Revisto em Blu-ray em 8-MAI-2010, Sábado
Como era de se esperar, rever um filme de super-herói geralmente acaba revelando com mais clareza as falhas que não somos capazes de assimilar quando estamos naquela empolgação de estreia no cinema. No caso de Homem de Ferro, nem se trata tanto de uma falha, mas sim do compromisso assumido com o realismo (relativamente falando) e a consequente ausência de um vilão de verdade que justificasse o surgimento do herói. O Monge de Ferro de Obadiah Stone (Jeff Bridges) pode ter rendido uma luta legal, mas ao mesmo tempo completamente desnecessária. A nêmesis de Tony Stark é seu próprio legado como fabricante de armas bélicas, e a cruzada que ele empreende para anulá-lo. O que fez o filme funcionar tão bem foi o fato de Stark se descobrir horrorizado com o próprio passado, sem no entanto incorporar a carranca depressiva de poços de autocomiseração como, por exemplo, o Batman. Stark nada em dinheiro, sabe aproveitar a vida, é pegador, é viciado em adrenalina e ainda por cima é um gênio. O filme e o roteiro teriam que ser muito estúpidos para estragar um personagem como esse.
O primeiro disco da edição dupla em Blu-ray inclui um especial de 47 minutos que mostra toda a cronologia do personagem nos quadrinhos, 11 cenas excluídas/estendidas e uma galeria com as armaduras que aparecem ao longo do filme. O disco extra vem com um making-of de praticamente duas horas de duração, um especial de meia hora sobre os efeitos especiais, alguns testes de cena de Robert Downey Jr., um ensaio entre ele e Jeff Bridges, uma palhaçada rápida sobre a transformação do trailer do filme num longa-metragem, quatro galerias de fotos, desenhos de produção e pôsteres e quatro trailers.
Visto no cinema em 1-MAI-2008, Quinta-feira, sala Moviecom 3 do Rondon Plaza Shopping
A nova era da Marvel como um estúdio de cinema autônomo começa bem com Homem de Ferro. Isso é fato. Os mais atentos notarão ainda muitos detalhes que dão uma idéia do plano maior que a gigante das HQs está tecendo para suas produções futuras. E finalmente o estado da tecnologia atual permite que filmes como este sejam realizados sem qualquer resguardo na área de efeitos especiais.
Para os não iniciados, o Homem de Ferro é o alter-ego de Tony Stark, um gênio cientista que é também um rico e inveterado playboy, dono de uma empresa que fabrica armas bélicas para a defesa nacional dos EUA. A história acompanha o período anterior ao surgimento do herói, e passa pelo processo de conscientização de Stark. O pano de fundo político-econômico é um ponto extremamente positivo do roteiro, que intercala a dinâmica da HQs e a necessária seriedade com competência. O tratamento dos coadjuvantes também é bem feito, como no exemplo de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow): finalmente uma secretária que vai além do estereótipo e pensa construtivamente!
Há um senso de humor ácido que permeia o filme, inclusive em sua cena de encerramento. Mesmo que algumas das seqüências de ação exalem um óbvio tom de exibicionismo e o inimigo do herói demore para entrar em cena, Homem de Ferro agrada e se aproxima dos melhores trabalhos inspirados em personagens da Marvel já feitos.