Refilmagem de um filme semi-clássico dos anos 70, A Vingança de Willard é a primeira experiência na direção de Glen Morgan, colaborador habitual de Chris Carter e um dos diretores de vários episódios da série Arquivo X, ao lado de James Wong (O Confronto, A Premonição). Traz o excêntrico Crispin Glover (o eterno George McFly de De Volta para o Futuro) no papel central, que era para ter sido originalmente de Doug Hutchison (o irritante Percy Wetmore de À Espera de um Milagre) e chegou a ser recusado por nomes díspares como Mark Ruffalo e Macauley Culkin.
Willard é um cara introvertido ao extremo, que não tem amigos e trabalha de favor na firma que um dia fôra do seu pai. É oprimido em casa pela mãe insuportável e no trabalho pelo chefe tirano, que insiste em humilhá-lo diante de todos. Enfim, um palerma completo. Quando, certo dia, ele descobre ter uma empatia e um certo controle sobre os ratos que se acumulam em seu porão, uma nova porta se abre para possíveis retaliações contra aqueles que tornam sua vida um inferno.
Crispin Glover parece ter nascido para ser Willard. Seu personagem é tão patético que chega a irritar, sendo algo como um George McFly elevado ao quadrado. Apesar de Glover entrar no papel de forma excepcional, o filme não consegue atingir completamente seu intento. É em alguns momentos muito parecido com uma das fábulas concebidas por Tim Burton (particularmente devido à ótima fotografia e à trilha sonora eficiente de Shirley Walker), mas falha em conduzir o tema de forma mais agressiva nas cenas que realmente interessam, sendo este conceitualmente um filme de terror. Personagens mal aproveitados, como Cathryn, a recém-chegada ao escritório que tenta estabelecer contato com o recluso Willard (a bela Laura Elena Harring, de Cidade dos Sonhos), não acrescentam nada à história. O show fica mesmo para os ratos, que são de fato uma graça em cena.
O filme foi um fracasso retumbante de bilheteria, frustrando todos aqueles que esperavam um resultado bombástico de uma idéia tão legal. Infelizmente, o diretor Glen Morgan cedeu à pressão do estúdio e das exibições-teste com resultado negativo, diminuindo o nível de gore do filme e alterando seu final, a fim de obter uma classificação PG-13 nos EUA e atrair a platéia adolescente aos cinemas. Não dá para não imaginar que, se não fosse por isso, talvez o resultado tivesse sido muito diferente.
O DVD contém um extenso making-of de 73 min. que abrange todas as etapas da produção e é bastante eficiente ao mostrar o trabalho de Morgan e da equipe, inclusive detalhando as alterações no filme feitas pelo diretor e mencionadas acima. Um dos making-of mais sinceros e transparentes já vistos no mercado. As cenas excluídas mostram parte do material que foi deixado de fora e dão uma idéia do que o filme poderia ter sido, com seu final original e cenas de ataques dos ratos contendo muito mais sangue e violência (e com uma tomada de Laura Harring no banheiro que é simplesmente demais). Há ainda um documentário de 18 min. sobre os ratos e seus defensores/detratores, o videoclipe da música Ben, clássico do grupo Jackson 5 regravado por Crispin Glover para o filme (!!!) e trailers de Freddy vs. Jason, Uma Turma do Barulho, Dicionário de Cama e Amor à Toda Prova.
Texto postado por Kollision em 25/Julho/2004