design de produção vitaminado pelo budget mais generoso, esta continuação injeta sangue novo no conceito original, e espantosamente se distancia do clichê característico que obriga muitas continuações a contarem a mesma história do filme original. Não dá para permanecer reclamando da postura adotada pela mitologia canhestra do roteirista Danny McBride (principalmente no que diz respeito aos vampiros), mas pelo menos nota-se algum respeito pelo gênero no qual o filme se insere, seja na maquiagem horripilante de Marcus em sua forma mais selvagem, seja pelo gore generosamente capturado pelas lentes de Wiseman. Kate Beckinsale continua mortalmente linda, e capricha na caracterização mista de Ripley-Trinity-Terminator dada à sua personagem.

O difícil é digerir completamente, ou mesmo compreender, toda a balela sobre Alexander Corvinus e a origem das criaturas. Além disso, o cenário do filme se revela logo no começo como sendo algum vilarejo misterioso perdido nos alpes húngaros, o que não deixa de ser uma grande contradição na continuidade, já que a nítida impressão que é passada ao espectador durante todo o primeiro filme é que a história se passaria num lugar como Nova York... Tecnicamente falando, talvez sejam estas as maiores falhas do filme, que compensa o deslize com um ataque aos sentidos intenso, destilado ao longo de cenas de ação orquestradas com uma competência que agrada em cheio aos fãs do cinema de ação. O romance no meio é decorativo, mas passável.

Na mesma linha ensaiada por Blade II e Blade Trinity, Anjos da Noite - A Evolução representa um passo adiante em relação aos objetivos pretendidos (e não alcançados) pelos últimos filmes da série Blade: ação com pano de fundo calcado numa mitologia de horror. Se a carruagem continuar nesse passo, pode-se com certeza esperar algo de qualidade igual ou superior para a segunda continuação.