Vampyres (José Ramón Larraz, 1975)
Com: Marianne Morris, Anulka Dziubinska, Murray Brown, Brian Deacon, Sally Faulkner
A introdução de Vampyres é um primor de horror gótico: duas amantes lésbicas em plena atividade libidinosa (Marianne Morris e a playmate Anulka Dziubinska) são assassinadas misteriosamente, e morcegos de verdade voam a esmo no céu noturno enquanto os créditos iniciais são exibidos ao som de uma trilha sonora deliciosamente tétrica. A associação vampírica do título é provavelmente a única conexão explícita entre a cena inicial e o restante da história, que mostra a dupla de belas mulheres atraindo vítimas em potencial para um castelo decrépito. Apenas uma destas vítimas (Murray Brown) é mantida viva, enquanto o entra-e-sai do lugar não passa despercebido por um casal inocente que resolve acampar nas imediações. Os pontos altos do filme são a ambientação eficiente e o contraste entre a beleza das vampiras e a violência de seus ataques – o sangue esguicha e escorre com vontade, o que basicamente compensa a ausência de presas nas moças durante suas manifestações vampíricas. A ausência das presas também abre vários questionamentos sobre o fato delas serem ou não vampiras de fato, mas qualquer tentativa de racionalização acaba esbarrando no lado artístico/surreal da história. Mesmo com as omissões do roteiro e o ritmo titubeante, o resultado é com certeza interessante para quem aprecia um horror clássico de contornos eróticos.
Velozes e Furiosos 5 (Justin Lin, 2011)
Com: Vin Diesel, Paul Walker, Jordana Brewster, Joaquim de Almeida, Dwayne Johnson
Renovando uma longevidade que desafiou com unhas e dentes os prognósticos mais pessimistas, a série Velozes e Furiosos chega ao quinto longa com fôlego de dar inveja a James Bond. A história é continuação direta de Velozes e Furiosos 4, e se passa antes dos eventos mostrados na terceira parte. Após empreender fuga da prisão graças às atividades da irmã (Jordana Brewster) e do ex-policial e agora fora-da-lei Brian O'Conner (Paul Walker), Dominic Toretto (Vin Diesel) encontra abrigo no Rio de Janeiro. Depois que uma operação local arranjada pelo desgarrado Vince (Matt Schulze, desaparecido desde a primeira parte) dá em merda, eles convocam uma equipe de especialistas para realizar um último golpe contra o lorde local das drogas (o português Joaquim de Almeida), tendo ainda que se virar com a caçada humana empreendida pela equipe de um agente norteamericano (Dwayne "the Rock" Johnson). E dá-lhe explosões, perseguições alucinantes e muitas liberdades geográficas (para não dizer atrocidades) com relação ao Rio e à polícia brasileira. Uma coisa é fato: como um filme de ação, Velozes e Furiosos 5 é fantástico. O roteiro vai longe demais em inúmeros momentos, obrigando a plateia a desligar o cérebro para curtir a história e o climão emprestado de Doze Homens e um Segredo. Quem acompanha a série desde o início vai adorar a reunião de praticamente todos os personagens importantes, o que ajuda a ocupar o vazio deixado pela tensão entre Dom e Brian, que aqui é inexistente. Faltou também algumas tomadas diurnas dos cartões postais do Rio, cujas favelas e ruas foram em sua maior parte reproduzidas, de forma até competente, em Porto Rico.
E que venha a parte seis, como a provocação absurda que rola após os créditos dá a entender!
Hellraiser 3 - Inferno na Terra (Anthony Hickox, 1992)
Com: Terry Farrell, Doug Bradley, Paula Marshall, Kevin Bernhardt, Ken Carpenter
Depois da bagunça mostrada ao final de Hellraiser 2 - Renascido das Trevas, eis que temos nesta terceira parte o renascimento do mais famoso de todos os cenobitas (Doug Bradley), o carecão com pregos na cabeça que atende pela alcunha de Pinhead. O modo como ele ressurge é mais uma bagunça, só que desta vez ele vem à Terra para ficar, trazendo caos e destruição por onde passa. Sua antagonista agora é uma repórter novaiorquina (a gatíssima Terry Farrell) que decide investigar os segredos do cubo infernal depois de presenciar uma das mortes encomendadas por ele. Em tempos imemoriais Pinhead já foi humano, e é esse passado que retorna para, digamos, transformar Hellraiser 3 numa piada de mau gosto, o que é deveras triste considerando que o filme começa até bem. Os pontos altos, que são poucos, ficam por conta de um descarnamento interessante e do novo exército de cenobitas arregimentado pelo vilão. Por outro lado, o filme conta com um dos apanhados mais irritantes de personagens coadjuvantes que já vi, como provam o dono de boate sem noção e a garota desgarrada que não sabe o que quer da vida. Acredite, você torcerá para que eles morram o mais rápido possível.
Padre (Scott Stewart, 2011)
Com: Paul Bettany, Karl Urban, Cam Gigandet, Maggie Q, Lily Collins
Qualificado com louvor como terror futurista (seja lá o que isso significa), Padre só poderia ter sido feito mesmo a partir de material de HQs. O estilo me lembra um pouco um Anjos da Noite às avessas, uma vez que os vampiros são novamente colocados do lado do mal, enquanto do lado do bem estão padres dotados de habilidades extraordinárias, treinados pela própria igreja para derrotar a ameaça dos sugadores de sangue. Os vampiros foram erradicados e aparentemente extintos, a igreja controla todo o mundo por meio da tecnologia, e tal qual veteranos de guerra os padres foram esquecidos e relegados à margem da sociedade. Porém, quando a sobrinha de um ex-padre em conflito de fé (Paul Bettany) é raptada por vampiros, o cara desafia as ordens da igreja para procurá-la. Apesar de bem intencionado em sua tentativa de estabelecer uma mitologia própria, com um adequado senso de estilo na composição de cenas e situações, Padre peca gravemente por se parecer demais com seus predecessores e por não apresentar qualquer diferencial digno de nota (o domínio religioso por meio da tecnologia não empolga). Para piorar, não é dada nenhuma explicação para os dons fantásticos que os heróis possuem - seriam eles divinos? Acho que será preciso algo mais ou menos nessa linha para que uma continuação seja produzida...
Slash - Rock do Terror (Neal Sundström, 2002)
Com: James O'Shea, Steve Railsback, Zuleikha Robinson, Nick Boraine, Danny Keogh
Mais um suspense meio esquizofrênico que resolve trocar de rumo no meio do caminho, Slash - Rock do Terror pega emprestada a atmosfera amalucada de Colheita Maldita para contar o infortúnio de uma banda de rock que se vê presa num descampado rural quando seu vocalista retorna à fazenda da família para o velório de uma parente falecida. O início envolvendo uma promessa de gravação de disco logo é esquecido assim que a bizarrice toma conta da tela, envolvendo o avô psicopata do protagonista e uma série de assassinatos violentos. Exalando baixo orçamento por todos os poros, Slash se esforça para manter um interesse mórbido em torno do assassino, cuja identidade é guardada a sete chaves até o clímax. O nível de gore é tímido, o elenco é em sua maior parte deficiente e não há praticamente nada de "rock" associado a terror, como o subtítulo brasileiro evoca. O veterano Steve Railsback (Força Sinistra) pelo menos parece estar se divertindo com suas tiradas irônicas, que satirizam e ao mesmo tempo potencializam a ideia do caipira sinistro capaz de te degolar com uma pá quando você menos espera. Para substituir aquela sessão de dramalhão chororô típica de Super Cine.
Texto postado por Edward em 4 de Junho de 2011