Karatê Kid 3 - O Desafio Final (John G. Avildsen, 1989)
Com: Ralph Macchio, Pat Morita, Thomas Ian Griffith, Robyn Lively, Sean Kanan
Há vários problemas que infelizmente denigrem a eficiência de Karatê Kid 3. A maioria deles decorre do exagero aplicado ao contraste existente entre a filosofia pacifista de Miyagi (Pat Morita) e as ideias do ambicioso Terry Silver (Thomas Ian Griffith), um magnata que é ao mesmo tempo um mestre do karatê e benfeitor econômico da antes gloriosa academia Cobra Kai, humilhada no primeiro filme quando Daniel (Ralph Macchio) derrotou seus impiedosos campeões no tatame. Tomando as dores do derrotado, falido e rancoroso sensei dos Cobra Kai (Martin Kove), Silver arquiteta um plano para humilhar Daniel antes e durante a sua luta pela defesa do título conquistado no ano anterior. Com eventos que se passam imediatamente após o retorno de Miyagi e Daniel-san do Japão e aproximadamente um ano após a primeira história, o filme já soava meio perdido no tempo quando foi lançado. Hoje, suas falhas ficam evidentes devido àquilo que mencionei acima: o contraste entre o pacifismo e a agressividade, resolvido de forma injusta num clímax equivocado. Em outras palavras, Daniel-san pode ser um rapaz pacifista, mas nem por isso ele precisa ser um molenga completo. Custava caracterizá-lo de forma menos incompetente? O desgaste da fórmula também é evidente, e se existe algum charme no filme ele ocorre graças à presença sempre iluminada de Pat Morita.
Piranha (Alexandre Aja, 2010)
Com: Elisabeth Shue, Steven R. McQueen, Jerry O'Connell, Ving Rhames, Christopher Lloyd
Caminhões de sangue e muita maquiagem realista para um festival de gore, numa refilmagem que tinha tudo para ser bombástica graças aos recursos cinematográficos hoje disponíveis. Apesar de tudo isso, este novo Piranha consegue ficar abaixo do esperado. O conflito praticamente inexiste, sendo criado e desenvolvido a partir das piores bobagens e clichês do gênero. A ideia básica é que um terremoto provoca uma fissura no fundo de um lago, libertado um cardume de piranhas pré-históricas assassinas no cais de uma cidadezinha turística apinhada de gente. Quem percebe a ameaça é a xerife (Elisabeth Shue), que obviamente não vai conseguir tirar o povo da água a tempo. Em paralelo, seu filho adolescente (Steven R. McQueen) se torna o pivô de um encalhamento no lago que coloca em risco crianças, mulheres nuas e um diretor de filmes pornográficos (Jerry O'Connell, talvez o personagem menos ruim de todos). O humor feito sobre o universo adolescente é datado, e o esperado humor negro só consegue provocar alguma resposta quando recorre a desmembramentos extremos. Isso seria tolerável para um pastiche com proposta semelhante, mas o desfecho tem a capacidade de ser um dos mais imbecis de todos os tempos. Basta dizer que não há recompensa para a jornada, e a impressão que fica é que o filme termina porque o dinheiro acabou. Os efeitos 3D, mais uma vez feitos na pós-produção, continuam a patinar em cenas de close dos atores. Em se tratando de piranha, o negócio é mesmo desenterrar o original de 1978, que tinha menos panca e muito mais charme.
Succubus (Jesus Franco, 1969)
Com: Janine Reynaud, Jack Taylor, Michel Lemoine, Américo Coimbra, Lina De Wolf
Um dos trabalhos iniciais da carreira de Jesus Franco, Succubus é um exercício em abstração que mescla com irregularidade duas características que se tornariam uma constante na obra do cineasta espanhol: o erotismo e o surrealismo. A história é uma viagem um tanto quanto conturbada pela mente de uma stripper experiente (Janine Reynaud) que faz sucesso com um número de sadomasoquismo, mas está cada vez mais incomodada com alucinações onde ela sempre acaba matando o parceiro. O dono da boate onde ela trabalha (Jack Taylor) é mais do que solícito em ajudá-la, enquanto um homem estranho que parece estar no controle da situação (Michel Lemoine) observa tudo de longe. Indicado somente aos iniciados nas esquisitices de Franco, Succubus é peculiar por ainda possuir a mesma qualidade dos primeiros trabalhos do diretor (que visivelmente se degradaria com o tempo) enquanto não faz concessões à confusão provocada pela história desconexa. Janine Reynaud não consegue sustentar sozinha a carga esperada de fetiche, e infelizmente não é ajudada pelas demais atrizes. O resultado é um filme arrastado e insatisfatório. Em tempo, a definição de súcubo: um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital!
Pânico na Floresta (Rob Schmidt, 2003)
Com: Desmond Harrington, Eliza Dushku, Emmanuelle Chriqui, Jeremy Sisto, Lindy Booth
Com a rodovia impedida devido a um acidente, médico atrasado para um compromisso (Desmond Harrington) decide pegar um atalho de terra pela floresta, causando um acidente ao bater na van de um grupo de jovens que iam acampar. Sem alternativa, dois deles ficam com os carros enquanto os demais continuam a viagem a pé à procura de ajuda. Infelizmente, o que eles encontram pela frente é uma família de caipiras deformados com hábitos nada hospitaleiros para com estranhos. Utilizando praticamente a mesma ideia reciclada muitas e muitas vezes após o lançamento de Quadrilha de Sádicos (1977), Pânico na Floresta entrega exatamente aquilo que se propõe a fazer, sem mais nem menos. O filme veio na esteira da refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica, tendo sido na verdade produzido quase que ao mesmo tempo. A estética é bem parecida, embora Pânico na Floresta seja menos ambicioso e tenha mais em comum com outra refilmagem, o brutal Viagem Maldita. O longa é razoavelmente violento, tenso e marcado pelas situações de sempre, com uma performance decente (para esse tipo de obra) de Eliza Dushku. Uma das coisas que me chamou a atenção aqui é a semelhança não proposital entre o grupo de bandidos da floresta e os Thundercats. Confiram lá: tem um que parece o Lion e outros que lembram Tygra e Panthro. Até Wilykat dá o ar da graça!
