Cinema

Spartacus

Spartacus
Título original: Spartacus
Ano: 1960
País: Estados Unidos
Duração: 196 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: Stanley Kubrick (Lolita, Dr. Fantástico, 2001: Uma Odisséia no Espaço)
Trilha Sonora: Alex North (Cartas Envenenadas, Uma Rua Chamada Pecado [1951], A Morte do Caixeiro Viajante)
Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles Laughton, Peter Ustinov, Tony Curtis, John Gavin, Nina Foch, John Ireland, Herbert Lom, John Dall, Charles McGraw, Joanna Barnes, Harold Stone, Woody Strode, Peter Brocco, Paul Lambert, Robert J. Wilke, Nick Dennis, John Hoyt, Frederick Worlock
Distribuidora do DVD: Universal Pictures
Avaliação: 9

Único épico dentro da filmografia reduzida e extraordinária de Stanley Kubrick, Spartacus foi a resposta de Kirk Douglas a Ben-Hur, filme que ele queria ter feito mas cujo papel caiu nas mãos de Charlton Heston. Douglas, que já havia colaborado com Kubrick em Glória Feita de sangue (1957), acabou novamente sob a direção do cineasta após a saída do diretor Anthony Mann, despedido logo no começo das filmagens e rapidamente substituído por Kubrick. Incerto com um jovem diretor, o estúdio reclamou mas finalmente concordou com a decisão devido à insistência do também produtor executivo Douglas. Kubrick, então com 31 anos, assumiu com todas as forças a tarefa de terminar a obra.

Spartacus (Kirk Douglas) foi um escravo desde muito jovem, numa época em que o Império Romano dominava toda a extensão civilizada do velho mundo. Comprado pelo mercador de escravos Batiatus (Peter Ustinov), ele é levado a um campo de treinamento para se tornar um gladiador e posteriormente participar das lutas nas arenas, divertindo os ricos aristocratas romanos. Mesmo cativo, ele se afeiçoa a uma das escravas (Jean Simmons). Quando o general Crassus (Laurence Olivier) aparece e exige uma apresentação de gladiadores até a morte, Spartacus é escolhido para lutar. O desfecho da luta, os maus-tratos do cativeiro e a venda do objeto de seu afeto a Crassus afetam o herói de tal modo que ele inicia uma revolta, o que acaba por libertar todos os escravos de Batiatus. Logo a revolução escrava tem início por toda a região, o que forçará Crassus, o senador Gracchus (Charles Laughton) e os governantes de Roma a tomar decisões políticas e militares para tentar conter o levante rebelde.

Mais um drama e uma declaração de amor ao ideal de liberdade que um filme repleto de ação desenfreada, Spartacus é o trabalho que menos carrega as características do esplêndido cineasta que foi Stanley Kubrick. É óbvio que isso acontece pelo fato do diretor ter assumido um trabalho iniciado por outro, não ter tido controle total sobre a produção e não estar completamente de acordo com o roteiro que estava filmando. Ainda assim, trata-se de um filme extremamente bem-acabado, com ênfase maior nos relacionamentos humanos e na imagem de Spartacus que no espetáculo de violência associado à luta de gladiadores, por exemplo.

O elenco é fantástico. Kirk Douglas está bem no filme, mas o show fica mesmo por conta dos atores britânicos. As melhores cenas e diálogos, por exemplo, estão reservadas à dupla Peter Ustinov e Charles Laughton, que discorrem sobre mulheres e sobre os temas políticos de Roma com idêntica maestria e um humor ligeiramente ácido. Sir Laurence Olivier está sinistramente caracterizado. Sua atitude dissimulada e ligeiramente duvidosa sexualmente é destilada a passos lentos ao longo do filme, atingindo um ápice de maldade na seqüência final. Atenção a Tony Curtis no papel de um escravo poeta, que protagoniza ao lado de Douglas um diálogo equivocadamente piegas que, infelizmente, poderia ter ficado de fora da montagem final.

Os extras incluem vários filmes curtos com material de divulgação da época, premiéres e reportagens. Há rápidas entrevistas promocionais com Jean Simmons e Peter Ustinov. A entrevista de 1992 com Ustinov, um pouco mais longa, é hilária, atesta a boa persona do ator e traz revelações interessantes sobre alguns conflitos internos que surgiram durante a elaboração do filme. Um behind-the-scenes de 5 min. sobre a escola de gladiadores, outro de 15 min. sobre os "10 de Hollywood" (cineastas e escritores condenados pelo governo da época por seus supostos envolvimentos com o comunismo, entre eles Dalton Trumbo, o roteirista de Spartacus), storyboards e o trailer da produção completam o pacote.

Texto postado por Kollision em 22/Agosto/2004