Visto via Netflix em 8-NOV-2018, Quinta-feira
Dominar a atemporalidade e conectar pessoas através dos tempos nunca foi algo fácil de se fazer corretamente no cinema. E mesmo assim Em Algum Lugar do Passado permanece até hoje como um exemplar único cujo romance retratado transcende épocas. Certo dia, um jovem dramaturgo (Christopher Reeve, ainda fresco do sucesso estrondoso de Superman - O Filme) recebe de uma velha senhora um relógio de bolso e palavras que não fazem muito sentido. Anos mais tarde, durante um período atribulado de sua vida, ele se hospeda por impulso num belo hotel e lá se torna obcecado pela foto de uma atriz que teria feito muito sucesso nos palcos há mais de 60 anos (Jane Seymour). Sua fixação é tamanha que ele consegue a proeza de viajar no tempo por meio de auto-hipnose, podendo assim cortejá-la. É visível como o diretor Jeannot Szwarc faz o possível e o impossível para garantir a suspensão de descrença do roteiro fantasioso escrito pelo próprio autor do livro no qual ele é baseado, colocando seus protagonistas numa espécie de conto de fadas perfeito, valorizado pela excelente fotografia e pela trilha sonora marcante de John Barry. As arestas mais surreais da história jamais são sequer sugeridas (Reeve está mesmo no passado ou tudo não passa de um devaneio extremamente detalhado?), ficando toda a apreciação – objetiva ou não – a cargo da plateia. O resultado é muito bom, tendo influenciado muitos longas de temática levemente semelhante. Em tempo: Christopher Plummer encarna o antagonista principal da história com absoluta dignidade.