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Filmes Vistos em Fevereiro - Parte 2

E estes foram os dois únicos filmes vistos do meio para o final de Fevereiro, no mês com menos sessões desde que este site/blog foi ao ar pela primeira vez!

Por que será?

Cloverfield - Monstro (Matt Reeves, 2008) 9/10

Com: Michael Stahl-David, Jessica Lucas, Odette Yustman, Lizzy Caplan, T.J. Miller

Um recado principalmente para aqueles que apreciam filmes de monstro, mas acreditam que hoje em dia um gênero tão batido está saturado: não subestimem este filme. E também não dêem ouvidos a quem tenta destratá-lo por taxá-lo como uma variação de A Bruxa de Blair. A realidade é diferente e também me pegou de jeito, já que entrei na sala de cinema sem qualquer expectativa que fosse além de passar o tempo da maneira mediana esperada de mais um pastiche norte-americano. Basta saber que a história toda é filmada através da câmera de um grupo de jovens que, no meio de uma festa em Manhattan, são surpreendidos por um estrondo e passam a fugir em desespero de uma criatura maior que a estátua da liberdade. A edição de som do filme é impressionante, os efeitos especiais são decentes e as atuações do elenco não comprometem a tensão absurda suscitada em determinadas passagens. Perdoando as liberdades criativas em torno de se manter uma câmera ligada todo o tempo enquanto a casa cai, a viagem é pura adrenalina. O estilo só peca pelo excesso ao excluir a palavra monster de seus diálogos, o que daí já é um pouco demais.

Medo (Ji-woon Kim, 2003) 8/10

Com: Su-jeong Lim, Geun-yeong Mun, Kap-su Kim, Jung-ah Yum, Seung-bi Lee

Alguém deveria dar um jeito na casta de “profissionais” responsáveis por renomear os filmes estrangeiros para o mercado nacional, como comprova o título deste horror coreano. O nome em inglês, por exemplo (A Tale of Two Sisters), é infinitamente mais decente que esta aberração lançada em DVD como Medo.

Duas irmãs retornam à casa do pai após passarem algum tempo num tipo de internato ou hospital. Uma delas é mais calada, e a outra atua como sua protetora. Elas não se dão nada bem com a madrasta, e o pai parece não querer se intrometer muito em suas brigas. Quando coisas estranhas começam a acontecer na casa, percebe-se que há um segredo tenebroso dentro da família.

Por algum motivo obscuro, a arte da capa do disco me lembra Stanley Kubrick em sua fase de O Iluminado (menininhas lado a lado ensangüentadas, talvez?). Como cinema, Medo é notório por ostentar uma atmosfera lúgubre de horror psicológico, que causa estranheza e esconde em suas entrelinhas revelações múltiplas que subvertem sua própria categorização de horror sobrenatural. Os pontos fortes que vêm com o desfecho da história também são os responsáveis por desabonar várias passagens presentes no longa, em especial aquelas que mais lembram os recentes filmes de horror orientais.

Alguns diálogos não encaixam, e embora muitas cenas soem fora de propósito, o filme acaba sendo mais uma daquelas obras que, assim como Prelúdio para Matar, O Sexto Sentido e Cidade dos Sonhos, clamam por uma sessão revisionista para uma avaliação mais apurada do roteiro. A seu favor, o diretor Ji-woon Kim consegue impôr um apurado senso de sutileza, apoiado por ótima cenografia e trilha sonora. Independente da impressão final da platéia, ele concebe um filme que merece ser visto.

Divagações postadas por Kollision em 3 de Março de 2008