Revisto em DVD em 20-AGO-2007, Segunda-feira
Assistir aos filmes de Jason Bourne em seqüência é uma atitude que traz várias vantagens. Uma delas, obviamente, é acompanhar com um maior grau de discernimento a intrincada narrativa e as motivações dos personagens que habitam seu universo. A outra é constatar que Paul Greengrass conseguiu superar o resultado do filme original de Doug Liman, preservando sua identidade e desenvolvendo a trama com elegância. Eu tinha até me esquecido da espetacular cena de perseguição do clímax, que transforma as ruas de Moscou num palco de destruição sem precedentes.
Pergunto-me, no entanto, qual seria o porquê do título "Supremacia", adotado tanto no romance original de Robert Ludlum quando no longa-metragem. Será que é porque Bourne está sempre um passo à frente daqueles que querem vê-lo morto? Depois deste filme, a expectativa só pode ser a melhor para O Ultimato Bourne.
O DVD tem uma faixa de comentários de Paul Greengrass e vários especiais com duração média de 5 minutos na seção de extras: a seleção do elenco, a contratação de Greengrass com o objetivo de manter o senso de realismo da série, a seqüência da explosão do esconderijo do agente inimigo, locações, coreografia das lutas, a cena da perseguição em Moscou, o carro especial utilizado nas cenas perigosas, a fuga pela ponte e a trilha sonora de John Powell. Completam o pacote os trailers de Van Helsing - O Caçador de Monstros, Eclipse Mortal, A Batalha de Riddick e A Identidade Bourne.
Texto postado por Kollision em 4-OUT-2004 –
Há 3 anos, o diretor Doug Liman teve a capacidade de transformar o adulto ainda-com-cara-de-adolescente Matt Damon num espião perigosíssimo que dominava vários estilos de luta e falava inúmeras línguas, num filme de ação e espionagem que se tornou um inesperado sucesso: A Identidade Bourne. O filme pavimentou a carreira de ator sério de Damon, meio que cortando definitivamente o cordão umbilical que ainda o prendia ao colega Ben Affleck, que de certa forma começou a carreira junto com Damon mas seguiu um rumo de atuação diametralmente oposto ao do companheiro (Demolidor e Contato de Risco que o digam).
O espião Jason Bourne (Matt Damon) está agora vivendo na Índia com a namorada Marie (Franka Potente), longe dos perigos e da vida turbulenta mostrada em A Identidade Bourne. Porém, o passado insiste em assombrá-los, quando um perigoso assassino russo (Karl Urban) aparece de repente com a missão de eliminar Bourne. Após o confronto inicial, Jason se vê novamente envolvido num jogo perigoso envolvendo figurões da CIA e um mega-empresário russo, tendo que mais uma vez correr contra o tempo, lutar pela própria vida e, em última instância, tomar a iniciativa contra aqueles que colocaram sua vida em perigo. Incriminado e a seguir perseguido pela equipe de uma agente obstinada (Joan Allen) e por um enigmático figurão pelo ex-comandante de sua divisão secreta (Brian Cox), ele vai da Ásia à Itália, à Alemanha e depois à Rússia, numa desesperada corrida urbana para limpar o próprio nome.
Paul Greengrass abusa dos cenários urbanos numa estética frenética, que sempre mantém o espectador na ponta da cadeira. A sensação de suspense obtida é extremamente convincente, auxiliada por uma competentíssima trilha sonora de ação. A câmera nervosa nas cenas de luta e perseguição, no entanto, causa um certo desconforto pela edição algo rápida, tremida e entrecortada. É neste ponto que o desejo de realismo extremo do diretor parece se perder e exagerar na dose, cansando um pouco. O que é devidamente compensado pelo clima de tensão crescente, que explode num final eletrizante. O desfecho soa confuso, mas não diminui o impacto do filme, que é ainda assim bom o suficiente para garantir uma sessão de entretenimento bastante inteligente.>
Matt Damon está ótimo como Jason Bourne, passando a integrar o panteão moderno de heróis de ação, ao lado de medalhões da espionagem como James Bond (com a vantagem de já ter protagonizado dois filmes que dão de dez a zero em qualquer exemplar de Bond, coisa incontestável pelo menos no quesito seriedade e realismo). Joan Allen também está bem, enquanto Brian Cox confirma que parece ter se especializado ultimamente em papéis de vilões malignos ou amargos (como em X-Men 2, Tróia e O Chamado).