Reproduzo a seguir o texto do jornalista Enock Cavalcanti, publicado na coluna Zona Livre da edição 313 do jornal Circuito Mato Grosso, que saiu na semana de 28 de Outubro a 3 de Novembro (veja o artigo original aqui):
Meus amigos, meus inimigos. Está rolando, no Cine Teatro Cuiabá, mais uma edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá. É uma experiência exitosa que enche a casa e faz vibrar a galera do audiovisual em nosso Estado, que só faz aumentar. Sim, se multiplicam em Cuiabá os culturetes que se dedicam à chamada sétima arte. São atores, atrizes, roteiristas, diretores de cinema, produtores. Nesta capital de Mato Grosso já tem gente que acorda e dorme pensando e trabalhando pelo cinema. Esta, sem dúvida nenhuma, é uma grande conquista que tivemos, nestes tempos de afirmação de Mato Grosso. Cada vez mais nos livramos daquele epíteto de 'estado onde os jacarés passeiam nas ruas', para transformarmo-nos em alguma espécie de maravilha encravada no Centro Oeste brasileiro.
Comemoro a realização de mais este festival de cinema, mas continuo embatucado com esta história de que o Cine Teatro Cuiabá ainda não incluiu, na sua programação rotineira, o lançamento de filmes a serem ofertados a toda a nossa população cuiabana. Pelo que vejo, o Cine Teatro foi transformado numa casa que acomoda eventos especiais, mostras de arte, muitos espetáculos teatrais - mas nada de matinês aos domingos, para a garotada, e nada de sessões de cinema, durante a semana, a partir do meio-dia, com os grandes lançamentos em voga.
Sim, fico lamentando que, na tela do Cine Teatro, esta semana, não esteja sendo exibido, com o mesmo êxito que vem tendo nos cinemas dos shoppings, o segundo capítulo da saga "Tropa de Elite". É um filme que não me agrada particularmente, mas eu bem que gostaria de ver as filas se formando, diante do guichê do Cine Teatro, com o povão se reunindo para curtir uma agitada sessão de cinema no centro de nossa capital. E teríamos os dramas românticos, as comédias, os mercenários do Stallone e toda esta tropa de atrações que faz a alegria e a magia do cinema.
Sim, vibro com a realização de mais um festival de cinema, em Cuiabá, mas acho que é um festival que acontece meio envergonhado, meio sem jeito, num Cine Teatro que, pelo mal feito dos burocratas, não foi reaberto, ainda, para uma intensa e ininterrupta exibição de cinema para o novo povão. Menos shopping e mais Cine Teatro - essa minha humilde receita.
Esta edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá foi a 17ª, e pela segunda vez consecutiva não tive a oportunidade de prestigiá-la. Faço minhas as palavras do Sr. Cavalcanti sobre o foco da programação do reformado Cine Teatro Cuiabá, que se resume quase que exclusivamente a apresentações teatrais obscuras sem apelo algum junto ao grande público. Além disso, abrigar o festival no local pode até parecer uma boa ideia, que no entanto se mostra falha porque a infraestrutura existente não é amigável aos cinéfilos (poucas opções adjacentes de lazer, acesso dificultado pela localização, estacionamento limitado, entre outros).
Ainda me lembro do cartaz de Striptease, que ficou por muito tempo exposto na vitrine quebrada mesmo após o fechamento do Cine Teatro Cuiabá, há mais de uma década. Reinaugurado em 22 de Maio de 2009, ele permanece como um grande elefante branco dentro da agenda cultural da capital de Mato Grosso. Afinal, cinema é algo que não existe nesta nova etapa do Cine Teatro. A não ser num festival de uma semana realizado uma vez ao ano.
Texto postado por Edward em 6 de Novembro de 2010