Cinema

Tropa de Elite

Tropa de Elite
Título original: Tropa de Elite
Ano: 2007
País: Brasil
Duração: 118 min.
Gênero: Policial
Diretor: José Padilha (Tropa de Elite 2, Robocop [2014])
Trilha Sonora: Pedro Bromfman (Alucinados)
Elenco: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Milhem Cortaz, Fernanda Machado, Fábio Lago, Paulo Vilela, Fernanda de Freitas, Thelmo Fernandes, Maria Ribeiro, Emerson Gomes, André Mauro, Marcelo Valle, Erick Oliveira, Ricardo Sodré, André Santinho
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 10/10

Revisto em DVD em 7-MAR-2011, Segunda-feira

Acho que foi somente depois desta revisão, feita após uma sessão da ótima continuação, que percebi algo que não parece muito evidente dado o falatório em torno do bafafá envolvendo o Capitão Nascimento, personagem icônico feito por Wagner Moura. O protagonista da história não é bem Nascimento, mas sim um de seus protegidos. Nascimento tem um arco definido logo que o filme começa, mas o mesmo não pode ser dito daquele que deve substituí-lo, um de dois melhores amigos que ingressam no Bope ao mesmo tempo (Caio Junqueira e André Ramiro). A ideia de que Nascimento é um super-heroi, de fato adequada ao segundo longa, também não se aplica aqui, uma vez que ele está fragilizado por ataques inconstantes de estresse minimizados por medicamentos que nunca são explicitamente discriminados. Independente do posicionamento da plateia (a favor ou contra os métodos do Bope), a discussão suscitada pelo filme conduz a um círculo vicioso que somente pode ser quebrado quando pessoas como os mocinhos da história se dispõem a fazer algo para mudar o sistema, mais ou menos como ocorreu recentemente no violento episódio da pacificação do Complexo do Alemão. Só para constar, eu sou a favor. Missão dada é missão cumprida, e bandido bom é bandido morto.

O DVD tem como extras pouco mais de meia hora de entrevistas com elenco e equipe técnica, dois trailers e uma galeria de fotos.

Visto no cinema em 17-OUT-2007, Quarta-feira, sala 6 do Multiplex Pantanal

Acredito que toda a polêmica sobre o fato do BOPE (Batalhão de Oerações Policiais Especiais) ter tentado impedir o lançamento deste filmaço em circuito comercial é assombrosamente infundada. Quem deveria ter se enervado é a categoria da PM, essa sim esculachada com gosto, tanto por ser incompetente quanto corrupta. Tropa de Elite é tão intenso quanto Cidade de Deus, o petardo que de uma forma ou de outra abriu caminho para o filme de José Padilha e atraiu a atenção para a realidade das metrópoles dominadas pelo crime, em especial o Rio de Janeiro.

Agora quem vai falar aqui sou eu, pessoa, não o cinéfilo: o capitão Nascimento não é um herói. Mas é o que o Brasil e, em especial, a bandidagem precisa. Não dá mais para manter o código de ética bonitinho que deveria nortear a conduta dos bons e faz a alegria dos vagabundos que ficam em porta de presídio e de cadeia defendendo os "direitos humanos" de marginais incorrigíveis. O capitão Nascimento sabe como fazer as coisas funcionarem e, se instituições como o BOPE tiverem ao menos uns três como ele, já dá para acreditar que existe uma fagulha de esperança para a dignidade de uma sociedade apodrecida.

Não vou escrever nada sobre o roteiro ou a história, que é ótima, editada com classe, bem interpretada e fadada a gerar muita discussão. Basta dizer que é cinemão de qualidade, capaz mesmo de chocar quem não vive ou desconhece aquela realidade. Uma realidade que, na vida real, é muito pior do que a retratada no filme. Eu procuro sempre me lembrar disso.