El Retorno del Hombre-Lobo (Jacinto Molina, 1981)
Com: Jacinto Molina, Silvia Aguilar, Azucena Hernández, Julia Saly, Beatriz Elorrieta
A.K.A. The Night of the Werewolf ou The Craving – Se há um personagem definitivamente associado à persona de Jacinto Molina aka Paul Naschy, ator espanhol de filmes de horror que depois de anos de experiência passou também a ser diretor, trata-se do lobisomem. Mais precisamente, do recorrente personagem Waldemar Daninsky, protagonista de uma série de filmes estrelados por Molina que aparentemente não têm nenhuma relação de continuidade entre si. El Retorno del Hombre-Lobo coloca Daninsky como um ressuscitado lobisomem medieval que está às turras com a condessa vampira Elisabeth Bathory (Julia Saly), que deseja escravizá-lo após ter sido também revivida graças às tramóias de uma cientista ambiciosa (Silvia Aguilar). A história torna mais do que evidente a superioridade narrativa e estilística que os vampiros possuem sobre os lobisomens, já que o filme só ganha algum brilho quando as criaturas das trevas estão em cena. O lobisomem, por sua vez, ganha um interesse amoroso forçado e se coloca dentro de uma vergonhosa redoma de tragédia. A narrativa se arrasta em vários trechos, mas pelo menos há bons momentos marcados por banhos de sangue e um belo elenco feminino para agradar aos olhos – pena que o nível de nudez desta vez seja mínimo.
Os Reis da Rua (David Ayer, 2008)
Com: Keanu Reeves, Forest Whitaker, Chris Evans, Hugh Laurie, Naomie Harris
Quando o excelente Dia de Treinamento (Antoine Fuqua, 2001) ganhou os holofotes da mídia graças ao Oscar de melhor ator conferido a Denzel Washington, o gênero dos filmes policiais ganhou um novo fôlego – especialmente aqueles ambientados em Los Angeles, o caldeirão étnico preferido de nove entre dez cineastas que resolvem se arriscar no gênero. As possíveis similaridades entre Dia de Treinamento e Os Reis da Rua devem-se a David Ayer, roteirista do primeiro e roteirista/diretor do segundo. E sua melhor qualidade como criador, a habilidade em borrar a linha divisória entre o certo e o errado, continua a impregnar a história do truculento policial feito por Keanu Reeves, que lentamente deixa a letargia de poder em que vive quando um ex-colega e então desafeto é vítima de uma execução. O sentimento de que há muita sujeira por debaixo dos panos é destilado ao longo do filme com uma dose considerável de violência e tensão, enquanto Forest Whitaker e Hugh Laurie duelam em lados opostos de uma briga que vai colocar Reeves em xeque-mate. Com outra ótima trilha sonora de Graeme Revell e uma ambientação decente, o longa é imperdível para os fãs do gênero. Só lembrando que, como disse Michael Clarke Duncan quando encarnou o Rei do Crime, ninguém é inocente. Ninguém.
Meng Gui Cha Guan (Jeffrey Lau, 1987)
Com: Jacky Cheung, Ricky Hui, Chan Ga-Chai, Fat Chung, Billy Lau
A.K.A. The Haunted Cop Shop – Esses chineses malucos são pirados mesmo. Ou talvez seja culpa dos anos 80 que este “terrir” exista. Parâmetros de unidade narrativa nunca foram lá grande preocupação para a maioria dos filmes asiáticos de horror pré-2000, e este aqui não foge à regra. Próximo da realização de uma festividade local, um distrito policial passa a ser assombrado por um vampiro japonês que se suicidou (!) ali no passado. O ser das trevas vampiriza o preso mais imbecil da cadeia, e coloca dois parceiros não muito espertos (Jacky Cheung e Ricky Hui) numa saia justa para convencer seus superiores e sua nova chefe (Chan Ga-Chai) de que criaturas do além estão infestando o lugar. Há muita palhaçada em cena, variando do pastelão ao humor negro, mas o pacote também inclui passagens tenebrosas, como os vampiros que atacam gado num curral e a vampira que fica trancada com um dos heróis num quarto de hospital. A história é barata como poucas, mas o ritmo alucinante não deixa tempo para pensar muito sobre ela. O fato é que, pelo menos como curiosidade, The Haunted Cop Shop (que tem uma continuação com o mesmo elenco) merece uma espiada. As cenas da cueca na cabeça e da posição corporal "anti-vampiro" valem a sessão.
