Ben-Hur é um dos maiores épicos da história do cinema, produzido com a quantia recorde à época de 50 milhões de dólares. Grandioso em todos os sentidos, atingindo praticamente 3 horas e meia de duração e agraciado com nada menos de 11 Oscar, incluindo aí o de melhor filme de 1959, foi a obra que definiu a cara que os épicos deveriam ter durante boa parte da história da sétima arte.
A história do filme acompanha a vida de Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um espécie de rico príncipe judeu contemporâneo de Jesus Cristo. Ben-Hur é tomado de alegria quando o novo regente romano Messala (Stephen Boyd) chega para assumir seu posto na província da Judéia, pois ele é também seu melhor amigo de infância. No entanto, o conflito surge entre eles quando Messala demonstra cada vez mais estar disposto a subjugar os judeus em nome do império romano, nem que para isso seja preciso renunciar à amizade de longa data com Ben-Hur. Uma fatalidade acaba dando a Messala a oportunidade perfeita para aprisionar o politicamente influente Ben-Hur e mandá-lo como escravo às galés, enquanto sua mãe e irmã são jogadas nas masmorras. A jornada de Ben-Hur não termina aí, já que de alguma forma ele retornará para desencadear sua vingança contra Messala, passando por grandes aventuras no percurso.
Feito para tirar os estúdios MGM do buraco financeiro, Ben-Hur converteu-se instantaneamente num êxito de crítica e público. Baseado num livro escrito no século anterior e transposto para o cinema duas vezes antes em versões mudas, constituiu o relato definitivo das aventuras com aspecto bíblico do judeu que se converte ao cristianismo. Como a história se passa na época em que viveu Jesus de Nazaré, as implicações políticas e religiosas definem grande parte da trama do filme. O próprio Jesus cruza o caminho do herói em dois momentos da história, sem no entanto ter sua face mostrada ou proferir sua voz. As reações das pessoas ao interagirem com Jesus são o único indício com o qual a platéia pode contar. Além dele, há ainda a presença de Pôncio Pilatos, este sim colocado em contato direto com Ben-Hur.
A famosa corrida de bigas, apresentada na parte final do filme e principal confronto entre Ben-Hur e seu algoz Messala, ainda hoje impressiona pela grandiosidade e fluidez com que foi filmada. A emocionante seqüência ainda dá de dez a zero em muita porcaria feita com cgi nos dias atuais. Não é à toa que o filme levou para casa também o Oscar de efeitos especiais.
Valorizado por um elenco excelente, o filme é ainda repleto de passagens memoráveis e diálogos marcantes. Único membro não americano da equipe, a linda israelense Haya Harareet valoriza a obra com sua presença, principalmente em suas cenas românticas com Heston. O trecho final do filme, que se concentra no drama de Ben-Hur à procura de sua mãe e irmã desaparecidas, tem um conteúdo religioso que parece confirmar a impressão de que estamos assistindo a uma história bíblica, muito embora não haja menção alguma a Ben-Hur ou Messala nos livros sagrados. É interessante notar que a escolha original para o papel principal não tinha sido Charlton Heston. Nomes como Paul Newman e Marlon Brando chegaram a ser cogitados, mas Heston acabou ganhando o papel, muito em parte por já haver trabalhado anteriormente com o diretor William Wyler.
O making-of de uma hora traz informações interessantes sobre a obra que deu origem ao filme e as versões cinematográficas anteriores de Ben-Hur. Há ainda uma galeria de fotos, dois trailers de cinema e alguns testes de elenco, inclusive uma interessante amostra de como seriam Messala e Ben-Hur se tivessem sido personificados por Leslie Nielsen e Cesare Danova.
Texto postado por Kollision em 16/Janeiro/2005