Cinema

Barry Lyndon

Barry Lyndon
Título original: Barry Lyndon
Ano: 1975
País: Inglaterra
Duração: 185 min.
Gênero: Drama
Diretor: Stanley Kubrick (O Grande Golpe, Laranja Mecânica, De Olhos Bem Fechados)
Trilha Sonora: Leonard Rosenman (Juventude Transviada), The Chieftains
Elenco: Ryan O'Neal, Marisa Berenson, Leon Vitali, Patrick Magee, Hardy Krüger, Steven Berkoff, Gay Hamilton, Marie Kean, Diana Körner, Philip Stone, Murray Melvin, Frank Middlemass, André Morell, Arthur O'Sullivan, Godfrey Quigley, Leonard Rossiter, John Bindon, Roger Booth
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 8

Barry Lyndon é o trabalho mais ousado da carreira de Stanley Kubrick, desconsiderando-se o épico Spartacus (1960), onde ele atuara sob encomenda do estúdio, desenvolvendo então uma birra jamais abandonada contra a forma de trabalho das grandes corporações cinematográficas. Ultrapassando a marca das 3 horas de duração, há muito de um épico dentro da jornada de Barry Lyndon, personagem central do romance de William Makepeace Thackeray, adaptado pelo próprio Kubrick para a tela grande. O trabalho concorreu a vários Oscar, inclusive o de melhor filme e roteiro adaptado, mas levou somente 4 estatuetas de cunho técnico.

A história do filme se passa na metade do século XVIII, e consiste no retrato da vida de um camponês irlandês (Ryan O'Neal) que emerge da pobreza para a aristocracia européia num caminho tão tortuoso quanto trágico. A primeira parte do filme concentra-se em como um rapaz apaixonado e orgulhoso se vê obrigado a abandonar seu lar e se aventurar no exército em campanhas de guerra através da Europa, até o momento em que ele se casa com uma rica viúva (Marisa Berenson) e adota o nome de Barry Lyndon. O segundo trecho do filme segue sua lenta e amarga derrocada em direção ao esquecimento, passando por uma vergonhosa desestruturação familiar e financeira.

Para acreditar no quão trágico é o declínio de Barry Lyndon, é de fato importante compreender de onde ele veio e o que forçou-o a levar uma vida errante. O triste é constatar que, no final, ele nem de perto lembra o homem que era no início da vida. O personagem central inicia sua jornada imbuído de um forte apelo romântico, o qual é diluído e finalmente dispersado pela acomodação típica do ser humano e sua reação diante das dificuldades enfrentadas. A determinação apaixonada é convertida em apática teimosia, e o herói se descortina como um ser humano dos mais comuns, cuja motivação é moldada, direcionada e filtrada pela narração em off. Um pouco longo demais, a sensação de se assistir ao filme se assemelha à escalada sobre uma montanha: a metade do caminho é o ápice, e o início e o final se equivalem em termos de efêmera inexistência.

Sobretudo belíssimo, Barry Lyndon foi merecidamente reconhecido pelo excepcional trabalho de fotografia, que envolveu ousadas técnicas de filmagem e o uso de luz natural em muitas cenas, como aquelas realizadas à luz de velas. A recriação de época é memorável, com um aspecto épico que transparece facilmente nos trechos que se passam no exército. Há muitas outras passagens carregadas de tensão, mas são particularmente emocionantes as seqüências dos duelos de honra, a primeira entre Barry Lyndon e seu algoz pelo amor da prima, e a segunda entre Lyndon e seu amargurado afilhado. Ryan O'Neal começa seu trabalho de forma meio contida, mas se desdobra numa boa performance. Não há nenhuma outra atuação de maior vulto, já que a bela Marisa Berenson passa relativamente pouco tempo em cena.

O trailer da produção é o único extra presente no DVD lançado pela Warner.

Texto postado por Kollision em 3/Março/2006