Awake - A Vida por um Fio (Joby Harold, 2007)
Com: Hayden Christensen, Jessica Alba, Terrence Howard, Lena Olin, Christopher McDonald
Awake é um belo exemplo de filme com um excelente trailer, daqueles que praticamente te obrigam a ir vê-lo se você gosta de obras de suspense. Lá dá para se ter uma idéia boa da história, que gira em torno de um paciente (Hayden Christensen) que permanece desperto durante uma cirurgia e ouve tudo o que os médicos dizem. Só então ele descobre que o cirurgião e seu melhor amigo (Terrence Howard) tem intenções nada profissionais em relação ao paciente. Orbitando a tragédia estão a namorada do rapaz (Jessica Alba) e sua mãe super-protetora (Lena Olin). Abstrações parapsicológicas à parte, o roteiro vai bem até o momento em que decide desvendar todo o mistério e transforma um dos personagens num Sherlock Holmes moderno e altamente eficiente... A história não precisava disso, e poderia ter se desenvolvido melhor após a cena que encerra o filme. Para piorar, Hayden Christensen está péssimo e vai se confirmando como ator de uma cara só. E para quem insiste em lhe dar crédito, só com muita sorte é que ele algum dia poderá evoluir para um novo Keanu Reeves.
Almas Reencarnadas (Takashi Shimizu, 2005)
Com: Yûka, Karina, Kippei Shiina, Tetta Sugimoto, Shun Oguri
Uma coisa que só ao rever este filme eu finalmente pude notar é que, como em muitos outros longas de terror orientais da mesma laia, a base para todo o conflito que permeia a história de Almas Reencarnadas é a maldade humana, pura e simplesmente. Alguém faz uma coisa muito ruim a outra pessoa, e alguém paga o pato ou se ferra sem conseguir solucionar nada. Peguem os maiores sucessos dos últimos anos, por exemplo: O Chamado, O Grito, Espíritos e por aí vai... Almas reencarnadas é ambicioso porque contém uma história de personagens que convergem para um foco sobrenatural originado por um assassinato em massa ocorrido décadas no passado. A garotinha da capa do DVD foi uma das vítimas. Confuso a princípio e talvez contido demais dentro da cultura nipônica, o filme perde a força na tela pequena mas ainda incomoda com seu desfecho trágico.
Os Caçadores da Arca Perdida (Steven Spielberg, 1981)
Com: Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman, John Rhys-Davies, Denholm Elliott
1936. “Indiana” Jones, um professor americano e também arqueólogo que vive à procura de raridades para os museus dos Estados Unidos, é contactado pela alta inteligência do país para investigar e interceptar uma exploração dos alemães nazistas cujo objetivo é obter a arca da aliança, que supostamente contém as placas dos dez mandamentos e possui poderes destrutivos indescritíveis. Em seu caminho está um rival inescrupuloso (Paul Freeman) e um amor da juventude (Karen Allen).
Quando Steven Spielberg realizou este filme, ele praticamente redefiniu o gênero da aventura para a década de 80, e com um herói que estranhamente caiu no gosto de público e crítica apesar de seus feitos serem ambientados na primeira metade do século. A maior qualidade do roteiro, portanto, está aí: atemporal, sendo praticamente impossível situá-lo em cenas isoladas, não fosse pelas menções históricas - que neste caso recaem sobre o nazismo e seus esforços maquiavélicos para dominar o mundo. Esta primeira jornada de Indiana Jones estabelece o personagem e solidifica algumas das marcas registradas do modo Spielberg de dirigir (personagens que se aproximam da câmera em momentos-chave, composições de silhuetas contra panoramas abertos e épicos), mas é a menos ambiciosa e mais fraca das três primeiras aventuras. O grau de envolvimento dos personagens, por exemplo, demora a se estabelecer a princípio. Mas depois do trecho da escavação no Egito o filme entra em regime permanente, e o resto é só diversão. Nesta e em todas as demais aventuras do professor arqueólogo.
Indiana Jones e o Templo da Perdição (Steven Spielberg, 1984)
Com: Harrison Ford, Kate Capshaw, Ke Huy Quan, Amrish Puri, Roshan Seth
Um ano antes dos eventos de Os Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones se meteu numa enrascada das boas ao sair de Xangai num ato desesperado, desta vez em companhia do ajudante mirim (Ke Huy Quan) e de uma cantora americana cheia de frescuras (Kate Capshaw). O tal templo da perdição é onde os três vão parar, ao tentar ajudar um povoado indiano a recuperar um artefato mágico roubado por um marajá inescrupuloso. Ao contrário do que aconteceu no primeiro filme, desta vez a ação é ininterrupta e vai desde os créditos iniciais até o último frame de filme, raramente dando algum tempo para que o espectador possa respirar. A química entre Harrison Ford e a belíssima Kate Capshaw funciona que é uma beleza, sendo que ambos contam com o ajudante mirim mais famoso desde que os Goonies apareceram em cena: Ke Huy Quan. Não se engane e nem tenha medo, pois este é o melhor da série: cinema de entretenimento oitentista da melhor estirpe, empolgante, romântico, engraçado e violento na medida certa.
