Revisto em DVD em 15-MAI-2010, Sábado
Depois de todo o rebuliço e da revolta generalizada em relação a Turistas, o suspense maldito feito por uma produtora norte-americana que supostamente denigre a imagem do Brasil, rever o filme é como apreciar uma iguaria de validade vencida. Por um lado, é extremamente divertido ver a forma como uma equipe criativa estrangeira enxerga e retrata alguns dos costumes do país, sejam eles bons ou ruins. Por outro, a violência mostrada em cena nem é tão extrema assim, estando até mesmo ultrapassada por causa dos filmes que vieram em seguida. Politicamente falando, a autocrítica é mais bem assimilada que a crítica, daí o fato de muita gente achar perfeitamente normal o que é mostrado em filmes como Tropa de Elite mas torcer o nariz com força quando algo como Turistas é feito. Não que o filme contenha uma mensagem crítica genuína (ela existe, porém é colocada sem sutileza alguma), mas eu compreendo a revolta de alguns. Sob o ponto de vista narrativo, essa revisão serviu para mostrar as falhas e a falta de ousadia da história em seu terço final, que é estendido além da conta e não consegue entregar um desfecho que agrade. No final das contas trata-se somente de mais um trabalho de ficção, e se ele soa tão assustador para algumas pessoas o que está errado não é a produção do filme, e sim a noção de que o que é nele mostrado (a presença da violência, não o objetivo dela no filme) está mais próximo da realidade do que de fato estas pessoas gostariam de admitir.
O DVD tem como extras 11 cenas excluídas/estendidas, um especial de 10 minutos sobre os efeitos de maquiagem, trailer e também os trailers de Dor e Ódio, Lassie (2005), Lições de Vida e Amigo Imaginário.
Visto no cinema em 12-MAR-2007, Segunda-feira, sala 2 do Multiplex Pantanal
A água parece ser o habitat natural do diretor John Stockwell, de A Onda dos Sonhos e Mergulho Radical. A praia agora é diferente, brasileira e cavernosa. E o tema é uma guinada de 180° em relação aos seus trabalhos anteriores. Para os brasileiros o filme soa ainda mais divertido, vendo tanta gente falando português carioca e inglês com sotaque. Outra faceta que chama a atenção é o fato do vilão, um médico carniceiro com boas intenções, ser interpretado por um ator de novelas (Miguel Lunardi).
O ufanismo bobo e mal-orientado dos brasileiros é infundado, uma vez que o filme ao menos fica na média como um trabalho de terror que segue a linha de O Albergue (Eli Roth, 2005), uma das crias mais famosas da onda deflagrada a partir da refilmagem O Massacre da Serra Elétrica (Marcus Nispel, 2003). O desenvolvimento de personagens é decente para os filmes americanos do tipo, e a única cena pesada mesmo não vai muito além do que os espectadores do canal Discovery Health vêem com freqüência. Os fanáticos sedentos por gore também não vão ficar insatisfeitos. Só aquele diálogo engraçadinho no final é que não encaixa, assim com a música de Adriana Calcanhoto que encerra o filme. Em tempo: outra figurinha brasileira fácil da trilha é Marcelo D2, que dá "a voz" com pelo menos umas 3 músicas.