É uma seqüência ambiciosa para o despretensioso e, por isso mesmo, surpreendente Eclipse Mortal, feito pelo mesmo David Twohy em 2000. É um monumento à era dos efeitos em CGI, que mescla o que foi visto nos últimos exemplares de Star Wars dirigidos por George Lucas com os conceitos escapistas que os irmãos Wachowski desenvolveram para os dois últimos filmes da trilogia Matrix. E, no meio de tudo isso, um personagem secundário que ascendeu à categoria de anti-herói máximo de uma galáxia longínqua num futuro praticamente indeterminado: o assassino Riddick, feito por Vin Diesel.
Neste filme fica claro que Riddick é, para todos os efeitos, mais um brutamontes metido a durão, porém com coração mole, neste caso condicionado de acordo com as amizades que ele foi forçado a estabelecer em sua aventura anterior. Pois é só por causa delas que o cara se aventura a desafiar os Necromongers, uma raça dominadora que varre a galáxia subjugando ou exterminando todos os planetas que encontra pela frente. Por isso, a essência de seu personagem, que era a de um assassino de motivação dúbia, passa a ser direcionada à verve heróico-relutante que fez a fama de muitos outros antes dele. Se há alguma dúvida de que ele fará de tudo para ajudar o muçulmano Imam (Keith David) ou a agora adolescente Jack (Alexa Davalos), sabiamente rebatizada com um nome feminino, ela é logo deixada de lado quando Riddick põe seu couro na reta para salvá-los.
Enquanto bem realizado e produzido para os padrões das ficções científicas hollywoodianas, o filme não atinge todo o seu potencial devido à frieza com que os novos inimigos são introduzidos e à certa confusão que determinados personagens acabam causando dentro da história. A índole da ardilosa necro feita pela sem graça da Thandie Newton parece ir contra a própria ideologia dos conquistadores, que são mostrados como uma raça que extirpa o livre arbítrio das pessoas em nome de uma fé deturpada. A posição de líder todo-poderoso do lorde feito por Colm Feore não é muito bem estabelecida, e muito menos o papel da anciã "elemental" que sobrou para Judi Dench. Simplesmente não dá para esperar que se veja os extras do DVD para entender um pouco mais sobre todos estes novos personagens. Por isso a confusão, já que o universo de Riddick ainda está muito longe de ser tão popular quanto um Guerra nas Estrelas.
Os efeitos especiais, em geral, não decepcionam. Há muita pose de todo o departamento de arte em querer demonstrar a grandiosidade dos cenários (CGI ou não), e por isso tem-se a sensação de que o ritmo da narrativa é às vezes prejudicado. A seqüência da fuga ao nascer do sol a 700°C não convence nadinha... O nível da ação fica na média, mas nem todas as lutas são bem coreografadas. Na verdade há trechos em que tudo parece ter sido feito às pressas, como se o editor não tivesse mesmo muito material com o que trabalhar.
Ainda assim, a mitologia concebida por David Twohy é sólida, com um final apoteótico que abre caminho para uma aventura de cunho ainda mais escapista. Neste sentido, a cena que encerra o filme é espetacular. Quem se sobressai com isso são o astro Vin Diesel, cujo personagem ganha um passado misterioso relacionado ao de seus novos inimigos, e o coadjuvante Karl Urban, que parece ter nascido para fazer papéis do tipo antagônico-ameaçador (vide sua experiência anterior em O Senhor dos Anéis).
A seção de extras do DVD simples vem com um recurso de comentários em texto exibidos ao longo do filme, um passeio virtual pelos lugares e personagens do universo de Riddick, o diário de bordo do mercenário Toombs, uma apresentação rápida dos cenários do longa conduzida por Vin Diesel, um especial de 5 minutos sobre os efeitos especiais, um trailer do filme e os trailers de Van Helsing - O Caçador de Monstros, A Supremacia Bourne e o DVD especial de Eclipse Mortal.
Visto em DVD em 6-SET-2006, Quarta-feira - Texto postado por Kollision em 8-SET-2006