Cinema

A Ilha

A Ilha
Título original: The Island
Ano: 2005
País: Estados Unidos
Duração: 136 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Michael Bay (Transformers, Transformers - A Vingança dos Derrotados)
Trilha Sonora: Steve Jablonsky (O Massacre da Serra Elétrica - O Início, A Morte Pede Carona [2007], Dragon Wars)
Elenco: Ewan McGregor, Scarlett Johansson, Sean Bean, Djimon Hounsou, Steve Buscemi, Michael Clarke Duncan, Ethan Phillips, Brian Stepanek, Noa Tishby, Siobhan Flynn, Troy Blendell, Jamie McBride, Kevin McCorkle, Gary Nickens, Kathleen Rose Perkins, Richard Whiten, Max Baker, Phil Abrams
Avaliação: 7

Michael Bay pode não ser lá o queridinho da crítica, mas a grande parte dos freqüentadores de cinema continua a fazer com que seus filmes se tornem inegáveis sucessos financeiros. Rei das explosões e das cenas de ação absurdas, Bay aventura-se agora numa ficção científica com toques filosóficos, desta vez sem o aval do parceiro de sempre Jerry Bruckheimer. Pelo porte do filme, não dá para perceber a diferença resultante da troca de produtor. E não há dúvida alguma de que o padrão 'Bay' de espetáculo também continua o mesmo.

Em algum lugar do ano de 2029, a sociedade foi reduzida a um grupo de sobreviventes de uma tal catástrofe que os isolou numa espécie de redoma intransponível. Vivendo dia após dia sob controle social rígido e ameaçados pela sombra da contaminação do mundo exterior, a única expectativa que todos têm é a possibilidade de ganharem na loteria e embarcarem numa viagem à 'ilha', o único lugar do velho mundo onde o sol ainda brilha e os antigos prazeres podem ser vivenciados. O sistema não parece assim tão perfeito para Lincoln Six Echo (Ewan McGregor), que começa a fazer perguntas e procurar respostas para o mistério de sua realidade. Perseguido pelo médico responsável pelo complexo (Sean Bean), Lincoln se vê obrigado a fugir com a amiga Jordan Two Delta (Scarlett Johansson) em busca da verdade acerca de sua própria existência.

A visão do diretor sobre a polêmica da clonagem humana bebe impiedosamente de filmes como THX 1138 (George Lucas, 1971) e Matrix (Wachowskis, 1999). Lincoln e Jordan são clones, e o processo que envolve tal constatação é a melhor coisa que existe em A Ilha. Dá até para acreditar, neste trecho do filme, que Michael Bay deixou de lado a pirotecnia da impossibilidade e resolveu investir numa história mais plausível para variar. A credibilidade do roteiro é bem suportada pelo ótimo elenco, em especial McGregor e Sean Bean, como o médico metido a Deus que desenvolve cópias de seres humanos reais para fins aparentemente nobres. Scarlett Johansson está estonteante em sua estréia num filme de ação. E Steve Jablonsky vai se firmando como compositor de blockbusters, meio que emulando o trabalho mais contemplativo de Angelo Badalamenti.

Os problemas surgem quando a história começa a ficar realmente movimentada. Há aquele punhado de cenas impossíveis de destruição das quais os heróis saem praticamente ilesos, mas nada se compara a algumas decisões bobas que o roteiro é obrigado a tomar. O fato de Jordan conseguir entrar com uma arma no complexo de clonagem e a atitude do chefe de segurança feito por Djimon Hounsou diante de Lincoln e sua contraparte original são os dois lances mais gritantes.

A combinação de polêmica e entretenimento não é de todo convincente, porém não chega a desapontar como diversão escapista. Levantar indagações filosóficas, que é algo logicamente esperado de um filme com este tema, quase fica em segundo plano por causa da ação desenfreada que pipoca lá pela metade da projeção. O futuro não é tão inclemente como parece ser no início, apesar da estarrecedora verdade com a qual a dupla de fugitivos precisa subitamente conviver. Cinematograficamente falando, ele se parece com aquele recentemente concebido por Steven Spielberg em Minority Report - A Nova Lei (2002), com sua fotografia fria e suas várias sondas e geringonças voadoras que parecem nem estar tão distantes assim dos dias atuais.

Texto postado por Kollision em 2/Setembro/2005