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Filmes Vistos em Maio - Parte 1

Uma Noite Fora de Série (Shawn Levy, 2010) 7/10

Com: Steve Carell, Tina Fey, Mark Wahlberg, Taraji P. Henson, William Fichtner

Antes de assistir a este filme, tudo o que me vinha à cabeça era uma nova versão das comédias estreladas por Steve Martin e Goldie Hawn. Experimentem trocar as caras, já que a ambientação é praticamente a mesma. Uma Noite Fora de Série acrescenta um pouco de originalidade à fórmula ao retratar uma confusão criada pelos próprios protagonistas (Steve Carell e Tina Fey), que num restaurante lotado decidem tomar as reservas de um casal que aparentemente não apareceu para o jantar. Tudo vira de pernas para o ar quando eles são abordados por dois estranhos e acusados de terem roubado um pen drive misterioso. A seguir vêm as situações mais malucas possíveis, que colocam o casal nas mais variadas sinucas de bico enquanto eles tentam se safar das garras dos bandidos. O diretor Shawn Levy continua a montar seu currículo de mercenário de comédias fáceis e rasteiras. O que não é ruim, de forma alguma. O filme é engraçado e tem muita sorte de ter dois atores com ótimo timing, num roteiro carregado de referências que só os mais aficcionados conseguirão pescar. Gedde Watanabe, por exemplo... Onde andará esta figura afinal? E aposto que teve mais gente que ficou esperando por uma aparição surpresa de Jeanne Tripplehorn em algum ponto do filme...

Um Sonho Possível (John Lee Hancock, 2009) 7/10

Com: Quinton Aaron, Sandra Bullock, Tim McGraw, Kathy Bates, Lily Collins

Verdade seja dita: o único motivo de eu ter assistido a Um Sonho Possível foi o Oscar recebido por Sandra Bullock. Baseado na trajetória real do jogador de futebol americano Michael Oher, interpretado por Quinton Aaron, o filme é uma reconstituição extremamente poetizada de como ele, um rapaz negro, pobre, antissocial e sem perspectivas na vida conseguiu chegar ao sucesso graças à ajuda de uma família abastada que o adotou, em especial a Sra. Leigh Anne (Bullock). Alma caridosa apesar das aparências indicarem exatamente o contrário, ela faz de tudo para ajudá-lo a se educar, abrindo caminho para que o rapaz possa se realizar através do esporte. A história é bonita, enaltecedora ao extremo e obviamente serve de exemplo para todos os que acreditam (ou não) na capacidade inata do ser humano de fazer o bem, de viver sem preconceitos e de confiar no próximo. É uma pena que haja tantas passagens forçadas, como o fato do treinador decidir aprovar Oher apenas por vê-lo jogando dois minutos de basquete e eventualmente colocá-lo no time de football. E transformar alguém com a origem que ele teve num camarada tão Ferdinando também soa como um exagero de caracterização. Pelo menos o filme não descamba para o dramalhão gratuito.

E a atuação de Bullock? Sólida, mas não acho que teve tanta substância assim para um Oscar.

O Mestre dos Desejos - Além da Porta do Inferno (Chris Angel, 2001) 1/10

Com: Jason Connery, A.J. Cook, Tobias Mehler, John Novak, Louisette Geiss

Quando uma ideia que já não era muito fértil atinge o esgotamento e mesmo assim produtores insistem em continuá-la nem que seja para o mercado de vídeo apenas, coisas escabrosas como essa terceira parte da série O Mestre dos Desejos aparecem para assombrar os fãs do cinema de horror. Novamente jogando fora as histórias anteriores, este capítulo reconta a lenda do djinn malvado que é despertado por um humano e precisa conceder-lhe três desejos para trazer o inferno à terra. A protagonista agora é uma adolescente estudante de história (A.J. Cook), e a criatura maligna se apossa do rosto de seu professor mané (Jason Connery). O novo mestre dos desejos passa metade do filme à procura da garota e a outra metade brigando com ela e com o anjo Gabriel, que é invocado (!) para combatê-lo possuindo o corpo do namorado da estudante. Não é apenas a ausência sentida de Andrew Divoff no papel-título que destrói o filme, mas sim a sucessão de imbecilidades de uma história que parece ter sido escrita por um retardado mental. O tal djinn nem mesmo é capaz de fazer seu trabalho corretamente, conjurando coisas que não têm absolutamente nada a ver com os supostos desejos de suas vítimas. Jason Connery, filho do ex-007, passa vergonha no papel, e o pior é que ele se parece muito com Jim Carrey quando tenta ser sinistro ou maléfico. Nem as ocasionais cenas de nudez tiram o filme do ponto morto, talvez porque nenhuma delas inclui a bela Andrea Joy "A.J." Cook (que dois anos mais tarde faria Premonição 2).

