A graça que vocês lêm hoje começou a ser feita há 5 anos atrás, e este post existe para comemorar o momento!
Eis as tradicionais estatísticas cinéfilas anuais deste que vos escreve:
Número de filmes assistidos | |||
No cinema | Em DVD | Total | |
2004-2005 | 44 (23%) | 152 (77%) | 196 |
2005-2006 | 70 (30%) | 161 (70%) | 231 |
2006-2007 | 87 (32%) | 186 (68%) | 273 |
2007-2008 | 91 (38%) | 149 (62%) | 240 |
2008-2009 | 63 (35%) | 118 (65%) | 181 |
Fiquem agora com algumas impressões sobre os filmes que eu assisti antes de viajar. Vou estar escrevendo algo sobre a viagem para colocar no ar nos próximos dias!
O Retorno dos Malditos (Martin Weisz, 2007)
Com: Michael McMillian, Jessica Stroup, Jacob Vargas, Daniella Alonso, Lee Thompson Young
Saber que Wes Craven participou ativamente da concepção desta sequência da refilmagem de um clássico idealizado pelo próprio me deixou impressionado, e infelizmente não no bom sentido. Eu costumava xingar distribuidores por entubar filmes e mandá-los direto para o varejo ao invés de exibi-los nos cinemas, mas neste caso eu engulo o sapo e aplaudo a decisão. O Retorno dos Malditos não merecia a honra de uma tela grande, já que chafurda nos clichês mais recorrentes dos slashers sem ter história alguma pra contar. É uma contagem de corpos sem novidades onde a diversão da plateia está em adivinhar quem morre em seguida e em que momento a loirinha (Jessica Stroup) ou a moreninha (Daniella Alonso) serão estupradas pelos deformados da vez, que têm como motivação adicional o desejo de "perpetuar a espécie". Não existe diferencial algum que valha a pena ser mencionado, e mesmo as cenas que deveriam ser mais polêmicas (como o estupro) são filmadas de forma decepcionante. A comédia de risos amarelos surge inadvertidamente e não chega nem perto de compensar o roteiro vazio e na maior parte do tempo estúpido. Quer sequência decente para filme de terror recente? Confira O Albergue 2, esse sim injustamente ignorado.
As Minas do Rei Salomão (J. Lee Thompson, 1985)
Com: Richard Chamberlain, Sharon Stone, Herbert Lom, John Rhys-Davies, Ken Gampu
De todos os inúmeros clones que surgiram no rastro de Indiana Jones no cinema na década de 80, Alan Quatermain é provavelmente um dos mais famosos. O personagem não é uma criação original, e suas aventuras foram escritas por Henry Rider Haggard no final do século 19. Esta é uma das várias versões deste material para o cinema, e traz como maior desvio em relação ao texto original a presença de um general nazista (Herbert Lom) obcecado com os tesouros perdidos do rei Salomão na África. Aliado a um mercenário local (John Rhys-Davies), ele captura um pesquisador que detém o segredo da localização das minas. Sua filha (Sharon Stone) contrata então o aventureiro Quatermain (Richard Chamberlain) para ajudá-la a encontrá-lo. O baixo orçamento proporcionado pelo grupo Cannon é parcialmente disfarçado pela direção do experiente J. Lee Thompson, mas é inevitável não notar o quanto o filme envelheceu. Às vezes ele se arrasta, em outras os efeitos especiais machucam a ação e, à medida em que o filme se aproxima do fim, os absurdos aumentam proporcionalmente. Chamberlain consegue manter um carisma adequado aos pastiches de Sessão da Tarde, mas a curiosidade maior é ver Sharon Stone em estágio pré-fama. O verdadeiro bônus, no entanto, é a trilha sonora de Jerry Goldsmith, que mistura a grandiosidade de um John Williams com os timbres de ação que lembram o que o próprio Goldsmith compôs para a série Rambo.
O Exterminador do Futuro - A Salvação (Joseph McGinty Nichol, 2009)
Com: Christian Bale, Sam Worthington, Anton Yelchin, Moon Bloodgood, Bryce Dallas Howard
Será que James Cameron imaginava, nos idos de 1984, que sua criação despretensiosa chegaria a uma terceira sequência e com fôlego para mais filmes depois deste? Em A Salvação, a mitologia do exterminador continua mais forte que nunca no ano 2018, num cenário dominado pelas máquinas e patrulhado às escondidas por focos de resistência parcialmente liderados por John Connor (Christian Bale), o alegado "salvador da raça humana". Ele continua sua busca pelo pai Kyle Reese (Anton Yelchin), então apenas um adolescente, mas o reaparecimento de um assassino condenado à morte (Sam Worthington) cuja origem está ligada à Skynet pode representar a diferença entre vitória e derrota. McG, o diretor, não quis arriscar nenhuma das graças que melaram a sua fama em outros filmes, compondo um trabalho opressivo que lembra demais Matrix, Transformers e Mad Max. Em hipótese alguma um fã de ficção científica que se preze poderá desabonar tal aspecto do filme, mas ajudaria um pouco se Christian Bale não fosse tão antipático. Eu adoraria se tivessem mantido Nick Stahl no papel. Bryce Dallas Howard, coitada, nem consegue mostrar qualquer serviço, já que sua personagem foi transformada numa inútil. Apesar deste quarto filme não manter a coesão narrativa de seus antecessores, ele traz passagens acachapantes com ótimos efeitos visuais e uma extraordinária edição de som. Não faz feio, e com certeza abre o caminho para mais exemplares de uma franquia agora francamente apocalíptica.
Em Busca do Ouro (Charles Chaplin, 1925)
Com: Charles Chaplin, Mack Swain, Georgia Hale, Tom Murray, Henry Bergman
Eis que o vagabundo atrapalhado se transforma em mineiro e vai ao Alasca tentar a sorte na tal corrida do ouro. Pelo caminho ele encontra ursos, bandidos, um amigo mineiro e uma moça pela qual se apaixona. Emblemático e obrigatório dentro da obra de Charles Chaplin, Em Busca do Ouro mantém um frescor que transcende os limites do cinema mudo, com todas as características que fizeram do seu cinema um marco, da comédia pura ao drama tragicômico. O filme também é um dos mais ambiciosos da carreira de Chaplin, contendo algumas passagens de grande escopo e fazendo uso extensivo de efeitos e trucagens óticas que funcionam muito bem. É aqui que aparecem a famosa dança dos pãezinhos e a sequência em que um esfomeado enxerga Carlitos como uma apetitosa galinha.
Em Busca do Ouro seria relançado na década de 40, em nova edição com 20 minutos a menos, sem letreiros e com narração do próprio Chaplin. Este é o corte principal que vem no DVD da Warner, mas a versão original de 95 minutos está devidamente incluída no disco extra. Na minha opinião é ela que deve ser vista, pela pureza do cinema mudo e pelo charme inerente ao modo de se fazer cinema na década de 20.
Divagações postadas por Edward em 30 de Junho de 2009