Cinema

O Massacre da Serra Elétrica [2003]

O Massacre da Serra Elétrica (2003)
Título original: The Texas Chainsaw Massacre
Ano: 2003
País: Estados Unidos
Duração: 98 min.
Gênero: Terror
Diretor: Marcus Nispel (Desbravadores, Sexta-feira 13 [2009])
Trilha Sonora: Steve Jablonsky (Steamboy, Horror em Amityville [2005], A Ilha)
Elenco: Jessica Biel, R. Lee Ermey, Jonathan Tucker, Erica Leerhsen, Mike Vogel, Eric Balfour, Andrew Bryniarski, David Dorfman, Lauren German, Terrence Evans, Marietta Marich, Heather Kafka, Kathy Lamkin, Brad Leland, Mamie Meek, John Larroquette
Distribuidora do DVD: Europa Filmes
Avaliação: 8

Sem contar os protestos rancorosos destilados em todos os meios de comunicação pertinentes, uma enorme apreensão tomou conta dos fãs do clássico do baixo orçamento O Massacre da Serra Elétrica, um dos pilares do cinema de horror de todos os tempos, feito por Tobe Hooper nos idos de 1974. Tudo por causa da refilmagem produzida por Michael Bay (sim, ele mesmo, o mago do cinema descerebrado que cometeu Pearl Harbor) com o aval do criador Hooper, sob a direção do estreante alemão Marcus Nispel. A agonia foi ainda maior para os fãs brasileiros, que tiveram que esperar quase dois anos para botar os olhos no filme nos cinemas. Vai lá saber o que a distribuidora tinha em mente...

Recebida a bênção do criador, a refilmagem tomou forma e seguiu em frente, com um elenco capitaneado pela formosa Jessica Biel (vista em Blade Trinity) e um considerável respeito pela obra original. A transposição temporal foi evitada, e os eventos se passam na mesma época do primeiro filme (1973), sendo relatados num flashback granulado iniciado e terminado por John Larroquette, que gentilmente cedeu sua voz uma vez mais para gravar em celulóide as mesmas linhas que declamara na década de 70. E, sim, na maior parte do tempo de projeção, o que se vê é uma reformulação adequada, brutal e dotada de uma violência muito mais explícita que aquela mostrada no material original.

A trama, se é que é possível chamá-la assim, é basicamente a mesma. Trata-se da "reconstituição" da tragédia que acometeu um grupo de cinco jovens e blá-blá-blá... (John Larroquette manda ver, com voz mais madura e tão macabra quanto antes). O tal grupelho viaja de furgão através da região caipira do Texas, vindo a cair nas garras de uma família de canibais. O principal membro da família é um grandalhão retardado conhecido pela alcunha de Leatherface (Andrew Bryniarski), que tem a peculiar mania de perseguir suas vítimas e desmembrá-las com uma furiosa moto-serra.

Certas coisas foram mudadas em prol dos novos tempos. Repete-se a presença de um caronista, que aqui é o responsável por desencadear toda a merda. No original, a desculpa para estar no lugar errado e na hora errada era a visita à casa do avô da protagonista. No novo, é uma ida a um show do Lynyrd Skynyrd. As mortes por marretadas e perfurações são recicladas com impacto aumentado, e até mesmo a famosa cena de Leatherface serrando a própria perna reaparece. Uma das maiores diferenças, no entanto, é a família de canibais, que no remake é mais numerosa, tem mulheres em seu meio e recebe algumas nuances que tentam deixá-la um pouco mais tridimensional (o irmão menor e deformado de Leatherface, as trocas de máscara de pele do vilão, o status do chefe da família, etc.). Há até mesmo uma palhinha do rosto do assassino, o que não aconteceu por nenhum momento na primeira versão.

Não dá para se exigir muita coisa do elenco jovem, que não sai muito do padrão de atuação disseminado por filmes-matança da estirpe de Sexta-Feira 13 (há até um quase-sósia do apresentador da MTV brasileira Marcos Mion). É evidente, porém, que a escalação de Jessica Biel como a protagonista Erin foi um acerto e tanto. Má atriz ela não é, apesar de não se destacar com louvor em nada que faz. R. Lee Ermey está sinistro e, por conseguinte, excelente como o chefe do clã assassino. São os dois que sustentam praticamente toda a tensão da história, que não é amaciada em nada quando Leatherface, atlético e rápido como sua contraparte nunca foi no original, empunha sua terrível e fumegante moto-serra. A curiosidade do elenco é o garotinho deformado feito por David Dorfman, o filho de Naomi Watts em O Chamado, que tenta seguir aqui uma carreira de mini-astro do gênero.

Alguns equívocos aparecem na forma como os adolescentes são retratados, muito moderninha para uma trupe da década de 70. Além disso, certos sustos e situações são algo forçados. No entanto, tudo é compensado por uma brutalidade que parece desconhecer parâmetros, como mesmo os mais acostumados a esse tipo de filme poderão comprovar. O padrão estabelecido por Tobe Hooper foi atualizado com honra, e este O Massacre da Serra Elétrica merece o reconhecimento como a excelente refilmagem que é.

A edição dupla do DVD tem como adicionais no primeiro disco biografias e entrevistas curtas do elenco, diretor e produtores, 9 minutos de cenas de bastidores, o trailer do filme e também de O Pesadelo, Amaldiçoados e Old Boy. O disco 2 tem um making-of de mais de uma hora, 15 minutos de cenas excluídas com comentários do diretor, incluindo abertura e final alternativos, um documentário de 25 minutos sobre Ed Gein, o serial killer que inspirou, além deste filme, também Psicose e O Silêncio dos Inocentes, testes de câmera de Jessica Biel, Eric Balfour e Erica Leerhsen, o mesmo trailer do disco 1 mais 7 comerciais de TV, galeria de desenhos e fotos de produção e o vídeo-clipe da música Suffocate, do Motograde.

Texto postado por Kollision em 12/Março/2005 - Revisto em 11/Novembro/2005