Só mesmo um diretor mercenário e que atua sob encomenda para comandar um suspense de serial killer que é uma espécie de supra-sumo dos clichês do gênero e também um exercício sobre a técnica de estender indefinidamente uma idéia para um curta de no máximo 15 minutos de modo que ela possa ser lançada em circuito comercial como um longa-metragem. Isso sem contar o fato de que trata-se da refilmagem de um filme homônimo lançado em 1979, que quem assistiu afirma não ser grande coisa mas, perto desse, pode facilmente ser alçado à categoria de obra-prima.
A história do filme é a história da adolescente Jill (Camilla Belle), que é colocada de castigo pelos pais depois de ter gasto uma fortuna em sua última conta de celular. Impedida de ir a uma festa com suas amigas, Jill acaba conseguindo um bico de babá numa casa afastada da cidade. Assim que é recepcionada pelo casal e fica sozinha no lugar com as duas crianças e a empregada, o telefone começa a tocar repetidas vezes. Silêncio, sussurros e uma voz estranha que parece saber o que ela está fazendo todo o tempo colocam a moça em pânico, enquanto o vento forte açoitando a vegetação ameaçadora do lado de fora só faz piorar o seu desespero.
De todas as coisas que existem de errado com este filme, além de sua concepção extremamente frustrante, a pior delas é a embromação a que a platéia é submetida durante 80% de sua duração. Afinal, o fato dele ser curto e ter menos de uma hora e meia não é justificativa para isso. Por quanto tempo um filme pode ficar mostrando alguém sofrer trotes sucessivos e se assustar com um gato peludo e ruídos vindos da geladeira? Talvez disposto a salvar um roteiro que não oferecia nenhuma inovação sequer, o diretor Simon West atira para todos os lados no que diz respeito a cenografia, ângulos estilosos e, principalmente, trilha sonora. Uma adolescente com os hormônios em ebulição jamais ficaria tão propensa a se assustar somente pelo fato de ficar sozinha numa casa enorme e lindíssima. Porém, como se dissesse que a garota está desconfiada de que alguma coisa ruim vai mesmo acontecer, a música de suspense toma conta de tudo desde o início, interferindo de forma bastante inadequada e denunciando algo que teoricamente não deveria ser tão evidente logo de cara.
A exposição do assassinato que rola durante os créditos de abertura também é extremamente imbecil, principalmente quando confrontada com o restante do filme. Está aí mais um estratagema utilizado para alongar um pouco mais a película. E não é preciso muito para perceber que o roteiro erra em suas premissas básicas... Por que contratar uma babá se a família já tem uma empregada que fica em casa? Além disso, tudo relacionado ao tal assassino do telefone também é torto e mal explicado. A protagonista não tem muita coisa com o que se debater além do pouco que o roteiro lhe dá, e se há um bônus no filme é que pelo menos Camilla Belle é uma graça, do tipo de beleza à la Britney Spears em começo de carreira. Mas nem isso Simon West soube aproveitar para brindar os fãs mais radicais do gênero com algo adicional, como a sempre bem-vinda nudez feminina acompanhada de um pouco de sacanagem.
Como não podia deixar de ser, o epílogo inútil no final da história também serve somente para colaborar com a colocação do filme na categoria de longa-metragem. Um grande desperdício de película e energia da pobre equipe técnica.
Texto postado por Kollision em 15/Maio/2006