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Férias em L.A. - Semana 3

Around the World...

17/Abril - Domingo

Um ponto de ônibus na frente dos estúdios da Warner foi o cenário do curta de David, nosso colega da terra de Alain Prost, e eu fui o Assistant Camera da vez. Até que ele conduziu o filme rápido, talvez porque ele era o único ator de sua própria produção. Em menos de três horas já estávamos com o material desmontado e prontos para ir pra casa.

Hoje é, basicamente, o marco da metade do programa da NYFA. Creio que daqui pra frente as coisas tendem a andar mais rápido, no que diz respeito às aulas e à realização e finalização dos projetos.


18/Abril - Segunda-Feira

O principal tópico do dia foi a fotografia em cores, com detalhes técnicos sobre tipo de filme, filtros, iluminação, etc. As palestras sobre roteiros continuaram, agora concentrando-se na estrutura de três atos e na elaboração de roteiros de longa-metragem. Concluí também uma das tarefas mais legais desde que o curso começou: a edição dos filmes que meus dois companheiros de grupo fizeram na quinta-feira passada, no workshop de produção.

Câmera Arriflex 16S em um de nossos filmes. O cartaz de A Casa de Cera (House of Wax) pode ser visto à esquerda

Câmera Arriflex 16S em um de nossos filmes. O cartaz de A Casa de Cera (House of Wax) pode ser visto à esquerda

E já comecei a escolher a música que estarei usando no meu projeto final. Tive uma idéia hoje para mais uma comédia, vamos ver se consigo amadurecê-la até o fim de semana.


19/Abril - Terça-Feira

Não posso evitar uma leve sensação de desânimo, após ficar na escola até quase 11 da noite editando meu segundo projeto. Tirando o fato da idéia ter sido um pouco equivocada, passei por alguns maus bocados agora há pouco. Ao pegar a minha filmagem crua, por exemplo, descobri que estava faltando todo o meu primeiro rolo. O pessoal da escola correu daqui, correu dali, e duas horas depois o material apareceu, não sei de onde. Para estragar de vez minha sessão de edição, meu computador teve um mau contato e desligou sozinho lá pelas tantas, e eu tive que refazer boa parte do meu árduo trabalho do período. Nem preciso mencionar que um dos rolos estava com exposição deficiente ('underexposed') e outro com sobre-exposição ('overexposed'). Algumas tomadas ficaram boas, mas uma grande parte me decepcionou bastante. Também me decepcionei com o desempenho da minha atriz principal, mas eu já devia suspeitar após ela ter dito que não era muito fã desse tipo de gênero (terror).

A verdade é que não fiquei nada satisfeito com o resultado do meu filme. Não dá para se fazer nada quanto a alguns erros aberrantes de continuidade, mas vou tentar fazer alguma coisa para melhorar o produto final amanhã, na segunda seção de edição. Se eu puder transformar tudo numa comédia à la "Ed Wood" já terá sido de bom tamanho.


20/Abril - Quarta-Feira

Hoje foi o dia mais ocupado de todo o curso, com palestras e trabalhos das 9h00 até as 23h00! Na aula de direção assistimos aos trabalhos do grupo realizados no workshop de produção da semana passada, inclusive os meus cortes aplicados aos filmes dos colegas. À tarde conduzimos mais um exercício de iluminação, e descobri que não sou só eu que acha essa parte o aspecto técnico mais chato ao se fazer filmes... O enfoque da última aula de screenwriting foi sobre o início e o final dos filmes, incluindo aí trechos selecionados de Tootsie, Clube da Luta, E.T. - O Extra-Terrestre, Negócio Arriscado e Trainspotting.

Equipe filmando DV (Digital Video) em cenário da Europa nos estúdios Universal

Equipe filmando DV (Digital Video) em cenário da Europa nos estúdios Universal

Terminar o trabalho de edição do meu segundo projeto consumiu o resto do meu dia. Intitulado Candy from a Stranger, o curta acabou tendo pouco mais de três minutos, com um resultado bastante insatisfatório. Não gostei da atuação da garota, não gostei da minha cobertura em algumas cenas, fui relapso com relação ao enquadramento das inserções... Enfim, a proposta inicial era fazer um pequeno thriller, mas infelizmente sou obrigado a incluir esse meu trabalho na categoria comédia, de tão tosco que ficou.


21/Abril - Quinta-Feira

Vislumbrei um beco sem saída enquanto caminhava para a NYFA pela manhã. Eu não tinha absolutamente nenhuma idéia para o nosso segundo workshop de produção, que acabou sendo realizado no cenário da Europa (típicas casas e ruelas que qualquer um encontraria em algum vilarejo longínquo do velho mundo). Acabei bolando algo cinco minutos antes de chegar ao set! Tive sorte ao conseguir uma atriz permanente, mas nosso ator tinha que ficar indo e vindo em dois projetos. Além disso, nossa câmera não queria rodar o segundo rolo de filme, e acabamos perdendo um tempo precioso com isso. Resultado: minha pequena montagem com perseguição terminou de ser rodada às 2h30 da tarde, e era visível o desâmino da equipe com o sol alto e a ausência constante do meu ator principal. Isso com certeza deve acontecer de vez em quando em sets de longa metragem, e foi interessante sentir o problema na pele.

Logo depois tivemos uma sessão especial para apreciação dos nossos segundos projetos, aberta a críticas dos colegas e do nosso instrutor de direção. Começamos pela galera de Filmmaking e suas histórias em P&B. A reação do público à minha pequena obra-de-merda foi melhor do que eu esperava, mas o que importa é que EU fiquei extremamente desapontado com meu desempenho. Houve um trabalho que realmente se destacou em relação aos outros, até com uma certa, espontânea e merecida ovação natural nos aplausos finais: a comédia do colega das Filipinas que faz o programa de Digital Filmmaking (filmado em cores) e, ironicamente, está aqui só por absoluta diversão!

Ademais, trabalhei seriamente nos storyboards para meu projeto final, que estarei filmando no Domingo.


Cenário da estação de trem, num dos exercícios de continuidade

Cenário da estação de trem, num dos exercícios de continuidade

22/Abril - Sexta-Feira

Em ritmo de término de aulas, as últimas explicações do instrutor de produção foram dadas hoje. Ele passou as principais idéias por trás da organização profissional da produção de um longa-metragem. E adivinhem quem ele usou como exemplo do que NÃO fazer durante a produção de um filme? Sim, ele, Ed Wood, o pior cineasta de todos os tempos. E qual filme? Sim, o clássico, Plano 9 do Espaço Sideral! Acho que leigo algum faz idéia do trabalho que dá fazer um filme! Agora que eu sei como as coisas são, tenho certeza que meu modo de assistir filmes está mudado para sempre.

Tive que fazer uma nova peregrinação pelos sebos que achei por aqui para procurar uma música para meu projeto de fim de semana... Árduo trabalho pela frente!


23/Abril - Sábado

As filmagens de Rupesh, o cineasta inglês da turma, terminaram um pouco depois do almoço. O que fiz a seguir foi meio inesperado e atípico: eu e meus companheiros aceitamos participar do filme do nosso colega filipino como extras. Sei lá como ele conseguiu nos convencer a dar uma de atores, mas até que foi divertido.

Churrasco americano da turma à noite, com hambúrgueres e salsichas. Nada mais americano que isso. Vi alguns camaradas ficarem bêbados e super engraçados, e passei apuro ao voltar para casa no carro de um francês bêbado às 2h30 da manhã. Foi bacana, mas minha maior preocupação era se minha equipe e meus atores estariam bem para fazer o meu filme no domingo.

Texto postado por Kollision em 23/Abril/2005