Contundente, surpreendente e marcante. Assim é Glória Feita de Sangue, drama sobre a Primeira Guerra Mundial que permanece forte como uma obra-prima cinematográfica sobre o tema da guerra. Estabeleceu de uma vez por todas e de forma brilhante o status de grande diretor que Stanley Kubrick já esboçara em O Grande Golpe, feito no ano anterior.
Kirk Douglas, um dos principais responsáveis pela execução do filme (que encontrara rejeição dos estúdios devido ao tema delicado do roteiro), faz o papel do Coronel Dax, comandante de um destacamento que faz oposição aos alemães na fronteira da França. Relutantemente ele aceita do arrogante general Mireau a missão suicida de tomar a colina de Ant Hill, dominada pelos inimigos. A investida é realizada, mas não é bem-sucedida, e as conseqüências do fracasso determinam o tom do resto do filme. O general instaura corte marcial para julgamento de parte da tropa por covardia diante do inimigo, cuja punição esperada é o pelotão de fuzilamento. É então que Dax, na vida civil um advogado em direitos humanos, decide assumir a defesa dos soldados e tentar reverter a decisão absurda.
O filme foi proibido por décadas em vários países, inclusive a França. Sua força reside em mostrar de forma transparente os jogos de política e interesse por trás de uma guerra, que muitas vezes terminam por sacrificar as vidas de muitos soldados em resposta à arrogância de militares incompetentes. Os diálogos são incisivos, marcantes, e em alguns momentos recheados de metáforas que atingem profundamente a figura intocável do sistema militar. Kirk Douglas e George MacReady estão excelentes como Dax e Mireau, respectivamente, assim como o resto do elenco. Curiosidade: Susanne Christian, que aparece cantando na inesquecível seqüência final do filme, viria a ser a futura sra. Kubrick.
O trailer original do filme está na seção de extras do DVD, assim como um artigo sobre a realização da produção.
Texto postado por Kollision em 20/Junho/2004