Jogos Mortais - O Final (Kevin Greutert, 2010)
Com: Sean Patrick Flanery, Costas Mandylor, Betsy Russell, Chad Donella, Tobin Bell
Dizem que este é o último capítulo da saga do assassino Jigsaw. Por um lado, eu gostaria que isso fosse verdade por causa do seu desfecho, que faz a saga rodar em círculos com uma pegadinha manjada e algo previsível (principalmente pelos mais fanáticos). Por outro lado, as pontas soltas permanecem tão ou mais fortes que nos filmes anteriores, e permanece o ar a oportunidade para fazer algo diferente e eventualmente desmistificar uma ideia que já deu o que tinha que dar. Na história de Jogos Mortais - O Final, o detetive Hoffman (Costas Mandylor) volta toda a sua fúria assassina contra Jill Tuck (Betsy Russell), a viúva e comparsa de Jigsaw (Tobin Bell). Enquanto isso, um novo jogo tem início quando um dos sobreviventes das armadilhas mortais (Sean Patrick Flanery) é capturado e tem suas convicções postas à prova conforme a peculiar ideologia já conhecida por todos. Com a obrigação de ser mais ousado e explícito na violência por ter sido feito em 3D, o filme é na verdade mais do mesmo e de novo só traz o enfoque maior na relação de ódio entre Hoffman e Jill. Tobin Bell aparece pouco mas protagoniza a melhor cena do filme, quando é mostrado um encontro sinistro que ele tem com o protagonista dos novos jogos mortais.
No mais, será este de fato o fim? Só acredito se a série for deixada em paz por no mínimo uns três anos!
O Pesadelo (Stephen Kay, 2005)
Com: Barry Watson, Emily Deschanel, Tory Mussett, Skye McCole Bartusiak, Philip Gordon
Certos filmes nos vencem pela insistência, como este O Pesadelo. Edição dupla de filme de terror por R$9,90? Tô dentro! Finalmente pude ver o que tanto alardeavam de ruim sobre esta obra, que vinha com o selo de aprovação de Sam Raimi como produtor mas foi massacrada por público e crítica em 2005. Indo direto ao ponto, O Pesadelo nada mais é do que uma tentativa de dar forma definitiva ao mito do bicho-papão, a criatura imaginária escondida dentro do armário que vive assombrando crianças. Tim (Barry Watson) é um rapaz que cresceu traumatizado por presenciar o pai sendo levado pelo monstro. Com a morte súbita da mãe, ele precisa voltar para casa e confrontar seus medos, que voltam a ganhar forma e ameaçar as pessoas mais próximas. É interessante notar que a principal causa do desastre do filme, como uma obra de horror, é o roteiro truncado e indeciso, que falha em estabelecer um mínimo de suspensão de descrença e faz todo o elenco pagar mico. Por outro lado, é preciso elogiar o trabalho isolado de direção: Stephen Kay mostra que consegue criar momentos de excelente atmosfera sombria, que são infelizmente desperdiçados pela história sem pé nem cabeça. É uma pena que ele tenha se voltado exclusivamente a dirigir para a TV depois do fracasso de O Pesadelo. Atenção para a participação de Emily Deschanel (a irmã menos conhecida de Zooey) como a namorada de infância do protagonista.
Red - Aposentados e Perigosos (Robert Schwentke, 2010)
Com: Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren, Morgan Freeman, Mary-Louise Parker
Logo no começo, o logotipo da DC Comics entrega que Red é baseado numa HQ. O que não é de se estranhar, dado o tratamento meio alucinado dado à história do grupo de agentes aposentados da CIA que se torna alvo de uma conspiração maluca cujo objetivo é eliminar todos eles. Frank Moses (Bruce Willis) é o primeiro a ser pego de surpresa, e precisa levar junto em sua fuga a moça que tem paquerado via telefone nos últimos meses (Mary-Louise Parker). Enquanto tenta juntar as peças do quebra-cabeças e entender porque sua turma está marcada para morrer, ele dá um jeito de convocar velhos amigos, entre eles John Malkovich, Morgan Freeman, Helen Mirren e Brian Cox. Red não está preocupado em ser muito coeso em sua trama detetivesca, mas usa-a como um pretexto decente para boas cenas de ação e para ótimas situações envolvendo cada um dos atores veteranos escalados. Confesso que fiquei feliz de ver Ernest Borgnine de volta num filme, pois eu pensava que ele já tinha morrido! Outra grata surpresa é ver Karl Urban se saindo bem no papel do principal antagonista da turma de aposentados. Nota-se claramente que o elenco se divertiu à beça fazendo o filme, o que por si só já é garantia de que a sessão vale a pena. Eu já espero pela continuação!
Divagações postadas por Edward de 16 a 20 de Novembro de 2010