Homem de Ferro (Jon Favreau, 2008) 7/10

Com: Robert Downey Jr., Jeff Bridges, Terrence Howard, Gwyneth Paltrow, Shaun Toub

Como era de se esperar, rever um filme de super-herói geralmente acaba revelando com mais clareza as falhas que não somos capazes de assimilar quando estamos naquela empolgação de estreia no cinema. No caso de Homem de Ferro, nem se trata tanto de uma falha, mas sim do compromisso assumido com o realismo (relativamente falando) e a consequente ausência de um vilão de verdade que justificasse o surgimento do herói. O Monge de Ferro de Obadiah Stone (Jeff Bridges) pode ter rendido uma luta legal, mas ao mesmo tempo completamente desnecessária. A nêmesis de Tony Stark é seu próprio legado como fabricante de armas bélicas, e a cruzada que ele empreende para anulá-lo. O que fez o filme funcionar tão bem foi o fato de Stark se descobrir horrorizado com o próprio passado, sem no entanto incorporar a carranca depressiva de poços de autocomiseração como, por exemplo, o Batman. Stark nada em dinheiro, sabe aproveitar a vida, é pegador, é viciado em adrenalina e ainda por cima é um gênio. O filme e o roteiro teriam que ser muito estúpidos para estragar um personagem como esse.

Turistas (John Stockwell, 2006) 4/10

Com: Josh Duhamel, Melissa George, Olivia Wilde, Desmond Askew, Beau Garrett

Depois de todo o rebuliço e da revolta generalizada em relação a Turistas, o suspense maldito feito por uma produtora norte-americana que supostamente denigre a imagem do Brasil, rever o filme é como apreciar uma iguaria de validade vencida. Por um lado, é extremamente divertido ver a forma como uma equipe criativa estrangeira enxerga e retrata alguns dos costumes do país, sejam eles bons ou ruins. Por outro, a violência mostrada em cena nem é tão extrema assim, estando até mesmo ultrapassada por causa dos filmes que vieram em seguida. Politicamente falando, a autocrítica é mais bem assimilada que a crítica, daí o fato de muita gente achar perfeitamente normal o que é mostrado em filmes como Tropa de Elite mas torcer o nariz com força quando algo como Turistas é feito. Não que o filme contenha uma mensagem crítica genuína (ela existe, porém é colocada sem sutileza alguma), mas eu compreendo a revolta de alguns. Sob o ponto de vista narrativo, essa revisão serviu para mostrar as falhas e a falta de ousadia da história em seu terço final, que é estendido além da conta e não consegue entregar um desfecho que agrade. No final das contas trata-se somente de mais um trabalho de ficção, e se ele soa tão assustador para algumas pessoas o que está errado não é a produção do filme, e sim a noção de que o que é nele mostrado (a presença da violência, não o objetivo dela no filme) está mais próximo da realidade do que de fato estas pessoas gostariam de admitir.

Homem de Ferro 2 (Jon Favreau, 2010) 8/10

Com: Robert Downey Jr., Mickey Rourke, Don Cheadle, Gwyneth Paltrow, Sam Rockwell

A direção tomada pela história de Tony Stark (Robert Downey Jr.) em Homem de Ferro 2 é inusitada: como o super-herói na armadura, o cara é alçado a protetor dos Estados Unidos, mas o governo e os militares o pressionam para que ele abra a patente de sua tecnologia. Ele acredita que ninguém mais no mundo está apto a replicá-la, até o dia em que um obscuro desafeto de seu pai (o russo feito por Mickey Rourke) surge disposto a destruir o seu império. Aí está a oportunidade para o concorrente armamentista Justin Hammer (Sam Rockwell) passar a perna em Stark, que padece com a contaminação por paládio que ameaça consumir seu corpo. Obviamente, há muito mais em Homem de Ferro 2 do que acabo de escrever nestas poucas linhas. A variedade presente no filme é tanta que ela é a culpada de uma síndrome peculiar: os iniciados nas HQs da Marvel consideram a continuação igual ao superior ao primeiro filme, enquanto os não iniciados tendem a achá-la inferior. Além dos personagens que retornam e ganham mais participação em cena, como James Rhodes (Don Cheadle substituindo Terrence Howard), Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e Happy Hogan (o próprio diretor Jon Favreau), temos ainda nomes de peso como Viúva Negra, Nick Fury e Máquina de Combate. Eles soam familiares? Se sim, então você pertence à categoria dos iniciados e mal pode esperar pelos projetos seguintes da Marvel, assim como eu. E como é de costume nos últimos filmes da produtora, recomendo que você não saia da sala até o final dos créditos!

Divagações postadas por Edward de 10 a 19 de Maio de 2010