Mais do mesmo, ou algo a mais? Um pensamento do tipo é inevitável em se tratando da continuação do mega-evento do verão de 1975 chamado Tubarão. Se pensarmos bem, até que os produtores demoraram bastante para lançar uma seqüência. Nos dias de hoje, o negócio seria bem mais rápido e dinâmico.
Sai Spielberg, entra o francês Jeannot Szwarc. Sai o suspense estiloso, entra um suspense um pouco mais ameno e menos sangrento. Fica a trilha sonora de John Williams, fazendo acompanhamento a Roy Scheider e um punhado de coadjuvantes que também retornam. Quatro anos depois dos eventos mostrados em Tubarão, na mesma ilha de veraneio de Amity, o capitão de polícia Martin Brody (Scheider) se vê subitamente diante de pistas que apontam para outro tubarão à solta nas águas quentes de suas praias. Só que, desta vez, sem o respaldo técnico do oceanógrafo de Richard Dreyfuss, Brody é desacreditado até mesmo por sua própria família, que assiste a derrocada do policial em sua solitária cruzada pela segurança dos banhistas locais. No entanto, as mandíbulas assassinas do novo tubarão e algumas vítimas a mais hão de provar que Brody não está equivocado.
Assim como no primeiro filme, não há nenhuma explicação em si para a origem do tubarão, o primeiro monstro moderno da história do cinema. Ele chega para aterrorizar e ponto. A diferença crucial que paira entre os dois filmes, é claro, consiste na surpresa, que não mais existe no segundo e acaba lhe conferindo uma indefectível desvantagem em relação ao primeiro. Boa parte da equipe responsável pelo roteiro foi mantida, mas sente-se nitidamente a ausência da figura de Steven Spielberg, que desde o início era contra a realização de uma seqüência. Sem ele, o clima da ação na tela se parece demais com uma Sessão da Tarde qualquer, com adolescentes pululando a esmo durante todo o tempo de projeção e uma história que parece se arrastar por tempo demais sem chegar a lugar algum.
Com o impacto diluído pelos muitos filmes de monstro que vieram na cola do sucesso de Spielberg, a verdade é que, apesar de todos os esforços em contrário, Tubarão 2 não consegue ir muito além de uma história requentada. Não é um desastre, mas também não é nenhuma maravilha, principalmente quando comparado ao original. Roy Scheider reprisa seu papel mais à vontade, novamente fazendo contraponto a Murray Hamilton como o obstinado prefeito da cidadezinha ilhada. A presença do tubarão garante alguns momentos de razoável suspense aqui e ali, culminando num clímax inverossímil que deveria ter sepultado a série ali mesmo. E, por mais incrível que pareça, os efeitos especiais do bicho nesta continuação são ligeiramente inferiores aos efeitos do original.
O número de extras do disco digital é até considerável. Há um making-of de 45 minutos, além de dois especiais de pouco menos de 10 min. cada enfocando o compositor John Williams e a visão do filme sob a ótica de um dos atores coadjuvantes (Keith Gordon, na época com 16 anos). Completam o pacote galerias de fotos de produção e storyboards, 4 min. de cenas excluídas, uma rápida explicação do diretor Szwarc sobre a brincadeira lingüística envolvendo a tradução do título Jaws 2 para a língua francesa e quatro trailers, incluindo os teasers das continuações Tubarão 3 e Tubarão 4 - A Vingança.
Texto postado por Kollision em 17/Março/2005