Ichi - O Assassino (Takashi Miike, 2001)
Com: Tadanobu Asano, Nao Omori, Hiroyuki Tanaka, Shinya Tsukamoto, Susumu Terajima
Quando um chefão de uma gangue da Yakuza é assassinado de forma brutal, os bandidos locais passam a sofrer a interferência constante do matador, que atende pelo simples nome de Ichi (que em japonês significa o número 1). Kakihara (Tadanobu Asano), o principal capanga da primeira gangue atingida, é um lunático masoquista de rosto mutilado que inicia uma campanha destrutiva para encontrar o assassino de seu mestre, cuja identidade secreta é a mais improvável possível. Takeshi Miike é quem dirige este filme, então esteja avisado sobre o nível de violência crua e gore ao qual você ficará exposto. Infelizmente, o descompasso entre a caracterização dos personagens e a balbúrdia de matança, tortura, misoginia e sadismo é enorme: praticamente todos são mentalmente instáveis, anormais e imprevisíveis, o que torna a trama ainda mais complicada do que já é. Achei a fotografia soturna demais e meio deficiente – ou excessivamente estilizada – no que diz respeito à iluminação. Também com uma duração que passa do aceitável, Ichi - O Assassino me passou a impressão de uma bagunça sanguinolenta mal engendrada, com psicopatas demais em cena e que no final das contas não faz muito sentido sob nenhum dos pontos de vista que tenta abordar em seus diferentes personagens.
As Crônicas de Spiderwick (Mark Waters, 2008)
Com: Freddie Highmore, Sarah Bolger, Mary-Louise Parker, Joan Plowright, David Strathairn
O sub-gênero da fantasia infantil tem sido bastante fértil nestes últimos anos, graças ao sucesso inicial de Harry Potter e O Senhor dos Anéis. As Crônicas de Spiderwick se distancia um pouco de seus compatriotas ao se aproximar mais tematicamente de O Labirinto do Fauno. Assim como no filme de Del Toro, seres mágicos se escondem nas imediações da morada do protagonista, um garoto rebelde (Freddie Highmore), constantemente desacreditado pelo irmão gêmeo, pela irmã e pela mãe. Ao descobrir um livro proibido escrito por seu tataravô (David Strathairn), ele libera forças ocultas que atraem a ira do ogro da floresta e colocam todos em risco. Bastante movimentado e apoiado por ótimos efeitos visuais, o filme é divertido, tenso e conta com um dos desfechos mais decentes já vistos em trabalhos do estilo. Basta não esperar por nada muito espetacular.
Transformers (Michael Bay, 2007)
Com: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Jon Voight, John Turturro
Rever Transformers numa tela de TV é uma experiência um pouco desanimadora, no sentido que agora ficou mais fácil visualizar as falhas da história, que estão lá basicamente para garantir sobrevida aos excepcionais efeitos especiais. O filme é uma obra atípica, pois o tema é tão único e os efeitos tão convincentes que eles praticamente soterram as suas falhas e o transformam numa experiência fascinante: ou seja, trata-se do cinema pipoca superlativo, obrigatório nem que seja para que se possa assistir a um admirável trabalho técnico injustamente preterido na última cerimônia do Oscar (o longa foi inexplicavelmente derrotado na categoria de efeitos visuais por A Bússola de Ouro). O excesso de personagens humanos em cena quase atrapalha o show dos robôs alienígenas – Autobots e Decepticons – mas a diversão é garantida.
O DVD duplo da Paramount vem com uma faixa de comentários em áudio de Michael Bay acompanhando o longa no primeiro disco, que contém ainda um teaser da produção e o trailer de Homem de Ferro (acessíveis somente após o término do filme). O disco adicional tem cerca de 2 horas de material de making-of, além de um trecho de 8 minutos com ênfase na cena do Scorponok no deserto, uma galeria de desenhos de produção animada de dois minutos, dois trailers e o mesmo teaser que aparece no primeiro disco.
Divagações postadas por Kollision de 3 a 5 de Maio de 2008