Revisto em Blu-Ray em 17-JUN-2011, Sexta-feira
Na revisão ficou claro o quanto Tropa de Elite 2 é um filme classudo, que consegue ser profundamente contundente ao conciliar os conflitos pessoal, profissional e político do coronel Nascimento, em mais uma icônica interpretação de Wagner Moura. Confirmei a percepção de que a sequência é bastante diferente do primeiro filme, ancorando-se nele graças aos ótimos personagens. A catarse proporcionada pela surra aplicada num político corrupto não perde nada de sua força na tela pequena, e aposto que não deve haver uma alma nesse país que não vibre quando tal cena é exibida. Ela é a passagem mais celebrada de todo o cinema nacional das últimas décadas:
Será que é pedir muito esperar que Padilha e Wagner Moura revisitem este universo? Não precisa ser agora, pode ser daqui a alguns anos... Seria fantástico!
Os extras do blu-ray se resumem a 13 minutos de cenas de bastidores e entrevistas e trailer de cinema.
Visto no cinema em 14-OUT-2010, Quinta-feira, sala 3 do Rondon Plaza Shopping
Em vista do sucesso estrondoso do primeiro Tropa de Elite, retomar os personagens numa continuação era nada menos que uma responsabilidade assombrosa, felizmente assumida com garra pelo diretor José Padilha. Na nova história, que se passa quinze anos após os eventos anteriores, o capitão Nascimento (Wagner Moura) se tornou secretário de segurança do Rio depois de um episódio polêmico envolvendo seu protegido Matias (André Ramiro) e um ativista dos direitos humanos (Irandhir Santos), que com o tempo acaba se torna seu principal antagonista ideológico. Trabalhando sob uma nova perspectiva, Nascimento lentamente percebe que seu trabalho no Bope conduziu o Rio a uma situação talvez mais caótica do que o tráfico de drogas que ajudou a dizimar, uma malha de corrupção e extorsão envolvendo tanto a polícia quanto políticos de grande influência. A vida pessoal de Nascimento também não anda bem, pois ele se separou da esposa e não consegue se entender com o filho adolescente.
Realizado com a mesma competência técnica de antes, Tropa de Elite 2 é inteligente por não recorrer aos mesmos cacoetes e bordões da primeira história, desenvolvendo um conflito totalmente novo. Dito isso, a narração em off do capitão Nascimento é talvez a única coisa que soa um pouco excessiva. No mais, a atmosfera desta vez é outra, poderia-se dizer que ela é mais abrangente, e definitivamente mais complexa. O Bope, como instituição, não passa de um coadjuvante, dando lugar às milícias de bairro, a complôs políticos e a operações que resultam em grandes mudanças nas trajetórias dos personagens. Co-autor do roteiro, Padilha cutuca com vontade inúmeras feridas sociais relacionadas ao tema principal, como a ineficiência e a corrupção generalizada da polícia, o controle da mídia em época de eleição, a honestidade no ambiente político e a polêmica dos direitos humanos para bandidos. E é impressionante perceber como todos, seja dentro da tela de cinema ou diante dela, vibram e aplaudem quando um bandido ganha o que merece pelas mãos do capitão Nascimento. Afinal, para a população, bandido bom é bandido morto.