Cinema

Anjos da Noite

Anjos da Noite
Título original: Underworld
Ano: 2003
País: Alemanha, Estados Unidos, Hungria, Inglaterra
Duração: 121 min.
Gênero: Terror
Diretor: Len Wiseman (Anjos da Noite - A Evolução, Duro de Matar 4.0, O Vingador do Futuro [2012])
Trilha Sonora: Paul Haslinger (As Apimentadas - Mandando Ver, Show de Vizinha, Mergulho Radical)
Elenco: Kate Beckinsale, Scott Speedman, Michael Sheen, Shane Brolly, Bill Nighy, Erwin Leder, Sophia Myles, Robbie Gee, Wentworth Miller, Kevin Grevioux, Zita Görög, Dennis J. Kozeluh, Scott McElroy, Todd Schneider, Sándor Bolla, Hank Amos
Distribuidora do DVD: Europa
Avaliação: 4

Terror faz cruzamento entre ícones do próprio gênero e é revestido com roupagem de ação explosiva chupada de estética Matrix. Isso é o que resume Anjos da Noite (ou Underworld), estranha mistura de gêneros que não funciona muito bem em nenhum deles, tamanha a vontade dos realizadores em realizar um filme cool que, segundo os próprios, teria a pretensão de reinventar as histórias sobre vampiros e lobisomens.

Certa noite, o jovem residente de hospital Michael (Scott Speedman) é pego no fogo cruzado entre duas gangues que abrem fogo nos metrôs da cidade. Mal sabe ele que trata-se da equipe da vampira Selene (Kate Beckinsale) no encalço de um grupo de Lycans, ou lobisomens. Depois que o fogo do circo se apaga, Selene investiga o incidente e suspeita que os inimigos jurados dos vampiros estavam na verdade seguindo o humano Michael. Ela inicia então uma cruzada contra sua própria espécie para provar que o atual manda-chuva Kraven (Shane Brolly) está mancomunado com o líder dos lobisomens Lucian (Michael Sheen). De quebra, ela acaba se envolvendo com o humano que deveria matar, o que pode agravar ainda mais a guerra secular travada entre as duas espécies.

Underworld é o filme de estréia do diretor Len Wiseman, mais uma cria do meio da propaganda e dos videoclipes. Antes de generalizar a classe, é bom lembrar que deste meio também saiu gente boa como os irmãos Ridley e Tony Scott, ou os brazucas Fernando Meirelles e Walter Salles. No caso de Wiseman, pelo que ele mostra em sua primeira incursão no cinema, ainda temos que esperar muito para saber se ele tem talento ou não. Porque este filme é a prova cabalística de que cenários escuros e úmidos, efeitos digitais de última geração e tomadas com o bullet-time de Matrix não são o suficiente para sustentar um longa. Além disso, a desculpa de criar uma nova mitologia e inserir nela a figura do lobisomem e do vampiro não justifica alterações bizarras nas origens destes personagens como, por exemplo, vampiros dotados de batimentos cardíacos ou vampiros se alimentando do sangue de outros vampiros. As ligações entre as duas raças e as explicações de como a guerra começou tentam encobrir os furos de uma história tão capenga quando o carisma dos protagonistas. O desespero da equipe técnica em inovar é tanto que não há no filme uma única cena que se passe durante o dia. O que os vampiros fazem nesse período é uma incógnita, pois o roteiro deixa claro que os eventos não se passam apenas durante uma única noite.

Len Wiseman declarou que, apesar de não curtir muito os vampiros ou os lobisomens, queria fazer um filme de ação com os personagens. Uma grande contradição que definitivamente comprometeu o resultado de um projeto que criou tanta expectativa entre os fãs do gênero. Quando presente, a ação do filme é intensa, e pode até empolgar um pouco. Porém, como demonstram também os últimos filmes da série Blade, o cruzamento de terror e ação ainda está longe de render algo que preste de verdade. A fotografia saturada e os cenários gélidos constroem um pano de fundo interessante, e só. Kate Beckinsale é bonita e tem o tipo físico ideal para incorporar a vampira guerreira Selene, mas em momento algum transmite um mínimo de empatia. Talvez o fato dela ser a esposa do diretor ajude a justificar tal atitude. Já Scott Speedman não tem desculpa, e atravessa o filme inteiro sem rumo, fazendo cara de paisagem e se retorcendo quando a transformação em lobo se aproxima. Infelizmente, quase todo o elenco colabora para tornar a película ainda mais insípida, sendo que o único que parece um pouco mais à vontade é Michael Sheen, como o ameaçador chefe dos Lycans.

O segundo filme da série é Anjos da Noite - A Evolução.

A seção de extras inclui biografias do diretor e do elenco, um making-of curto de 5 minutos, várias flashes de entrevistas com toda a equipe e 12 minutos de interessantes cenas de bastidores. Há ainda o videoclipe de Worms of the Earth, da banda Finch, além dos trailers do próprio filme e de Confidence - O Golpe Perfeito, Por um Triz, Benjamim, O Clube do Imperador, Todo Mundo em Pânico 3 e O 5º Passo.

Texto postado por Kollision em 1/Fevereiro/2005