A longevidade da série iniciada com Todo Mundo em Pânico (2000) parece longe de esmorecer. Principalmente depois que David Zucker, o maior nome da comédia besteirol-satírica junto aos outros dois integrantes do famoso trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry, irmão de David) assumiu as rédeas da franquia no terceiro filme. Este quarto longa não é em nada diferente dos demais, apresentando um fiapo de história como desculpa para o desfile de reconstituições engraçadinhas dos filmes americanos de maior sucesso lançados após Todo Mundo em Pânico 3. Assim, o público-alvo se mantém concentrado em duas vertentes: aqueles que, por natureza, curtem esse tipo de humor, e aqueles que porventura tenham assistido aos filmes "homenageados".
Quem está no centro dos eventos é a recorrente loira Cindy Campbell (Anna Faris), que desta vez decide tentar ser enfermeira ao se candidatar a uma vaga de assistente social e encarar a tarefa de cuidar de uma senhora senil numa sinistra casa de subúrbio. Seu vizinho, o operador de guindaste Tom Ryan (Craig Bierko), tem problemas na educação dos filhos e é uma das principais testemunhas do extermínio iniciado por terríveis naves alienígenas conhecidas por tripods. Enamorados, os dois fazem o que podem para combater as ameaças dos aliens, investigando pistas malucas deixadas por japinhas fantasmagóricos, se aventurando dentro de uma vila esquisita com um monte de gente esquisita e encarando as assustadoras entranhas das naves alienígenas.
O fiapo de roteiro deste pastiche se baseia principalmente nos filmes O Grito, Guerra dos Mundos, Jogos Mortais e A Vila, sendo que, para este último, recomendo que quem ainda não o viu não ponha os olhos em Todo Mundo em Pânico 4. Sobra ainda para filmes mais sérios como O Segredo de Brokeback Mountain, e para bizarrices recentes protagonizadas por nomes famosos da cultura americana, como o acesso de loucura de Tom Cruise no programa de Oprah Winfrey e a conhecida amarelada do presidente George Bush diante do maior desastre da história recente dos Estados Unidos. E, como não podia faltar, há mais uma tiração de sarro com o eternamente estigmatizado Michael Jackson. O caldeirão de referências queria incluir outras coisas como A Casa de Cera e King Kong (que inclusive aparece no pôster do filme), mas as sátiras a estes filmes não puderam ser realizadas.
É preciso admitir que a maioria das piadas funciona, e elas são bem mais engraçadas para quem tiver assistido aos filmes nos quais elas se inspiram. Um dos grandes trunfos dos produtores foi trazer para o elenco o ator Bill Pullman, presente também no filme O Grito. Participações marcantes são as pontas de Charlie Sheen e Leslie Nielsen, em meio ao retorno de atores coadjuvantes que tiveram destinos ou papéis distintos em filmes anteriores. Mas quem se importa com isso quando a proposta do longa é colocar o maior número de gags no menor tempo de projeção possível? Anna Faris é o arquétipo da loira bonitinha e burrinha e continua caindo como uma luva em seu papel, mas a vozinha sempre sussurrada da moça enche o saco depois de algum tempo de filme. Craig Bierko, seu par, faz o dever de casa com a necessária cara de idiota, enquanto só falta matar a filha com sua peculiar atenção paternal.
Uma pena que o quarto final da película seja tão ruim, apressando a resolução (e o filme precisa disso?) e dando um final fácil e idiota para o conflito. O filme termina funcionando como nada mais que uma palhaçada rasteira para os cinéfilos mais assíduos, sem trazer nada de relevante à já batida fórmula da série.
Texto postado por Kollision em 13/Junho/2006